━━ 𝐕𝐈𝐂𝐓𝐎𝐑 𝐂𝐎𝐋𝐋𝐈𝐍𝐒
Me afasto do moleque, vendo ele indo embora, com o nariz sangrando e atordoado, sendo puxado pelo amigos para longe de mim e todos ao me redor me olham. Controlo minha respiração e me viro para trás, para ver se Bárbara continua onde eu a deixei, mas não encontro ela.
Revirei os olhos pela festa inteira, não encontrando Bárbara de jeito nenhum. Fui atrás dela. Onde essa menina se meteu agora? Rodei a festa inteira procurando por ela e o que me deixou mais irritado, é pelo fato de ter sumido em um piscar de olhos. Pego o celular, querendo ligar para ela, mas me lembro que deve ter me bloqueado e desisto. Saio daquela festa, procurando por todos os lados ela e fico impressionado em como pôde sumir em segundos.
Porra viu.
Tiro a chave do meu carro do bolso da calça, destravando a porta e me sentando no banco. Começo a andar pelas ruas, tentando procurar por Bárbara, na esperança de conseguir encontrá-la. Pisco e as imagens dela com aquele moleque na cama aparecem na minha cabeça e eu aperto o volante do carro. Eu quis matar aquele idiota por estar naquele quarto com ela. Será que não via que estava bêbada? Se eu não chegasse a tempo ela ia mesmo ter transado com ele?
Pisco, não querendo nem pensar nessa maldita possibilidade, que foi interrompida por mim. Rodo os olhos para fora do carro, procurando por algum sinal de Bárbara e arrisco ligar para seu celular. Nada. Ela com certeza me bloqueou de tudo e entendo seus motivos. E nem quero relembrar disso agora. Olho para o outro lado da rua, que é iluminada pelos postes de luz, até que vejo uma menina andando pela calçada, parecendo estar se esforçando para se manter em pé e eu reconheço ela na hora. Paro o carro, indo até Bárbara, que tropeça nos próprios pés e acaba caindo no chão, nitidamente bêbada.
Xinguei, correndo ela até ela, para ver se tinha se machucado, até que Bárbara simplesmente deita na calçada e vira a garrafa de bebida pra dentro, bebendo feito água. Ela é louca.
- Bárbara. - chamei. Ela ignorou. Me agachei ao seu lado, vendo que tinha piorado seu estado de embriaguez. Eu mereço. - Bárbara, levanta. - coloquei meu braço sobre suas costas e tentei levantar ela.
- Me deixa. - resmungou, tão mole, que seu corpo parecia marshmallow. Ela virou de novo a garrafa de bebida pra dentro.
- Para de beber isso. - peguei a garrafa da mãe dela e joguei para longe, escutando quebrar.
- Ei!
- Vem. - peguei ela nos braços, com dificuldade, por estar tão mole. - Vou te levar pra casa. - falei e ela não protestou, só se encaixou no meu colo e apoiou a cabeça em meu peito, fechando os olhos.
- Você é fortinho. - sorriu largo, passando a mão pelo meu peito e percebi que aos poucos ela estava adormecendo.
Abri a porta do carro, com a maior dificuldade da minha vida e a coloquei no banco do passageiro, ajeitando sua cabeça, por estar dormindo e deitei o banco, deixando mais confortável. Fechei a porta e dei a volta no carro, entrando no meu lugar e me sentando. Examinei ela, vendo que ia dormir muito por agora e então decidi ir logo para sua casa, pensando em como ia entregar ela lá. Não quero bater na porta da casa dela e entregá-la desse jeito pra mãe. Talvez a mãe dela nem esteja em casa também.
Eu mereço. E nem posso levá-la para casa também.
Durante o caminho, ela foi dormindo e eu fiquei pensando em como ia fazer para deixar ela na casa. Minha única opção, era tentar acorda-la e fazer com que entrasse para dentro de casa, onde eu sabia e me asseguraria que estaria segura. Paro o carro em frente a sua casa e desligo ele, me virando para ela, que dorme.
Menina linda do cacete. Até dormindo consegue ser linda. Não era á toa que antes de me levantar da cama, eu parava para admira-la dormindo ao meu lado, depois de uma noite de sexo. Como eu sentia sua falta...
Antes que começasse a ter qualquer tipos de pensamentos, parei de alisar seu rosto, que me peguei fazendo isso agora, afastando seu cabelo da cara e decido tentar acorda-la logo, para se deitar na cama e dormir, onde estaria mais confortável.
- Bárbara. - chamei e nada. Chamei de novo. - Bárbara. - cutuquei ela.
- O que? - sussurrou, adormecida ainda.
- Acorda. - mandei. - Vamos, estamos na frente da sua casa. - parecendo raciocinar o que eu disse, ela demora, mas abre os olhos e tenta assimilar onde está agora.
- Minha mãe vai me matar... - disse mole e preguiçosa, procurando onde abrir a porta do carro. Observei, até que ela conseguiu abrir e saiu do carro, com lentidão, tropeçando nos próprios pés.
Fiquei seguindo ela com os olhos, enquanto caminhava até a porta da sua casa, até que por algum motivo, acaba tropeçando em alguma coisa e acaba caindo de novo no chão, de bunda. Saí imediatamente do carro, xingando por estar tão bêbada e corri até ela, com medo de que tenha se machucado.
- Eu odeio ficar bêbada. - tentou levantar e então vi que o motivo de ter caído, foram os cadarços do seu tênis estarem desamarrados.
- Ninguém mandou você beber. - falei pra ela, ajudando se levantar. Ela se encolheu, parecendo estar com frio e abraçou o próprio corpo.
- Tá frio. - em pé, ela chegou perto de mim e se aconchegou no meu corpo. - Você tá quentinho. - se aproximou mais, colando em mim. Abracei ela, querendo protegê-la do frio que sentia.
- Você deveria entrar logo em casa.
- Ficar aqui com você está sendo melhor. - disse, ainda mole, acho que nem pensando no que está dizendo, por estar com o efeito do álcool em seu corpo. Fechei os olhos, a apertando mais em meus braços.
- Por que bebeu tanto assim? - decidi perguntar.
- A gente bebe para esquecer os problemas. O meu motivo foi uma pessoa em específico. - disse, depois de suspirar, recuperando forças para falar, por estar tão mole ao dizer.
- E quem é? - perguntei, sabendo quem poderia ser.
- Não vou falar. - fiquei em silêncio, me sentindo culpado por estar assim, para tentar provavelmente me esquecer. - Não conta pra ninguém o que viu naquele quarto, tá?
- Não vou. - fechei os olhos, apoiando meu queixo em sua cabeça, abraçando mais forte ela, não querendo que sinta frio. - Prometo.
Ficamos em silêncio. Sua cabeça se mantinha apoiada em meu peito, bem em cima do meu coração, onde não parava de bater tão depressa. Começo a perceber que eu tinha ela em meus braços e tão colada em mim, que sua boca se encontrava a centímetros abaixo da minha e uma vontade enorme de beijá-la cresceu em mim. Fazia semanas que não a beijava, que não tocava em seu corpo, que não sentia seu cheiro e que não a sentia contra mim desse jeito. Eu sentia falta disso e acho que ela nem imaginava com isso. Sei que anda me evitando o máximo que pode e eu tento o máximo que consigo ter a chance de me explicar melhor e de principalmente, confessar algumas coisas a ela, que já deveria estar sabendo. Mas ainda não tive essa sorte e estou me sentindo sufocado por estar escondendo uma verdade dela.
Levei minha mão até sua nuca, passando meu polegar pela sua bochecha, fazendo um carinho em sua pele. Ergui sua cabeça e abaixei a minha, olhando tão profundamente dentro dos seus olhos, que tive ainda mais certeza dos meus sentimentos por ela. Olhei para sua boca, que tanto sentia falta de beijar e uma vontade avassaladora de fazer isso surgiu em mim. E ela parecia querer também. Eu sentia isso. Aproximei minha testa na dela, querendo demais ter mais contato com seu corpo e ela parecia querer o mesmo, porque ergueu os pés para ficar mais perto ainda da minha boca. Fechei os olhos, como ela acabou de fazer, esperando para o momento que nossas bocas se colarem e eu poder desfrutar uma parte dela como tenho vontade de fazer durante esses dias.
Eu queria tanto beijá-la, mas meu subconsciente dizia que eu não podia fazer isso, por estar bêbada. Já beijei ela uma vez estando bêbada e meu subconsciente me acusa de ter feito isso, então penso que não posso cometer esse erro de novo, por mais que eu já tenha a beijado diversas vezes. Antes mesmo que eu possa fazer o que minha vontade diz, ela se afasta.
- Não. Não posso fazer isso. - abaixou a cabeça e eu acordei dos meus pensamentos. Ela voltou a se encolher de frio e eu voltei a abraca-la, deixando seu corpo colado ao meu.
Me culpei por ter quase beijado ela estando bêbada.
- Por que? - perguntei, querendo saber o que ia responder.
- Porque eu tô apaixonada por outra pessoa.
Sinto um chute no estômago.
- O quê? - afastei ela por alguns centímetros.
Ela não podia estar dizendo a verdade. Ela não podia estar apaixonada por outra pessoa. Não, não, não. Ela não pode estar dizendo a verdade. Ela simplesmente não podia estar amando outra pessoa. Quem era ele? Quem era o idiota por quem ela se apaixonou? Porra, só falta ser aquele aluno idiota do outro terceiro ano.
- Só não conta pra ele tá? - falou, me abraçando praticamente, deitando sua cabeça em meu peito. Devagar, volter a prender ela contra mim. - Ele é um completo babaca.
Ah, merda... Ela estava falando de mim. Ela estava apaixonada por mim. Eu era o único babaca que só fez merda com ela. Ela que adora me chamar de babaca, o que não te faz uma mentirosa. Eu sou mesmo um babaca e nunca discordei quando me chamava assim. Não sei se me sinto feliz ou triste por estar apaixonada por mim. Mas pelo menos sei que nossos sentimentos se correspondem um com o outro. Sentia tanto medo de confessar meus sentimentos a ela e não ser recíproco, mas agora tenho essa certeza, vindo diretamente da boca dela.
- Também estou apaixonado por você. - sussurrei, de olhos fechados e tão baixo, não querendo que ouvisse, mas querendo dizer isso a ela.
- Eu sinto falta dele, sabia? - ela começa a dizer e parece que nem percebe que está dizendo essas coisas, como se estivesse dizendo para outra pessoa qualquer e não para mim. - Eu gosto dele. Mas fiquei magoada com o que me escondeu.
- Pode ter certeza que ele também gosta de você. - digo, não mentindo em nada. Eu gostava dela. E muito. Talvez mais do que gosta de mim.
- Acho que não. Ele é muito babaca comigo. Se gostasse mesmo, não ia agir assim, não é? - me perguntou e fiquei em saber o que responder. - Não sei o que faço em relação a ele. Quero esquecer o que tivemos, que foi um acordo bem ridículo. - deu risada. - Mas não sei se consigo. Você não consegue superar tão rápido assim a pessoa por quem você está apaixonado, não é? - ela ergueu a cabeça, parecendo agora querer uma resposta minha para sua pergunta.
- Não. - suspirei. - Não consegue.
- Eu sei. - abaixou de volta a cabeça. - Mas estou tentando. Vou conseguir, mais cedo ou mais tarde.
Fico em silêncio, vendo o quão determinada está a me esquecer e me arrancar logo da sua vida e isso me incomoda, porque mal sabe o que se passa pela minha cabeça e quais são meus verdadeiros motivos em relação a ela. Eu a quero e Bárbara não pareceu se tocar disso, desde que voltou com nosso acordo idiota. Aquele acordo era uma desculpa esfarrapada para que voltasse comigo, mas na minha cabeça, não existia mais porcaria nenhuma de acordo. Tudo que eu estava vivendo com ela, naquele momento, era verdadeiro e não se passava de um acordo qualquer que inventei.
E pelo jeito, Bárbara não se tocou disso.
Meus pensamentos voltam a realidade, onde meus ouvidos são tomados por um choro baixo. Minha atenção se volta totalmente para Bárbara, que não sei porque motivo chora, ainda estando colada em mim.
- Desculpa... - soluçou. - Desculpa, eu nem te conheço pra ficar falando da minha vida romântica com você. - diz e aquilo me incomoda, por estar dizendo que nem me conhece. Ela está tão bêbada, que nem se lembra de quem sou.
- Eu não me importo. - falei, ainda abraçado nela, deixando seu cabelo para atrás do ombro, protegendo suas costas do frio.
- Você já se apaixonou alguma vez? - ela soluçou e disse com a voz embargada, erguendo a cabeça para me ver. Ela seca a lágrima da bochecha e espera pela minha resposta.
- Quem nunca?
- Você tá junto dela até hoje?
- Brigamos. Ela está brava comigo por eu ter escondido umas coisas que nos envolvia e agora mal olha na minha cara. - conto a ela, percebendo que nem está assimilando com quem está com conversando e começo a fazer igual, como se ela não fosse a menina por quem estou apaixonado e sim uma pessoa qualquer.
- Atitude de babaca. - resmungou, baixando a cabeça de novo, deitando ela no meu peito. Apoiei meu queixo em sua cabeça. - Eu detesto mentiras. - limpou o rosto. - Principalmente em um relacionamento. Eu surto quando descubro que a pessoa com quem estou me envolvendo mentiu pra mim.
É, eu percebi.
- Mas não desiste dela. - ergueu a cabeça e eu abaixei a minha, olhando pra ela. - Por mais que você tenha mentido, você está apaixonado por ela e você ama ela. Talvez nunca encontre uma mulher igual a ela. - Bárbara fala e não sei o que pensar ou responder. Ando pensando em fazer o contrato do que me aconselhou mas não sei se faço.
- Por que você não volta para o menino por quem está apaixonada? - pergunto a ela, sentindo a garganta seca.
- Não quero. Não posso também. É errado qualquer relacionamento nosso e eu não quero acabar me ferrando por causa dele, que nem pensou em mim quando descobriu que uma menina sabia sobre a gente. Não quero viver em um relacionamento com mentiras sabe? Por isso. - ela diz e sinto uma pontada no peito, por pensar que se eu não tivesse mentido e escondido o que eu sabia pra ela, não estaríamos assim.
Eu sou um idiota mesmo. Não deveria mentir pra ela. Foi errado da minha parte e eu admito isso. Também detestaria que ela me escondesse coisas que eram graves e que envolvia nossa reputação.
- Melhor eu entrar... - disse, depois de uns segundos em silêncio. Soltei ela dos meus braços, mesmo não querendo, percebendo que tremia de frio. - Obrigada por... Me trazer aqui. - pareceu lembrar as palavras. - Boa sorte com seu namoro. - ela desejou, fechando os olhos, parecendo estar voltando a ter sono.
Ela se virou e andou devagar até a porta da sua casa. Demorou, mas entrou, então me aliviei por agora estar segura e longe de qualquer bebida.
Fiquei parado ali, pensando no que acabou de acontecer.
Eu não posso amar aquela menina. Isso tem que estar longe de acontecer. Ela é minha aluna e sou seu professor. Eu não mereço essa menina. E nem ela me merece.
O que fizemos durante esse tempo, era errado e sabíamos disso. Ela tinha mais essa consciência do que eu, porque nem pensava no quão grave era, me envolver com uma aluna. Não posso deixar que meus sentimentos cresçam ainda mais, porque é errado sentir a atração que sinto por aquela garota. É absurdamente errado. Ela é de menor, eu, um adulto, sendo quase dez anos mais velho. Não posso deixar que isso continue acontecendo. Ela vai começar sua vida em poucas semanas, vai se tornar mais responsável, vai ser uma adulta completa e vai entrar na faculdade e qualquer relação que podemos ter juntos, vai afetar seus planos para o futuro. Sei disso. E eu tenho que tomar alguma atitude contra.
Não quero me intrometer na sua vida, tirar seu foco do futuro, atrapalhar seus planos, nada. Quero que ela consiga tudo o qur quer, tudo o que planeja ter e não quero ser um motivo para um fracasso seu. Isso é o que eu menos quero e por isso, vou tomar uma providência.
Tenho que me afastar dessa garota. Vou tentar, como já tentei diversas vezes, mas parece que Bárbara anda com um ímã, que sempre me faz querer ficar perto dela. Mas dessa vez, não vou deixar que esse ímã funcione. Vou me afastar, de uma vez por todas. Estou afetando sua cabeça, tirando seu foco, porque simplesmente fui um babaca com ela em todos os minutos e tudo o que está acontecendo com ela agora, é por culpa minha. Não posso deixar que essa culpa cresça e que afete mais ainda ela. Não posso me permitir a fazer uma coisa errada, que é sentir atração por ela, por deseja-la, porque isso não é aceitável. Sou seu professor e ela é minha aluna. Continuar me envolvendo com ela está fora de cogitação.
E qualquer envolvimento nosso, pode acabar com nossas carreiras. Não quero isso pra ela. Bárbara está tão animada com a faculdade, que conta nos dedos por esse momento. Tenho que me segurar até o dia da sua formatura. Assim que sair da escola, ela vai seguir sua vida e eu vou continuar dando aula, enquanto ela estará estudando para ser uma grande arquiteta. Não posso ter contato com ela, porque o mínimo de contato que eu tiver, não vou responder pelas minhas ações. Eu a quero tanto, que nem sei o que poderia fazer, para querer que fique comigo e que me dê uma última chance. Mas ela me odeia. Ela me detesta, porque fui um babaca com ela, como sempre fui. E isso é mais um ponto positivo para me afastar e deixar que siga sua batalha para me esquecer, assim como vou começar a minha, de esquecê-la e de esquecer o que tivemos, porque não vai ser fácil. Mas mesmo assim, eu vou enfrentar.
E minha batalha começa agora.
E veio o tão sonhado POV do nosso babaquinha. Gostaram?? Pois eu amei.
Próximo capítulo vai ser o melhor de todos, então comentem muito, por favorzinho 🥹🙏🏻
E trago notícias tristes agora... Estamos indo para a reta final dessa fic maravilhosa e possivelmente acabe semana que vem 😪
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