Pergunta 33: Se você fosse morrer esta noite sem oportunidade de se comunicar com ninguém, o que você mais teria remorso de não ter dito a alguém? Por que você não o disse ainda?
O telefone de Kurt piscou com uma nova chamada. Era da Pam, a mãe de Blaine. Alguma coisa o disse para atender sozinho. Ele se desenlaçou de seu noivo no sofá onde eles estavam assistindo TV e foi para o seu quarto.
— Alô?
— Kurt? É a Pam.
— Vi que era você. Está tudo bem?
— O Blaine está perto de você?
— Não, ele está assistindo TV na sala. E você? Você está sozinha?
— Estou. Queria ter uma conversa sincera com você. Posso ser honesta com você, não posso? Estou preocupado com o Robert. E com o Blaine, é claro.
Kurt respirou fundo:
— Olha, Pam, também quero ser honesto. Fiquei, ou melhor, nós ficamos bem ofendidos com o que o sr. Anderson nos disse.
Ele podia ouvir Pam suspirando do outro lado da linha:
— Imaginei. Sei que Robert pode ser difícil de lidar. Porém, ai Kurt, eu o vi chorando igual a um bebê. A última vez que ele chorou assim foi quando Blaine se assumiu para ele.
— Acho que ele ainda não aceitou isso muito bem.
Pam soava exasperada:
— Kurt, meu querido, Robert pode parecer durão pelo lado de fora, mas ele tem um lado meigo, o lado pelo qual eu me apaixonei. Quando Blaine saiu do armário, Robert ficou assustado. Ele chorou me contando que ele se sentia incapaz de proteger o filho. Não deveria nem ter contado tudo isso a você; nem o Blaine sabe.
— Bem, se estamos trocando confidências; também tenho estado preocupado com o Blaine. Ele diz que não se afetou com a conversa com o pai, mas ele se fechou. Ele está como quando eu o conheci e tenho quase certeza de que ele chora quando eu não estou em casa.
— Meu filho tem muita sorte de ter você em sua vida.
Kurt sorriu sentindo o sorriso na voz de Pam:
— Também estou muito feliz de tê-lo encontrado. Eu é que tenho sorte. Mas acho que sei por que você ligou e não sei se posso ajudar.
— Imaginei; também conheço meu filho: ele não vai dar o braço a torcer tão fácil. Obrigada de qualquer jeito, querido. Vou tentar convencer o Robert a se desculpar de verdade com o Blaine. Nosso filho nem está respondendo às ligações dele.
— Eu sei, mas não vejo isso mudando tão cedo.
Kurt voltou para a sala e encontrou Blaine olhando intrigado para ele. Ele fez um gesto para Kurt se juntar a ele no sofá de novo. Kurt se ajeitou no abraço de seu noivo e Blaine imediatamente beijou aquele ponto atrás da orelha dele.
— Quem era no telefone?
— Sua mãe.
Blaine parou seus beijos, atônito:
— Então, agora você tem segredos com a minha mãe?
— Ela está preocupada com você. E com seu pai.
— Conheço esse tipo de preocupação. Tipo quando eu fui deixado sozinho sem ter onde morar em Nova York e tudo o que ela fez foi me dizer para "aguentar firme".
Kurt se virou para encará-lo:
— Eles te mandaram dinheiro para ficar em um hotel e você me encontrou pouco depois disso. Aposto que se a situação se esticasse por mais tempo, ela teria vindo aqui para ajudar você.
Blaine franziu o rosto. Kurt se aproximou para melhorar sua expressão com beijos e ele deixou.
— O que minha mãe queria com você, afinal?
— Ela queria ver se eu podia convencer você a falar com seu pai.
— Sem chances.
Kurt começou a acariciar o rosto dele:
— Você quer falar com ele.
— Você mudou para a faculdade de psicologia agora?
Foi a vez de Kurt de franzir o rosto:
— Podia ser sem o sarcasmo.
— Desculpe por isso; mas sério, não quero ver meu pai, não quero falar sobre ele e não quero ele no nosso casamento. Achei que você também estivesse bravo com ele.
— Mas ele é seu pai. Sabe o que eu daria para ter minha mãe no nosso casamento?
— Foi um golpe baixo, Kurt. Além do que, sua mão não é uma misógina transfóbica.
Kurt sabia o quanto seria difícil, mas viver com isso estava testando sua paciência.
— Blee, por favor, sei que ele disse coisas horríveis, mas você vai se arrepender depois. Você só vai se casar uma vez.
Blaine se amuou. Kurt tentou outra estratégia:
— Você só vai se casar uma vez, né?
— Mais uma razão para punir meu pai, ele vai ter perdido meu único casamento e vai ser lembrado disso na nossas bodas de prata.
— Você só quer ficar casado comigo por vinte e cinco anos?
— Não! Vai ser quando eu vou perdoá-lo.
— Se você vai perdoá-lo algum dia; por que não fazer isso logo?
Blaine se sentou:
— Não quero ele no nosso casamento. E vou ficar bravo com você se você o convidar pelas minhas costas.
— Nunca faria nada pelas suas costas.
— Nem se eu pedisse a você, sabe... na cama?
— Estou falando sério.
— E quem disse que eu não?
Kurt suspirou e disse depois de um tempo:
— Você sabe o que está na nossa cama?
— Os últimos convites do nosso casamento?
— Isso, incluindo o do seu pai.
Blaine fez um biquinho por um segundo:
— Por que a gente não joga todos no chão e faz amor na cama?
— Amor, pare de tentar fugir do assunto.
Blaine escondeu o rosto entre as mãos:
— Por que minha mãe tinha que se meter logo agora? É nossa noite de folga; a noite que a gente passa junto. Quero passar tempo com você, me concentrar em você.
— Então pare de resmungar e encare o assunto como um adulto.
— A gente está brigando agora?
Kurt jogou sua cabeça para trás gemendo:
— Não. Não quero brigar com você. Só quero que você seja feliz.
— Então pare de me encher sobre meu pai.
— Você vai se arrepender disso no futuro, Blee.
Blaine pegou as mãos de Kurt nas dele e olhou no fundo dos olhos dele:
— Você não pode saber isso; nós não podemos saber o futuro.
— Tudo bem, vou parar de falar do assunto. Vou dizer só uma última coisa: estou preocupado com você e eu vou trazer esse assunto à tona com toda força se pegar você chorando de novo.
— Você nunca me pegou chorando sobre isso.
Blaine estava com um sorriso malicioso enquanto dizia essa última frase. Kurt levou suas mãos aos ombros de seu noivo, decidindo entrar na brincadeira:
— Não significa que não sei que você chorou.
Blaine ficou sem ação e Kurt aproveitou a oportunidade para colar seus lábios aos dele. Kurt o sacaneou:
— E mesmo que isso, isso não foi uma briga, só, você sabe, conversa de adulto, você sabe, nós agora vamos fazer o melhor sexo de reconciliação de todos os tempos.