Russo.
Os cinco dias se passaram voando. Samara botou as caras essa semana procurando uma casa, arrumaram uma casa para ela, e ela já se mudou. Tive que ir lá ontem dar as boas vindas da melhor forma. A loira só vi ela quando tava voltando para casa, quarta feira, tava ela e o menor indo para casa. Ela tava de uniforme do hospital, devia estar saindo do plantão. Não olhou na minha cara, assim que me viu, virou o rosto. Não sou cachorro para estar atrás de ninguém, sinto saudade, mas não sou emocionado para ficar atrás.
Chegou no meu ouvido que ela tava com meu segurança, já passei a visão para Keninho que se ele ficar com ela, ele morre. Não aceito talaricagem no meu morro, tem que ser certo pelo certo. Tem várias para ele ficar, aí quer ir atrás da minha loira? Aí não dá, paizão. Ali é minha e nunca ninguém mexe.
tava na contenção esperando o caminhão chegar. Hoje é dia de baile, Poze vai vim cantar eu tava como, ansioso demais. Ansioso para fazer maior festa, dançar, beber para caralho hoje. Contando as horas para esse baile começar.
Avistei o caminhão de longe e terminei de ajeitar o fuzil na bandoleira. Ajeitei a postura, quando o caminhão parou, Borges e L10 desceram na maior postura.
- Caralho moleque, saudades demais. - Borges veio correndo em minha direção - Tu é meu fechamento, qualquer fita é nós e isso nunca vai mudar, eu te amo cicatriz - Borges colocou as mãos nas minhas bochechas e juntou nossas testa, dava para ver as lágrimas escorregando no rosto dele
Borges é irmão, fazia falta aqui. O maluco tem a melhor mira, nosso melhor soldado, tem as melhores ideias e o melhor humor. Só faltava ele para nosso bonde ficar completo.
- Tamo junto, irmão! - abracei ele e dei uma tapa nas costas dele - tava morrendo de saudade, agora vamos comemorar que hoje tem baile, porra.
A gente ficou bastante tempo zoando, colocando as ideias em dia. Tava todo mundo junto, VN, KN, Marlin, Keninho, L10 e Lima. São esses os fechamentos, to felizão em ver todos aqui, a partir de hoje só paro de beber no domingo. Festa na minha favela, meus irmãos chegaram, armas e droga para nós.
Samuel Borges, 28 anos.
Kennedy Soares, 26 anos.
Victor Lima, 27 anos.
Passamos o dia naquela resenha, só aquecendo para a hora do baile. Quando deu 20h subi para minha casa, o pai tem que começar a se arrumar cedo para não se atrasar, tá ligado né?
Comprei uma roupa nova para hoje, uma camisa preta da Lacoste, uma calça jeans preta e um tênis da Nike preto. De acessórios coloquei meus cordões de ouro que nunca uso, coloquei 3 deles, ouro puro e pesado. No pulso coloquei meu Rolex dourado.
O pai tá uma delícia, hoje todas desses morro e as de fora vão babar no chefe. Quando eu chegar na maior postura, fuzil atravessado e cheiro de homem gostoso, não vai ter quem resista né.
Já eram 00h, o som do baile já estava dando para ouvir daqui da minha casa. Como o dono sempre chega depois fiquei fazendo hora para ir.
Sai do quarto e já tava geral na minha casa esperando para a gente fazer a entrada com todos os manos.
Desceu todo mundo de moto e chegando perto já dava para ver os inúmeros carros, as motos e o movimento das pessoas.
Paramos na porta e geral ficou em silêncio em homenagem ao Coroa e os outros que já se foram, tento ser forte e não demonstrar a dor da morte dele, mas as vezes me pego pensando em como seria diferente se ele estivesse aqui, me pergunto se ele tá orgulhoso em ver a forma que eu to levando a favela que ele tanto amava. Ainda dói muito, mas sigo dando meu melhor para honrar o nome dele.
Subi direto para o camarote e o baile tava lotado, quase não tinha espaço para se movimentar de tanta gente. Gosto assim, um fervo e muita mulher gostosa.
Falando em mulher gostosa, coloquei o pé no camarote e já dava para ver a loira, ela estava com um vestido Rosa e um salto branco. Seu cabelo tava com umas ondas bem foda, ela tava com uma maquiagem básica e uma bolsinha de lado, tava com uma taça de gin na mão.
Ela conversava com as meninas e nem prestou atenção em mim, continuou rindo e conversando.
Cada detalhe dela me chama atenção, o jeito delicado dela de conversar, a risada dela, o cabelo, o olhos. Especificamente os olhos, ela olhou para mim enquanto estava rindo, na mesma hora fechou o sorriso e desviou o olhar.
Continuei andando em direção a todo mundo, tava todo mundo sentando em uma mesona.
Assim que me sentei peguei um copo de whisky, cortei um gelo de coco e despejei no copo, coloquei o whisky e experimentei. Se tiver comigo, só vai tomar o Royal, só gosto desse. Levei o copo até a minha boca e comecei a analisar o movimento, tava cheio de rostinho novo. Despertei dos pensamentos e comecei a presta atenção na começa da galera.
Borges tinha acabado de subir para o camarote, tava cumprimentando todo mundo e na hora de cumprimentar a loira, ela abriu maior sorrisão.
Luma: Samuca, meu Deus, como eu tava com saudade de você. - abraçou ele e ele deu um beijo na testa dela
Franzi as sobrancelhas, não sabia que eles já se conheciam e nem que tinham essa intimidade toda. Fechei a cara na hora, odiei essa intimidade deles, dei mais um gole no whisky e continuei observando eles.
Borges: - Sabe que é nós, Lu. Agora to de volta, e quando foi que tu voltou para NH e desde quando você anda com essa galera - ele perguntou tirando o isqueiro do bolso e acendendo um baseado
Luma: - É uma longa história - ela riu sem graça - sabe quem iria amar te ver? O Arthur, quando for essa semana marca de ir ver ele lá na minha casa.
Borges: - É certo, loira. O moleque ta grandão, fala aí - ele colocou a mão na cintura dela
L10: - Tá com a cara fechada, paizão? Hoje é dia de comemorar e não ficar com raiva. - L10 veio me zoar
Russo: Vai dar uma voltinha, L10. - falei tirando um cigarro do bolso
L10: Vai fumar a carteira de cigarro todinha agora só de raiva, fala tu KN, Russada ficou nervoso
KN: Tá com o coração acelerado, vou ter que chamar a enfermeira para cuidar de você, eita, esqueci que a enfermeira tá colada com o mano BG
Russo: Hoje vocês estão insuportável, menó. Não sei como essas garotas aguentam vocês, porra, tá foda em.
Me levantei de lá e fui dar uma volta no camarote. Camarote tava vazio só uns aliados nossos, tava agoniado com a proximidade do Borges com a Luana, tá maluco, ele colocou a mão na cintura dela.
Sou sincero mermo, to no ódio com a loira, não olha na minha cara e ainda fica de conversinha com os manos. Tava só esperando ela se levantar para ir da uma voltinha, vou chegar nela namoral. Já passei a visão que ela tá no meu nome, não quero ela de gracinha pelo morro, parece que a louca nunca entende.
Me encostei na grade do camarote e de longe vi a Samara me encarando, vou ter que ir me distrair né. Peguei meu celular e mandei mensagem para ela, ela visualizou e olhou para cima. Abriu um sorrisinho e concordou com a cabeça.
Segui em direção ao meu carro e entrei. Keninho já tinha vindo deixar meu carro aqui, menor deixou forte.
Fiquei um tempo fumando e esperando ela vim, garota tava demorando para caralho. Joguei o cigarro fora quando vi ela caminhando de longe em direção ao meu carro.
- Demorou morena, me deixou esperando porque? - analisei ela entrando no meu carro.
Samara é bonitona, tem um cabelão e um corpo bonito, mas é toda artificial, tanto por dentro quanto por fora. A mina é legal as vezes, ela irrita de vez em quando, mas é uma boa para tirar o estresse.
Samara Almeida.
25 anos
Comi ela dentro do carro mesmo, escutei o dj avisando que o Poze já estava na casa e finalizei com ela.
- Amor, sabe que quando precisar eu vou estar aqui, beijinhos. - falando passando com a mão nos meus cordões e saiu do carro.
Fui analisar ela saindo e vi de longe a loira voltando para o baile com o Keninho, caralho, não to acreditando nessa porra.
Eu já tinha passado a visão sobre não querer ninguém com ela, a loira tá no meu nome a muito tempo, não aceito talarico no meu bonde.
Desci do carro e ajeitei a pistola na cintura. Fui em direção a eles, no ódio mesmo, Luana tá achando que a vida é um morango, tava dando ideia no Borges e agora tava fudendo com o Keninho em qualquer beco desse morro.
- Qual foi Keninho, tá de talaricagem nessa porra? A visão não já tinha sido passada para você, quer morrer, porra? - Gritei apontando a pistola na cabeça dele
Keninho abriu maior olho e negou com a cabeça.
- Caralho Russo, ele foi me levar na casa da mãe da thalita. - Luana entrou no meio de nós dois - Eu não fiquei com ele, pelo amor de Deus.
- Qual foi, Russo? - Keninho me olhou assustado - Eu já entendi o bagulho, não fiquei com ela.
- Qual foi Russo um caralho, seu moleque. - Continuei com a arma apontada para a cabeça dele
Tava doidinho para estourar a cara de vagabundo hoje.
- Pode perguntar a geral da mesa que o filho dela tava chorando e ela foi lá ver o que era. - Keninho tentou se explicar
Acionei geral no rádio e mandei descer, quero tirar essa história a limpo.
- Você é patético, me cobrando algo como se eu não tivesse visto aquela garota saindo do seu carro, não fode. - Luana falou cruzando os braços - Não namoro com você, não devo nada a você, me deixa em paz e esquece meu nome.
A loira ta pensando que ela meter essa marra vai fazer eu me desapegar, eu fico com outras, por que ela não me quer. Se ela me quisesse eu já tinha sossegado com ela.
Geral desceu e confirmou a história, voltei para o camarote com ódio mermo, para esperar comecar o show do Poze.