— Não consigo me mexer! — Walter se assustou ao tentar mover o corpo agora congelado pelo poder de Dave, que o olhava fixamente com seus olhos luminosos.
________________________________________
Grace correu e se jogou no chão atrás de nós, quando toda a vidraça que dava para o jardim explodiu em milhares de pedaços e apenas cobri o rosto, enquanto virei a cabeça, não lembrando que devido ao ângulo, Karin estava na minha frente, então me desesperei em seguida, mas uma coisa me surpreendeu. Matt estava de braços abertos protegendo a baixinha com o seu corpo super resistente.
— Eu... Não quero que você se machuque. — Matt olhava para ela e em seguida saiu da frente ao balançar o corpo e cacos de vidro caírem.
— Você não tem o direito... Não tem o direito! — Dave tremeu e se iluminou tanto que tivemos de cobrir o rosto para não nos cegarmos.
— Dave, se acalme! — Grace levantou preocupada.
— Eu estou calmo. Apenas estou vendo as coisas com muito mais clareza, mas me perdoe pelo trocadilho. — Dave diminuiu o brilho e se virou para nós, onde o vimos com os olhos totalmente brancos e brilhantes, como se estivesse conectado com suas vidas passadas e pronto para dominar os 4 elementos.
— Então é assim... — Peter se levantou cauteloso e todos o imitamos.
Aquele parecia ser o mesmo estado em que as súcubus ficavam, então era bom não contrariá-lo... Ao mesmo tempo, já notávamos a mesa de jantar tremendo como se quisesse voar e todo o suco borbulhando como se estivesse fervendo.
— Pare. — Dave ordenou, olhando para nós, fazendo minhas pernas travarem. — Onde pensa que vai? — Ele se virou para o investigador saindo de fininho. Para o azar do homem, fugir de Dave era extremamente difícil.
— Não consigo me mexer! — Walter se assustou ao tentar mover o corpo agora congelado pelo poder de Dave, que o olhava fixamente com seus olhos luminosos.
Estávamos travados entre o banco e a mesa, até a pequena se levantar e se juntar a Grace em um canto. Nossa mentora parecia não saber o que fazer, mas ficou nítido que ambas eram imunes ao poder.
— É claro que não consegue, pois eu mandei você parar. Agora venha aqui. — Dave ordenou, fazendo tanto Walter quanto nós nos movermos devagar em sua direção.
No meio tempo, pude ver Karin olhando para Dave e para nós com curiosidade, como se estivesse vendo algo. Até que a baixinha simplesmente foi ao meio do caminho, passando a mão em algo como uma corda invisível no ar, fazendo Grace ficar de boca aberta como se não estivesse acreditando.
Karin por instinto olhou para a nossa mentora, que rapidamente recobrou a atenção e sussurrou "arrebente" e Karin segurou o que parecia ser mesmo um tipo de corda, a forçando e arrebentando, fazendo a hipnose sobre nós passar instantaneamente.
— Arrebente? Esqueceu da minha audição, Grace? — Dave se virou, olhando para nós e Karin. — Como você fez isso? Não posso ler a sua mente. Por que não posso ler a sua mente? — Dave a indagou de forma séria com os seus olhos brilhantes, fazendo a baixinha congelar e um copo de suco explodir, por sorte sem machucar Wendy.
— O inimigo está do outro lado. — Peter se manteve calmo, chamando a atenção do nosso amigo brilhante, enquanto saímos de perto da mesa e nos juntamos a Grace.
— É mesmo... Inimigo. O homem responsável por tudo isso. — Dave se virou para Walter, que estava pouco a frente. — Você é o responsável por essa invasão?
— Sim... O padre Samuel é o líder local, apenas Wendy era conhecida por ele e nossos superiores. Acredito que se não tivesse investigado os amigos próximos, não chegaria aos outros e nem a este lugar. — Walter falou de uma forma robótica.
— Então é sua culpa... — Dave voltou a brilhar rapidamente de forma ofuscante, nos fazendo cobrir o rosto por um momento e chegar para trás pelo calor, enquanto os copos de suco borbulhavam por algum outro fator, mas dessa vez energia branca se mostrou, levantando seu cabelo e o balançando.
— Dave! — Grace chamou.
— Não se intrometa nisso! — Ele respondeu ao apontar o dedo para ela sem olhar e uma bomba invisível explodiu em baixo da mesa fazendo o móvel girar pelo ar e cair metros ao lado derrubando pratos, talheres e copos no processo, nos assustando.
— Quase... — Wendy murmurou e procurou se manter mais para a esquerda.
— Eu imagino o que você teve de passar e mesmo impedindo, as memórias ficaram em sua mente. Você é minha segunda mãe e não vou permitir que isso passe em branco. Chegou a hora de colocarmos um ponto nisso. Um ponto final.
Quantos híbridos de famílias desconhecidas e ilegais no planeta não foram mortos por esse grupo de malucos? Eles se aproveitam dos fracos que não possuem nossa proteção, os atacam e os matam... Por que não os obrigamos a nos contar quem são os líderes e assim acabamos com isso tudo de vez?
— Os Seis são desconhecidos para os baixos, mesmo os Nove tendo aparições por aí, ainda são muito pouco conhecidos. Mas eu conheci um deles e descobri que um dos Seis está no estado.
— Então este não fará falta. — Dave mantinha a voz séria, enquanto brilhava e seu cabelo balançava pelo grande fluxo de energia. Até que luzes brancas apareceram no ar e o circundaram, como uma espécie redemoinho de luz.
— Nós não fazemos isso e você sabe. Não somos assassinos! — Grace apelou.
— Fale por você. Minhas mãos já foram manchadas de sangue sem a minha escolha!
— Exato! As nossas escolhas fazem quem somos e no momento você tem a escolha de não fazer algo que irá se arrepender! — Grace se manteve séria e o resto de nós nervosos com aquele ser tão poderoso tento um surto na nossa frente.
— Como é? Repita o que você pensou?! Repita! Dave olhou para Walter, que tentava sair de fininho e um clone de luz se materializou na frente do homem, bloqueando o corredor, enquanto a hipnose surtia efeito.
— Você é apenas uma aberração e nunca será humano. Por mais que se pareça com um, você nunca terá paz, pois a missão de toda a organização será lhe caçar. E não pouparemos esforços para isso. — Walter falou e voltou a si, se arrependendo.
Ao ouvir, nosso líder apenas cerrou os punhos com tanta força que seus braços até tremiam, fazendo a energia branca que o circundava girar mais rápido e explosões de de vasos serem ouvidas junto a explosões no chão e no ar, enquanto raios de luz eram disparados de seu corpo em direções aleatórias, nos deixando em alerta.
Até que um saiu de sua nuca, passando pelo redemoinho de luz, indo ao meu lado na direção de Wendy, que nem mesmo teve tempo de reagir. Por muita sorte, Peter se jogou na frente e bloqueou a energia com ambas as mãos pegando fogo, em um impacto doloroso que o jogou um pouco para trás, ao ponto de bater na ruiva, que o segurou com força devido ao susto.
— Isso é muito quente... — Peter abanou as mãos doloridas. Dave era poderoso, mas chegar ao ponto de quase queimar mãos que podem manusear fogo?
— Meu poder está lutando para sair... Preciso liberá-lo... — Dave falou com a mão na cabeça e o redemoinho de luz começou a se transformar em um tornado que girava rápido e transformava o lugar em um forno com um vento quente e brilhante.
Então, o excesso de luz branca que circulava o corpo de Dave e fazia se cabelo balançar, começou a ir direto para sua mão, formando uma pequena luz ofuscante que deveria ser extremamente quente.
— Você disse que não usaria mais energia destrutiva! Sabe o quanto é perigoso usar esse poder! — Grace o relembrou de algo que não sabíamos. Até que fazia sentido, pois mesmo na batalha contra o devorador, não o vimos disparar raios de luz.
— Porque alguém pode morrer... Mas ele deve morrer! — Dave apontou para Walter ao olhar para Grace e um disparo de energia que deduzi sair do seu dedo passou ao lado do investigador, indo em direção a um tapete na parede, transformando toda a área atingida em um buraco chamuscado, assustando muito o homem.
Ao se voltar para frente, a luz em sua mão começou a tomar forma, ficando redonda e cada vez maior. Primeiro como uma laranja, depois uma bola e enfim uma grande melancia, diminuindo um pouco o calor no ambiente, obviamente o concentrando ali.
— Eu não posso voltar ainda... Pare, você vai se arrepender! — Grace se desesperou.
— Ele é o responsável por isso! — Dave levitava a grande esfera de luz, voltando a transformar o ambiente em um forno, quase como se criasse um Sol particular.
— Você não me dá escolha. Matt, faça o que for preciso para que ele não mate este homem! — Ela deu a ordem e o velocista da escuridão se moveu.
— Não me importo se ele vive ou morre, não fará diferença para mim, mas vocês são diferentes com essas... Emoções. — Ele parecia não gostar da palavra.
Matt então estendeu a mão com força e as trevas logo invadiram o lugar pelo chão e pelo teto, diminuindo a claridade do ambiente e meio que engolindo o clone de luz na entrada do corredor, como se uma dimensão sombria o tivesse sugado pela parede.
— Está impedindo a luz de ser refletida. — Karin analisou rapidamente e me puxou para o seu lado, já imaginando que um conflito iria se iniciar.
— O que você pensa que está fazendo? — Dave parou e olhou para trás, enquanto seu brilhante cabelo em pé balançava com a energia branca que ia para a esfera de calor.
— Não se faça de idiota, perguntas retóricas são desnecessárias.
— Fique fora disso. — Dave se virou para Walter, começou a brilhar mais forte e a grande esfera de luz o imitou, fazendo o calor aumentar ainda mais e nos fazer suar, mesmo a vários metros de distância.
Matt então usou o outro braço, fazendo mais trevas invadirem o lugar, escurecendo o chão, as paredes e o teto, chegando até o ser de luz e ofuscando rapidamente seu brilho através de sombras que dançavam a sua volta, mudando a luz branca para tons de azul e roxo, que por pouco não dava a impressão de "discoteca".
— Ele consegue controlar a absorção da luz visível no espectro eletromagnético! Isso é muito legal! — Karin não estava acreditando naquilo.
Eu não entendi muito bem o que ela disse, mas não dei muita atenção, apenas a coloquei do meu lado e deixei meu braço na frente, caso fosse necessário defendê-la de algo. Estava na cara que aquilo iria terminar em uma briga sinistra.
— A escuridão me fortifica, portanto eu tenho a vantagem. — Energia negra começou a se manifestar de foma sinistra nas paredes e no chão, como em um filme de terror, onde Dave estava sendo coberto de um fraco tom de preto que diminuía bastante a sua luz azul e trevas envolviam a esfera flutuante.
Matt então começou a apertar forte as mãos no ar e a esfera envolta em escuridão começou a ficar cada vez menor, diminuindo o calor rapidamente, enquanto Dave se libertava das bizarras sombras com pequenas mãos o agarrando pelas pernas, algo que prendia sua atenção.
— Minha luz foi engolida? — O meio arcanjo estranhou, quando Matt pareceu fazer muita força ao bater o pé no chão e apertar com força as mãos, fazendo Dave se ver no meio da escuridão, onde a energia do teto se uniu a do chão, o prendendo em uma espécie de "gaiola das trevas".
— É um erro ir contra mim na escuridão. Apesar de não ter um bom condicionamento físico e energético, já era páreo para você, agora imagine depois que comecei a treinar... — Matt fez a gaiola virar uma esfera de um material mais negro do que a própria escuridão, engolindo Dave e pondo toda a sala nas trevas.
— Ai... — Wendy ficou assustada com tudo aquilo, mas não era a única. Mais medo se formava a minha volta e caiu a ficha que algo mais estava rondando a escuridão que nos cercava. Só podia ser a névoa do medo.
— Precisamos de luz... — Peter ascendeu as mãos, criou uma bola de fogo e a levitou para iluminar o local, onde Walter aproveitou para sair do cômodo. — Ah mas não vai mesmo! — Peter saiu correndo atrás do investigador.
Antes do elemental alcançá-lo, houve uma forte explosão invisível pouco a frente do homem, que o jogou para trás rapidamente, causando confusão ao cair perto de um Peter surpreso, se voltando para a grande esfera negra que agora tremia.
— Ele está lutando... — Vi Matt fazendo esforço e deduzi que não era nada fácil manter aquilo. Ele ia fazendo força e medo começava a se fazer mais presente no ambiente, ao ponto de eu ter certeza de que a névoa estava no ar e próxima a nós.
— Eu estou torcendo por você. — Karin o incentivou, mas olhou rápido para um canto onde uma explosão mais forte aconteceu em seguida, nos balançando mesmo a uma boa distância. — Não tem como você injetar esse medo dentro da esfera?
— Eu já estou fazendo isso. Aprendi a injetar o vapor através da umbracinese outro dia, mas ele não é fraco como vocês... Não sei a quantidade necessária para sequer começar a afetá-lo. — Matt andou com peso até esfera negra e Peter foi conferir, mas decidiu se afastar ao ver pequenos brilhos brancos se formando lá dentro.
— Temos que fazer alguma coisa pra acalmar a fera angelical ali. — Peter começou a pensar e pequenos pontos de luz iam criando furos mínimos dentro da esfera, em seguida finos raios de luz quente.
— Seja o que estiver fazendo, faça rápido. — Matt bateu o pé com um impacto forte como o que Sheska costumava fazer e um pulso invisível veio da esfera, o fazendo balançar e Peter tentar segurar com uma forte explosão de ambas as mãos, mas o impacto ainda o jogou um pouco para trás.
— Eu já fiz. — Grace voltou preocupada. Nem havia notado sua saída. — Você vai ter que segurá-lo por alguns minutos.
— Mesmo sendo melhor à noite, não sei por quanto tempo posso detê-lo... — Matt aparentava estar usando todo o seu poder.
— O que disse?! — A voz de Dave se fez presente, carregada de poder, como se uma segunda voz mais grave e majestosa falasse junto. Ao mesmo tempo, um raio de luz quebrou um pequeno lado da esfera, iluminando um pouco o ambiente, fazendo Peter apagar a sua bola de fogo e procurar se manter longe.
— Acho melhor sairmos daqui... — Karin seguiu a ideia dele, me puxando pelo braço, mas percebeu que suas pernas não se moviam, nem as minhas.
— Você acha que é melhor que eu? Quem decidiu isso?! Você acha que por ser noite, a sua escuridão pode engolir a minha luz? Quem decidiu isso?! — Dave falava com ódio, variando entre a voz normal e a dupla, enquanto finos raios de luz saíam com a névoa da esfera, nos congelando mais ainda.
— Não acho... Eu sou melhor. — Matt não deixou passar.
— Mesmo na noite não há escuridão capaz de cobrir minha luz. Mesmo que com apenas... Metade do poder! — Ao ouvir a grave voz majestosa, Matt parou de fazer força e se moveu em super velocidade em nossa direção, na hora em que a explosão teve a sua conclusão.
— Deveriam ter fugido! — Matt rosnou ao criar uma grande barreira de trevas.
Ao quebrar a esfera, abrindo as asas, Dave lançou um poderoso jato de luz circular em uma demonstração de puro poder, incinerando tudo em seu caminho que estava a cerca de 1 metro e meio do chão, até parar no grande escudo negro de matt e nas paredes agora corroídas e chamuscadas. Muitas atrás de caros tapetes em chamas.
O pulso de energia foi ainda mais forte que o último, chegando ao ponto de lançar o corpo do investigador no ar, mesmo a distância, felizmente após o feixe de luz. Porém, a pequena parte da onda que foi em direção ao jardim, segiu, percorrendo uma boa distância e incinerando uma sereia "plus size". Victor perdeu sua selkye.
— Eu sou o único nefilim, estou acima de todas as raças. — Dave abriu suas asas, iluminando ainda mais o lugar e mostrando sua imponência celestial.
— E ainda sim não consegue me derrotar... — Matt retrucou ao baixar a barreira e levei a mão a boca em surpresa.
— Até hoje você não sabe, mas o único motivo para me "vencer" foi porque eu não quis matar você, por ter pena de um mendigo um pouco mais forte do que a média.
— Isso é a energia passando na sua cabeça! — Grace não sabia o que fazer. Dave tinha poder demais para ser controlado por suas palavras. No momento só um ser mais poderoso poderia detê-lo, o que era algo no mínimo preocupante.
— Está com medo que ele saiba a verdade? Que você o fez acreditar que era o mais poderoso do mundo e ocultou tantos seres mais poderosos do que ele? Tudo por causa das suas razões secretas que ninguém nunca descobre por essa estranha barreira mental de alto nível na sua mente. — Isso fez Matt olhar para Grace.
— Vou querer explicações, mas por agora... — Ele reuniu toda a névoa que se dissipava em um ponto, fazendo nosso medo passar e a jogou no chão negro, não deixando sinal de sua presença. — Devo conter esse estranho lado emocional.
— Você não... — Dave foi interrompido por uma sombra que saiu do chão e grudou em seu rosto, fazendo a névoa do medo entrar em sua boca pela da ligação com o chão, enquanto mais era produzida pelo braço de Matt e guiada para o chão.
— Não me subestime. Lembre-se que eu nunca tentei lhe machucar... Muito.
— Não me faça rir! Dave bateu as asas e uma onda de energia varreu o ar, dissipando a névoa, parte da escuridão e batendo em Matt, que aguentou o tranco ao enrijecer o corpo, mas não sem aumentar os rasgos em sua camisa.
— Eu sei que ele é forte, mas nem assim essa névoa do mal o afeta? — Wendy ficou perplexa e Dave se iluminou para dissipar o restos de escuridão a sua volta.
Voltando ao mínimo, abriu as asas e as jogou para trás em um movimento que dava para acreditar na possibilidade de serem afiadas, como se cada pena fosse uma faca de luz. Algo que nos fez recuar para o canto da sala.
— É claro que a névoa do medo não tem efeito sobre mim. — Dave veio andando de forma lenta na direção de Matt e parou na frente dele. — Não teria medo de um ser mais fraco. — O Nefilim esboçava um sorriso confiante, enquanto encarava o rival de cima com seus olhos brilhantes. Já Matt não disse nada, apenas atacou.