03 [ beyond the love - choni ]

By chxnidale

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》 sequência de better together 《 O casamento não é um conto de fadas, você precisa lutar e sofrer muito pelo... More

Casamento
Minha mulher
Eu vou ficar com o cachorro
Aquisição e conversas
Jantar, crise e divórcio
Maeve Wiley
Você está lenta hoje
Festa surpresa
Nós três gostamos de rosa
Meu único amor
Matando a saudade
Carência
Team Topaz
Estresse
Madrinhas da Gracie
Estamos bem?
Loucura momentânea
Monotonia
Conselhos
Boa sorte
Rotina de campeã
Tempestade em Seattle II
Quebre meu coração novamente
Ex-petacular
Quartos separados
Visitas
Nossa casa
Porque você é o motivo
Gracie Spellman Scratch
Aniversário de casamento I
Aniversário de casamento II
Pessoas preferidas
Não estamos prontas
Chamadas perdidas
Tudo certo
Mackenzie Dern
Pool party
Tudo bem se for assim?
Dr. Montgomery
Luto I
Luto II
Reencontro
Penelope Blossom
Padrinhos e nomes
Nascimento
Maldição quebrada?
Nunca mais vou amar de novo
Além do amor
Etapas
Bonus I - Dia das mães
Bonus II - Costumes e Hábitos 01
Bonus III - Costumes e Hábitos 02
Bonus IV - Primeiro sábado do mês
Bonus V - Halloween!
Bonus VI - Faltas e Castigos
Bonus VII - Lion
Bonus VIII - A Última Luta 01
Bonus IX - A Última Luta 02
Bonus X - A Última Luta 03
Bonus XI - A Última Luta 04
Bonus XII - Nossa História
Bonus XIII - Vida Materna

Tempestade em Seattle I

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By chxnidale

Cheryl B. Topaz – Point Of View

O meu último encontro com Toni novamente terminou em briga, tenho a sensação de que todas as vezes que nos vermos será assim porque simplesmente fazemos de tudo para machucar uma a outra, parece uma competição para ver quem é mais orgulhosa.

Sai de Los Angeles em um domingo, hoje já é sexta-feira e fazem cinco dias que voltei para nossa casa, não definitivamente porque com certeza terei que analisar como ficaremos quando ela retornar, mas voltei porque sentia falta do Leo – por incrível que pareça, e da Debora, principalmente da sua comida. 

A escola é um saco sem a Sabrina, porém diferente da semana passada sem que ao menos percebesse minha interação com Maeve estava normalizada. Juro que mal notei, porém em um dia não olhava em sua cara e no outro estávamos rindo de uma foto de nossa amiga com a barriga de oito meses, pés inchados e bochechas enormes. 

Ela não sabe sobre meu tempo com Toni, na verdade... Não por mim, só que todos na escola perceberam que a semanas a lutadora não pisa mais no meu local de trabalho, que passo mais trabalhando do que em casa então, ocorre alguns boatos entre os funcionários, mas ela em momento nenhum me perguntou ou se aproveitou disso, não até hoje.

— O que você vai fazer depois do expediente? 

Maeve estava sentada na cadeira a minha frente, pirulito na boca e postura que lhe daria muitas dores na coluna. Fazia apenas alguns minutos que tinha a repreendido por deixar os pés em cima de minha mesa. 

— Descansar, o trabalho tem se tornado em dobro sem a Sabrina. 

Respondi sem tirar os olhos de uma papelada que organizava.

— A gente poderia fazer algo... – ouvi o estalar de seu pirulito saindo da boca. — Podemos visitar aquela grávida insuportável.

— Maeve. – a encarei. — Estou exausta, só quero minha cama e um café.

— Só isso? – ela fez um beiço. — Que tal a companhia de uma loira? Aliás, loiras são ótimas em fazer massagem para relaxar.

Sugeriu, sorrindo de canto.

— Passo. 

Desviei nossos olhares voltando a atenção aos papéis. 
Ouvi um riso baixo de Maeve e não me importei quando vi de relance a mesma levantar de seu lugar, mas deveria porque veio para minhas costas e não demorei a sentir suas mãos em meus ombros iniciando uma massagem.

— Você está tensa, ruiva.

Pressionei os lábios, fechando os punhos sobre a mesa e tentando de todas as formas negar o quanto aquele toque dela era bom. Respirei fundo uma, duas, três... Incontáveis vezes enquanto batalhava internamente comigo sobre continuar recebendo aquela massagem ou para-la. Não havia nada de mal, certo? Mas... Diabos, é tão bom que sinto meu pescoço automaticamente se remexer enquanto fecho os olhos.

— Gostoso? 

O sussurro de Maeve veio bem em meu ouvido, arrepiando-me dos pés a cabeça e quase sentindo seus lábios tocarem minha orelha. Estalei o olhar, um misto de completamente excitante e totalmente errado se apossando de minha mente.

— Chega! 

Meu tom saiu alto, as mãos bateram contra a mesa e elevei o corpo obrigando Maeve a retirar as suas de mim. A mais nova tinha um sorriso nos lábios quando voltou para a frente de minha mesa, os ombros balançando em uma falsa inocência.

— Está me desconcentrando, preciso terminar aqui e ir embora. 

— Uhn, ainda te desconcentro? 

Sua pergunta era regada de malícia.

— Só vai, o seu turno já acabou e não tem porque estar aqui. 

— Tudo bem. – levantou as mãos em sinal de rendimento. — Mas minha massagem ainda está disponível quando quiser. – piscou para mim. — Bom final de semana, ruiva... Pensa em mim. 

Atirou-me um beijo antes de sair pela porta de minha sala.

Cai com o corpo sentada na cadeira, as mãos cruzadas e a testa apoiada nas mesmas. Soltei o ar com força, espalmando as mãos em meu rosto e quase não me reconhecendo. Não sei o que poderia acontecer se me deixasse levar, só que definitivamente não deveria. Estou dando um tempo com Toni, mas não significa que podemos ficar com outras pessoas e não me perdoaria se a magoasse dessa maneira.

×××
 


A minha cabeça está uma confusão, talvez todos saibam disso porque ao mesmo tempo que amo a minha mulher com todo coração, fico tentada a minha ex que convive diariamente comigo. Não sei dizer como isso aconteceu, quando comecei a me interessar por Maeve, ver nossas brincadeiras com outros olhos e sentir meu corpo reagir, mas acontecia. 

Me sinto uma idiota por deixar minha mente me trair dessa maneira, porém tenho que ser sincera ao dizer que passei boa parte do final de semana pensando na loira, nos seus toques e cheiro. Bom, com certeza ainda a teria em minha cabeça se não fosse pela chegada de Toni no final do domingo.

Eu não estava a esperando, tanto que fazia companhia para Lion no lado de fora da nossa casa, brincando um pouco com o mesmo para gastar suas energias. 
— Hey. 

O meu olhar prontamente procurou a dona da voz que chamava nossa atenção e lá estava ela... Toni se mantinha parada na entrada dos fundos da casa acima dos pequenos degraus que davam para a piscina, ela vestia um conjunto moletom que a parte de cima deixava sua barriga de fora, os cabelos rosas caídos se destacando no tecido preto. 

Suspirei, estática em meu lugar enquanto observava um Lion desesperado correndo até ela e por um momento senti inveja do nosso cachorro, também queria ir até Toni, lhe encher de beijos e dizer o quanto senti saudades, mas depois da briga em Los Angeles mal sei como reagir.

— Ei, garoto. – ela agarrava o rosto do labrador que pulava em seu corpo. — Ah, eu também senti saudade! Muita. 

O seu sorriso para o animal era lindo, de forma que me fez sorrir junto pela interação dos dois, naquele momento só desejava que pudéssemos voltar a ser como antes, felizes e como uma família.

— Ele incomodou, Cheryl? 

Meu olhar encontrou o seu.

Ela estava falando diretamente comigo, Toni agora estava sentada nos degraus, Lion ao seu lado com a cabeça no colo dela e ganhando carinho. Me pergunto quanto tempo fiquei os encarando como uma psicopata. 

— Não. – franzi o nariz, minhas pernas automaticamente andaram em sua direção. — Quer dizer...

Parei a frente deles e encarei o cachorro que tinha o olhar mais pidão do mundo.

— Ele aprendeu a abrir a porta da academia. – apontei para a porta de vidro a alguns metros de nós. — E acabou encontrando um novo brinquedo favorito.

— Na academia? 

Franziu a testa. 

— É... Um par de luvas suas de boxe que encontrei apenas os pedaços de uma, a outra deve estar escondida em algum lugar da casa.

— Lion! 

Repreendeu o animal usando de uma falsa irritação.

— Você lembra que combinamos de não destruir minhas coisas? 

— Oh, agora entendi... – cruzei os braços, abrindo a boca. — O Leo sempre destruiu as minhas coisas, sapatos, bolsas... Você ensinou.

Acusei a morena que levou a mão ao peito.

— O que? Claro que não, Cheryl. – defendeu-se. — Ele tinha preferência pelas suas só... 

Riu ao final, não sustentando a mentira. 

— Toni! 

Usei meu tom de repreensão, mas não aguentando e rindo junto da mesma. Lion balançou o rabo freneticamente, ele parecia feliz em nos ver juntas e não duvido que tenha pegado as luvas para ver se Toni voltava... Se foi, deu certo porque fez isso hoje.

— Isso me lembra de quando ficávamos juntos aos domingos, ele deveria amar... 

A morena falou, o olhar em Lion enquanto acariciava seu pelo amarelo. Estava ai algo que me incomodava, o fato de Toni prometer que os domingos seriam em família, mas no final não cumprir. Sei que houve as brigas, mas ela poderia pelo menos ficar em casa demonstrando que se importava com o nosso dia.

— Ah sim, ele deve ter adorado aqueles todos domingos. – o meu tom era irônico, Toni me encarou. — Foram quantos mesmo? Três no máximo?

— Cheryl... 

— É melhor eu ir.

Anunciei, percebendo que entraríamos em uma discussão. 

— Espera. – ela me segurou antes que adentrasse a casa, olhei para a morena. — Me desculpe por não insistir em nossos domingos como prometi. 

— Tanto faz, já passou. 

Dei de ombros, Toni suspirou.

— Você não precisa ir, podemos ter nosso domingo. – sugeriu, os castanhos estavam inseguros. — Fica pra jantar?

Pediu.

Olhar para Toni e ver aquele rosto adoravelmente fofo me pedindo para ficar era inegável. Ela me tinha inteiramente quando usava de seus castanhos piedosos, a cabeça inclinada levemente para o lado e tom beirando a manha. Estou convivendo com a lutadora a muitos anos e poucos momentos a vi assim, demonstrando seu lado melancólico.

— Eu fico. 

Respondi, um sorriso brincando no canto de meus lábios e Toni continha o seu sorriso enquanto desvencilhava a mão que segurava meu braço, ela não me soltou até ter a resposta parecia com medo que fugisse.

— Mas não quero comida comprada. – exigi, ela arqueou as sobrancelhas. — Quero que você cozinhe.

— Cheryl. – gemeu em insatisfação. — Sério?

— Muito! Se não, é melhor jantar em minha casa.

Toni revirou os olhos.

— Sua casa é aqui

Corrigiu-me.

O seu tom era firme como se soubesse que mais cedo ou mais tarde estaria de volta, o meu pressentimento era o mesmo e esperava que não demorasse porque ouvi-la dizer com tanta segurança aquecia meu coração dando-me ilusões de um futuro muito melhor.

— Vamos entrar, me diz o que quer comer hoje. 

— Humm... – fingi pensar enquanto adentrava a casa junto dela. — Macarrão com queijo está ótimo pra mim.

— Ok, você facilitou minha vida e agradeço por isso.

Ela sorriu para mim, balancei os ombros em resposta.

Ficar sentada em nossa cozinha enquanto a observava preparar o jantar era uma sensação muito boa, me lembrava os velhos tempos e quando não brigávamos. Toni sempre fez de tudo para me agradar inclusive cozinhar em momentos que só queria ficar deitada ou descansando, eu amo isso nela. Minha esposa faz todas minhas vontades sem reclamar, está a disposição para qualquer pedido meu e por vezes, só de me olhar já sabe o que quero. 

Nós temos intimidade, nos conhecemos com a palma da mão, sabemos exatamente o que a outra deseja... Ou pelo menos sabíamos, é inacreditável pensar que três meses conseguiu – quase, nos destruir, abalar nossa relação e nos tornar estranhas. É um bom aprendizado pra aproveitarmos mais o nosso tempo, as coisas boas e os momentos que compartilhamos como agora.

— Ficou uma delicia. 

Elogiei a lutadora após algumas garfadas. 

Sentadas de frente para a outra em uma mesa, dividíamos uma refeição e pode acreditar, não lembro a última vez que comemos juntas. 

— Tenho que concordar, aliás... É incrível estar fora da dieta. 

— Como foi em Los Angeles? 

A encarei, curiosa com a semana que passou lá.

— Agitado como sempre. – deu de ombros, concentrada em comer. — Mas foi bom para ocupar minha cabeça, sabe? 

Encarou-me, assenti. 

— Claro. 

— E a esco... – forçou a garganta, desviando nosso olhares. — A Sabrina, como está a gravidez?

— Não está mais trabalhando, faz alguns dias que não visito porque a cada dia que passa está mais difícil de lidar... Tenho pena do Nick. 

Ri ao final assim como Toni.

— Ele é um guerreiro com certeza. 

Concordei iniciando uma sequência de histórias sobre Sabrina grávida de alguns meses atrás. A noite foi divertida, nós conseguimos manter a conversa sem brigar ou discutir por bobagens, as duas se esforçaram para manter um clima bom e era isso que precisávamos. 

A despedida foi um pouco embaraçosa, tínhamos um misto de querer continuar com não é a hora certa. Eu queria voltar, o mais rápido possível, mas tivemos um momento bom em meio a todos os outros ruins, ainda precisamos de um tempo, mas sinto que cada vez menor. 
 

Toni Topaz – Point Of View

Coloquei em prática o conselho da minha mãe, lutar por minha esposa e não joga-la nos braços de sua ex. Domingo tivemos um momento incrível juntas, tanto que me lembrava de quando estávamos bem e nos entendíamos. Tirei dois dias para ver como a Team Topaz estava e após minha vitória o nosso movimento aumentou ainda mais. Tive que tirar muitas fotos, dar autógrafos, a atenção e admiração que recebia das pessoas me deixava feliz. Após o resultado do meu exame não aparecer nada, estava bem mais tranquila para comemorar a vitória.

No terceiro dia fiquei em casa, aproveitando da companhia de Lion e percebendo o quanto sentia falta de Cheryl junto de nós. Até pensei em visitar Nicholas e Sabrina, havia uma certa saudade dos dois que também eram meus amigos, de ver como anda a vida ao lidar com uma gravidez. 

Diferente do que pensava e imaginava fazer, em vez de fazer uma visita acabei recebendo, mas também não eram os amigos que desejava ver, aliás foi uma surpresa avistar Betty em minha porta.

— Oi, campeã! 

O sorriso em seu rosto era enorme. 

— O que está fazendo aqui? 

Franzi a testa enquanto trocava um abraço e beijo na bochecha. A última vez que nos vimos nem faço ideia de quando foi, mas lembro de trocarmos mensagens perto da luta e a mesma dizer que não poderia comparecer porquet tinha muito trabalho, compreendi, é claro, nunca é fácil se deslocar para outra cidade apenas para um evento.

— Não posso visitar minha melhor amiga? 

— Você deveria estar trabalhando, são... Sei lá, cinco da tarde? 

Perguntei enquanto fechava a porta atrás de mim, caminhando com Betty para a sala. A mesma sentou no sofá, largando a bolsa enquanto me encarava.

— Anda cuidando meus horários? 

— Só achei estranho. 

Dei de ombros, sentando ao seu lado. 

— Como você está? O que tem feito?

 — Betty, voltei de Los Angeles domingo, você sabe... 

Estreitei o olhar.

— Arg! – bufou. — Ok, dona Katy me ligou. 

Confessou. 

— Só podia. – revirei os olhos. — O que ela te contou?

— O que você deveria me contar, Topaz. – estalou um tapa em meu braço, acariciei o local resmungando. — Provavelmente só me ligaria quando assinassem o divórcio, não é? Ou saberia pela mídia, porque se depender da minha melhor amiga...

— Tudo bem, desculpa. – levantei as mãos em rendição. — Preferi não conversar com ninguém e descontar nos treinos. 

— Toni, você e Cheryl são o último casal de Riverdale, será que aquela cidade nos amaldiçoa até hoje?
 
Levou a mão ao queixo fingindo pensar, ri negando.
— Olha, a gente ainda não separou...

— Ainda? Então, vocês vão? 

O seu tom alterou.

— Na verdade, não sei, B... Ela não falou com todas palavras, mas deu a entender que está mexida com a ex. 

— Pelo menos foi sincera. – deu de ombros. — E te deu a chance de saber que está competindo com outra pessoa.

— Mas não deveria estar competindo com ninguém, nós estamos juntas...

— Toni, presta atenção.

Interrompeu-me, colocando a mão em minha coxa e fixando o olhar no meu. Cruzei os braços, puxando o ar e preparando-me para o discurso que viria.

— A Veronica sentia muitas coisas que não me contava, ela queria ter liberdade de explorar a profissão e eu só conseguia ver que não tinha tempo para mim. Se soubesse que o desejo dela era ir para outros lugares, ter novas experiências... Talvez tentasse apoia-la e lutaria por nós, entende? – assenti. — Fui egoísta, pensei somente em mim e chegamos no divórcio, agora ela está longe, correndo perigo e fico pensando como seria se nós tivéssemos lutado mais uma pela outra. 

— Porém Veronica não estava interessa em outra mulher.

— Se fosse hoje e ela estivesse, eu a faria se interessar somente por mim novamente porque com toda sinceridade do mundo Toni... O Jughead é incrível, nós temos um bom convívio, mas sabemos que servimos mais como melhores amigos. – suspirou fundo. — Meu coração ainda é da Veronica, sempre vai ser e me amaldiçoou todo dia por deixa-la ir. 

— Porra, Betty. 

Murmurei ao ver lágrimas nos olhos da loira. 

— Desculpa, ando muito sensível... 

Enxugou o rosto, afastando-se um pouco.

— Pensei que estivesse gostando do Jug.

— Gosto, mas nada é igual era com ela, entende? A Veronica é o amor da minha vida, Toni. Nada vai me tirar isso da cabeça, se pudesse ia correndo atrás dela.

— Oh, merda, me sinto tão... – mordi os lábios. — Sei lá, me deu uma dor no peito. 

Coloquei minha mão sobre o mesmo, sentindo os batimentos acelerados, a força que batia contra minha palma... Porra, estava doendo. 

— Deve ser porque está imaginando se fosse com você, se estivesse arrependida de não ter lutado por seu amor. 

— Não, é que... – encarei minha amiga. — Arg, é diferente, a Cheryl disse que a sufoco e... 

— Toni, a Veronica me falou coisas muito piores e eu mais ainda. No calor do momento a gente fala até que não ama, mas depois se arrepende como estou agora. – respirou fundo, a mão deslizando para meu ombro. — Deveria ir atrás da sua mulher, mostre o quanto a quer e deseja, que fará de tudo para serem felizes juntas. 

— Betty, eu não sei...

— Aprendi que é melhor se arrepender de algo que fez do que algo que não fez, se fosse você ia até a Cheryl agora mesmo! E rápido, porque a qualquer momento o mundo pode cair sobre Seattle. 

Incentivou-me, apertando meu ombro em sinal de apoio e abrindo um pequeno sorriso. Betty nunca foi a fã numero um da minha esposa, mas sabe o quanto é importante para minha felicidade, que Cheryl é a mulher que sempre fez meu coração bater com mais vontade, e talvez estivesse certa: Melhor me arrepender do que fiz, não do que não fiz.

×××

 
Depois da saída de Betty da minha casa, me vi pilotando a moto em direção a escola. O tempo estava feio, os noticiários avisavam da tempestade que se aproximava de Seattle, e com certeza tomaria um banho, mas não me importava, não se convencesse Cheryl a voltar para casa. O horário da escola havia acabado, mas Debora comentou comigo o quanto a mesma tem trabalhado, que chegava mais tarde em casa por causa da ausência de Sabrina. 

E lá estava eu, adentrando a escola em passos lentos e inseguros, a recepcionista não estava mais ali e o silêncio indicava que talvez mais nenhum funcionário estivesse. Com as mãos enfiadas no bolso da jaqueta caminhei para sua sala reparando na porta entreaberta e ouvindo alguns múrmuros. Os meus pés estacionaram quando reconheci a voz da Maeve, me movendo apenas para ter uma das visões mais dolorosas de todas. 

Cheryl estava encostada em sua mesa, Maeve posicionada a frente de seu corpo, uma mão na cintura e a outra segurando o queixo da ruiva. Fechei os olhos por alguns segundos, desejando que estivesse em um pesadelo, mas quando os abri novamente e elas estavam na mesma posição... O meu coração doeu. A minha esposa se mantinha parada com as mãos espalmadas no peito da maior enquanto a loira tinha os lábios próximos, pronta para beija-la. Fiquei assistindo por no máximo trinta segundos, não sei, talvez tivesse perdido a noção do tempo, e com certeza não estaria para presenciar o resto. 

Eu sai da escola sentindo pingos fortes, um alto trovão se misturou com o som do soluço que saía por entre meus lábios. Quando coloquei o capacete percebi que era tarde demais para tê-la de volta ou tentar ter, para corrigir os erros e perdoar os seus. A partir de agora ela realmente havia conseguido me magoar, a gente deu um tempo, mas não terminamos... Nunca a trairia, nunca faria algo que a machucasse tanto como o que está me destroçando nesse momento. 

Acelerei minha moto, as lágrimas caíam, o meu corpo era molhado pela chuva que veio forte. A visão da estrada se tornou ruim, péssima, o temporal e o meu choro pioravam tudo. Seria um milagre chegar em casa inteira fisicamente, mesmo que por dentro já estivesse completamente quebrada.

×××

[ Como que fala mesmo?

Ah, é...

Postei e sai correndo.

🏃‍♀️🏃‍♀️🏃‍♀️💨 ]

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