Ligações de Alma [M]

By glanelzinha

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Ligações de alma, eu falo seu idioma Traduzo suas emoções, entendo sua confusão. Luara e Digão More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Capítulo 72
Capítulo73
Capítulo 74
Capítulo 75
Capítulo 76
Capítulo 77
Capítulo 79
Capítulo 80
Capítulo 81
Capítulo 82

Capítulo 78

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By glanelzinha

Capítulo 78 - Digão

ATUALMENTE.

Eu nunca soube o que era lutar por alguém além de mim.

Passei muita dificuldade e, a maioria delas, sozinho. Enquanto minha vó me criava, ela fez de tudo pra não me deixar faltar nada. Mas foi quando ela morreu que eu realmente tive que ir pro mundo, fiz o certo e o errado pra vencer, pra não dá o gostinho de vitória pro bando de filho da puta que jurou que eu não ia ser porra nenhuma além de um viciado igual quem me gerou.

Minha vó dizia que amor de vó é igual ao de mãe, mas multiplicado. Eu sabia que ela me amava, tá marcado na lembrança, mesmo que a vida me fizesse enfrentar porrada suficiente pra eu me fazer esquecer. Era questão de honra lembrar.

Minha heroína.

Já ouvi falar que fruta podre não cai longe do pé, mas tenho certeza que a mulher que me pariu não tinha nada a ver com quem me criou. Minha vó era foda.

Mas exemplo masculino não tive. Passei longe de conhecer meu pai e tudo o que usei pra formar minha personalidade como homem foi baseado no que eu não queria ser. Quem eu não queria ser parecido.

Agora é a minha vez de lutar por alguém além de mim. Luara me deu essa missão desde que entrou na minha vida. Mas mais do que isso; agora é a minha hora de ser exemplo e de não deixar faltar nada.

Eu vou ser pai, afirmo mais uma vez na minha cabeça e engulo o nó preso na minha garganta.

Digão: Quer água? — passei a mão no pescoço dela, sentindo o suor gelado, e ela negou com a cabeça, ainda apoiada na cerâmica do vaso.

Luara: Quero escovar o dente – me olhou nos olhos pela primeira vez e eu pude ver como ela tava com medo.

Mas eu ainda não conseguia dizer nada.

Digão: Vem que seu preto vai te ajudar, depois vou pedir pro Vk arrumar um remédio pra você — levanto e seguro o braço dela, logo abaixo do cotovelo, dando força pra ela levantar.

Em pé, ela segura na bancada da pia do banheiro e abre a torneira, jogando um pouco de água no rosto. Eu pego a escova de dente rosa e coloco um pouco de pasta, enquanto ela seca o rosto com a toalha. Quando pendura a toalha, entrego a escova com pasta e ela começa a escovar o dente.
Fico quieto, prestando atenção nos movimentos dela, mas a minha mente não consegue ficar presa no momento de agora. Tem basicamente um dia que voltei e já vi, fiz e descobri coisa pra caralho.

Tento respirar fundo pra organizar os pensamentos, mas só surgem ainda mais perguntas no meu subconsciente. Quando ela descobriu? Quem sabe? Não quero ser injusto, imagino a porrada de coisa que ela também tá sentindo, só que, se ela não descobriu nas últimas horas, isso significa que ela se meteu na porra de um tiroteio do caralho com meu filho na barriga... Então, eu prefiro ficar quieto do que abrir a minha boca pra falar alguma besteira.

É uma mistura da emoção mais forte que já senti na vida, por pensar que eu coloquei um filho na barriga da mulher que eu amo mais que tudo, mas também que essa filha da puta é uma inconsequente do caralho por ter ido numa missão atrás de mim com o nosso filho na barriga

Ela termina de escovar o dente e guarda e escova no suporte.

Digão: Tá melhor? — cruzo os braços e olho pra ela, com um rostinho cansado, e ela concorda — Vou te botar na cama e pedir seu remédio. Qual será que você pode tomar?

Luara: Acho que dramin eu posso, mas acho que não quero tomar enquanto não passar no médico antes — franze a testa, pensando.

Digão: Tem que se hidratar pelo menos — passo a mão de leve na bochecha macia — Quer beber o que?

Luara: Pode ser água de coco.

Digão: Vem. — seguro a mão dela e guio até a cama, ajudando a subir — Vou pedir sua água de coco.

Ando até a porta da sala trancada, giro a chave e a maçaneta, vendo os dois soldados do lado de fora da porta. Mais um tá no topo da escadaria e sei quem tem gente nos telhados.

Preciso tirar a gente dessa casa.

Luara gosta de ter o espaço dela, o que foi bom quando a minha foi invadida e ela teve pra onde ir, mas a segurança aqui é limitada. Não vou falhar nisso, já sabia que aqui era vulnerável muito antes de me envolver com ela, quando deixei meu dinheiro aqui.

Kv: Tudo tranquilo, patrão? – desencosta do muro e anda na minha direção.

Digão: Pede pra algum moleque desse aí arrumar uma água de coco pra Luara — digo quando ele chega perto e vejo ele olhar rápido o relógio — Não sei onde vocês vão arrumar essa porra essa hora da madrugada, mas dá os pulo de vocês aí.

Kv: Se for aquelas água de caixinha é mole, pior é da fruta mermo – segura o fuzil na frente do corpo — Vou dá um jeito.

Digão: Tu fica na segurança, manda alguém ir lá e quando chegar tu me manda uma mensagem – ele concorda com a cabeça — Fala pra ninguém que é pra ela não. Nego daqui a pouco tá falando demais.

Kv: Ainda, patrão. Nós passa a missão sem dizer o nome do santo.

Digão: Manda o Deyvin ficar nessa laje aqui da vizinha — aponto pra lateral do telhado da lua e olha meu segurança do outro lado da viela — Ali em cima da mercearia ele tá muito exposto.

Volto pro quarto e a minha preta ainda tá deitada na cama. A luz do celular atinge o rosto dela, tá de short e top agora, não mais com a minha camisa. Passo meu olhar pelo corpo dela, as diferenças são tão pequenas que nem ela deve ter percebido, a barriga principalmente, não dá pra ver nada ainda. Mas meu filho tá ali dentro.

Caralho, meu filho tá ali.

Luara: Preto... — ela diz, com a carinha preocupada, bloqueando a tela do celular enquanto eu ando até a cama e me jogo ao lado dela.

Não quero que ela se sinta mal e que pense alguma merda. Eu quero eles mais que tudo.

Puxo a cintura dela na minha direção e encaro o umbigo, imaginando nosso bebê ali dentro.

Meu coração acelera ainda mais, ela passa os dedos pelo meu cabelo, e sinto como se eu fosse engasgar com o choro preso na porra da minha garganta. Tenho 33 anos de vida, 20 de correria e nada, nem quando eu tive perto pra caralho da morte, chegou perto desse momento.

É como se a minha ficha tivesse caindo de que eu tenho uma família agora. Um filho com a primeira mulher que me ensinou a amar. Porra, é muito além do que eu achei que fosse digno.

Beijo a barriga dela, logo abaixo do umbigo e depois dou mais um beijo na lateral e passo meus braços em volta dela, abraçando. Com a minha testa apoiada na pele preta clara que eu amo, que eu tava com saudade, sinto lágrimas quentes escorrerem pela minha cara.

Esse aqui é o meu mundo, quem entrar no meio da gente tá muito fudido.

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