❲ adultos fazem negócios ❳
Mansão Armstrong - 1977
DAPHNE AURORA ARMSTRONG não recordava a última vez que via em seu reflexo um brilho contente no olhar. Não diria que era uma garota triste, entretanto, não saberia dizer o que realmente era. Seu vestido escuro de alça fina chamava total atenção para um lindo colar banhado a ouro em seu pescoço, uma herança de família. Se não fosse pela maquiagem forte, sua pele pálida como sempre, seus olhos claros e cansados e sua feição indiferente para tudo e todos denunciariam uma postura treinada pelos seus progenitores para o dia que finalmente estava chegando.
Havia acabado de fazer seus dezesseis anos e tudo estava prestes a mudar. Daphne começava a temer o caminho que iria seguir a partir dali. Temia não por fazer parte dos planos do Lorde das Trevas, mas sim por não ter realmente conhecimento sobre o que aconteceria a seguir. Sabia apenas de um fato indiscutível: sua vida pertenceria à ele a partir do momento que recebesse a Marca Negra. E tudo o que Richard Armstrong esperava para levá-la ao mestre era o seu chamado.
Enquanto isso não acontecia, Daphne ouviu sua mãe chamar, ela não tardou a descer as escadas da mansão, observando que, naquele mesmo instante, a porta da enorme sala era aberta e um casal e um adolescente adentravam no local, sendo recebido por Felicity e Richard Armstrong.
O rapaz, após cumprimentar o casal receptivo, observou a jovem descer as escadas. De longe era perceptível a classe e orgulho daquela garota. Regulus Arcturus Black a reconheceu de primeiro olhar: Daphne Armstrong, uma sonserina orgulhosa, assim como ele.
Se estava surpresa por vê-lo, a menina sequer demonstrou. Passando por ele com um simples aceno de cabeça, cumprimentou Walburga e Orion Black com uma imensidão de educação.
─ Fico feliz por finalmente conhecê-la, Daphne ─ disse a senhora Black, ganhando sorrisos gentis dos três Armstrong.
─ É uma honra para mim ─ respondeu Daphne educadamente, assim como seu pai, sem precisão alguma, havia lhe pedido há horas atrás.
Richard jamais lhe contou seus planos. Mas Daphne era uma adolescente inteligente e desconfiada, e, mesmo querendo negar isso para si mesma, sabia o que os Black estavam fazendo em sua casa naquela noite, antes de sua iniciação como Comensal da Morte.
Tudo pela pureza do sangue.
Nem os Black nem os Armstrong falaram realmente sobre o que vieram tratar uns com os outros na frente dos adolescentes. O jantar ocorreu da forma mais natural possível entre as duas famílias puro-sangue.
Daphne e Regulus raramente se falavam em Hogwarts e mesmo que pertencessem a mesma casa não pertenciam ao mesmo grupo de colegas. Então, ficando tão perto ─ principalmente após Felicity pedir para o garoto sentar ao lado da filha ─ entregaria dificuldades para ignorar a existência um do outro como faziam no Castelo.
─ O que acha de ir tomar um pouco de ar fresco com Regulus, querida? ─ Richard sugeriu no fim do jantar, entregando um olhar que Daphne conhecia muito bem, o olhar que dizia que ele não estava pedindo.
Quando a garota fez menção de se levantar, Regulus Black agiu, a ajudando a arrastar a cadeira. Não podia negar que havia ficado confusa, isso não era mesmo necessário, mas não demorou a aceitar com todos os quatro a mesa os observando.
Na direção do corredor, Daphne ouviu Felicity elogiar todos os passos de Regulus para os pais do garoto, igualmente faziam Orion e Walburga sobre a única filha dos Armstrong. Ao desaparecerem de vista dos adultos, os dois adolescentes imediatamente pararam de sorrir.
─ Não precisava fazer isso ─ disse Daphne, abrindo a porta dos fundos da casa, onde foi apresentado um jardim bem cuidado.
─ Você acha que eu queria fazer? ─ Regulus perguntou retoricamente ─ Isso não era preciso. Pelo visto você consegue sair da mesa sozinha.
─ Eu consigo fazer muitas coisas sozinha ─ a garota retrucou.
Toda a educação e calmaria que haviam mostrado no jantar parecia ter sumido. Eram apenas dois adolescentes sendo os mesmos um com o outro. Regulus a observou colocar a mão por baixo de uma mesa no centro de algumas cadeiras. Eram para reuniões da matriarca e algumas amigas, apesar de raramente isso acontecer.
Felicity Louise Armstrong costumava fumar escondida do marido e da filha. Richard fazia o mesmo. Eles não sabiam, mas Daphne tinha plena consciência do segredo dos dois.
A jovem tirou uma pequena caixa de cigarro e um isqueiro de baixo da mesinha. Regulus continuou a observando, um pouco surpreso e inquieto, quando a garota acendeu e tragou com facilidade.
─ Você deve saber quais os planos deles, sim? ─ ela perguntou, sem olhar para ele quando se sentou numa das cadeiras.
─ Você também ─ Black estufou o peito enquanto em pé, observando o belo jardim. Tudo para não encarar Daphne.
─ Eu permito que olhem para mim, Black ─ disse ela, agora o encarando e estendendo uma mão com o cigarro aceso.
Regulus hesitou por alguns segundos, mas aceitou. Não sabia porquê, mas não queria demonstrar uma pose tão correta perto de Daphne. Assentindo, ele sentou defronte a garota e fumou pela primeira vez na vida.
Armstrong colocou um sorriso zombeteiro no rosto quando Regulus começou a tossir. Mesmo assim, ainda mantinha a postura.
─ Me pediram para fazer aquilo ─ Black explicou, depois de tossir uma última vez e entregar o cigarro de volta à menina. ─ Querem que eu seja um cavalheiro.
─ Diga para os seus pais que eu gosto de garotos esnobes e nenhum pouco educados ─ disse ela, Regulus imediatamente a olhou surpreso. Daphne riu, esperava essa reação vindo do garoto engomadinho, que possuía uma postura impecável e vestia roupas caras. ─ Eu estou brincando, realmente não me importo.
─ Eu também não.
Ela tragou novamente e Regulus estudou seu rosto por alguns segundos, principalmente seus cabelos ruivos e brilhantes. A menina ofereceu outra vez o cigarro para ele, que aceitou. Armstrong observou a porta dos fundos ser aberta e Black imediatamente jogou o cigarro no chão, pisando e o apagando.
Os dois jovens levantaram na mira dos olhares dos quatro adultos que sorriam como se não houvesse amanhã.
Qualquer que fosse os negócios que os Black vieram fazer com os Armstrong, obtiveram sucesso.
prólogo publicado com sucesso e nervosismo! então, o que acharam?
confesso que eu até gostei. acho que consegui mostrar um pouco da personalidade dos dois da maneira que eu desejava.
por favor, se gostou não esqueça de seu voto e seu comentário. de verdade, isso me ajuda e me anima muito!!! muito obrigada e até o primeiro capítulooo!
order in chaos!
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