Gana.
--- Você não pode simplesmente sair por aí batendo nas pessoas, porra! Pensa antes de fazer as coisas, seu idiota!
--- Relaxa, cara. Ele mereceu...
--- Você não tem mais a proteção do exército, você tem minha proteção. E eu acho que estou passando a mão na sua cabeça demais, garoto. Preste atenção no que eu estou te falando. Não é a primeira vez que eu tenho que mexer uns pauzinhos pra te livrar de prisão.
--- Você é o cara. – Dou um sorriso. --- Mas se for preciso, faço novamente.
--- Você não muda...
Desligo a chamada em seguida, muito cansado pra ouvir sermão agora.
Eros estava certo, odeio admitir isso.
Mas, eu faria isso quantas vezes foi necessário.
Não tolero esse tipo de coisa. Não consigo. Podem existir dez homens iguais ao que eu bati, se os dez cruzarem meu caminho vão para o hospital, ou se estiverem mais dispostos, chegam ao inferno.
Eros era meu parceiro mais próximo quando éramos dos Boinas Verdes.
Sim, sou aposentado do exército.
“Forças Especiais do Exército dos Estados Unidos”, em outras palavras, eu fazia parte dos Boinas Verdes.
Minha maior vitória de vida foi conseguir entrar lá, e minha maior dor foi ser obrigado a sair.
Quase perdi a mobilidade do meu braço esquerdo há três anos, quando tomei um tiro.
Mason, mais conhecido como meu doador de porra, enfiou uma bala em em mim, sem piedade alguma, igual eu fiz com Alex, seu querido filho.
Não me arrependo. Tenho orgulho em ter tirado a vida dele.
Sim, sei o que isso significa perante Deus, mas convenhamos, eu não creio muito que vá mudar alguma coisa em minha vida.
Seu filho, Alex, era um bandidinho, e eu não poupei esforço para fazer a limpeza nas ruas. Agora sou perseguido por esse maluco do pai dele desde o ocorrido.
Alex era filho fora do casamento que teve com minha mãe. Odeio ser ligado a eles de alguma forma.
--- Hm... Obrigada por ontem... – Ayana, fala depois de se aproximar de mim vergonhosamente.
Observo ela fazendo carinho em seus próprios dedos, como sinal de nervosismo. E porra, achei isso incrível.
Ela realmente parece uma menina. Me pergunto quantos anos ela deve ter.
--- Não se preocupe. Só... Não fale mais com esse caras daqui fora da academia. De todos, acho que só três tem uma grama de QI.
--- Certo. – Ela dá uma risadinha. --- Vou me lembrar disso.
Jesus. Essa mulher é uma obra prima.
Quando eu era garoto, vi pela primeira vez "A noite Estrelada" de Vincent Gogh, e pra mim, a obra saiu da tela. Mas, ver ela, é melhor, mil vezes melhor.
Percebi que tenho falado muito em Deus desde que a vi pela primeira vez. Talvez se dê porque seu rosto seja semelhante ao de um anjo.
Aparentemente já perdi todo meu juízo.
Ontem à noite, eu como um adolescente na puberdade, tive um sonho com ela... E porra, que sonho do caralho.
--- Não vá sozinha hoje.
--- Ah. Tudo bem. Eu vou te esperar então. – Sorri feliz e se vira, me permitindo ter a visão dos deuses.
--- Ayana. – Saboreio seu nome em meus lábios. E fica melhor ainda do que somente pensar.
Porra, vou acabar ficando maluco com essa mulher todo dia ao meu lado.
--- Trevor está atrás de você, Gana.
Simon me grita do outro lado da academia.
Ignoro o garoto, e olho em volta, procurando Trevor.
O vejo sentado no chão próximo ao portão.
--- Fala, garoto. – Me aproximo dele.
--- Eu vou lutar com o Colins! O J conseguiu a luta pra mim, cara. – Se levanta, ficando de pé em minha frente.
Caralho!
--- Parabéns, Trevor!
Me limito a falar, mas ele entende.
--- Obrigado por tudo que me ensinou! Se eu ganhar essa luta, você vai subir lá em cima comigo.
Esse garoto era um orgulho para qualquer professor.
Bato em sua mão, e dou o melhor sorriso que consigo. Ele sabe que é esse meu abraço.
--- Único aviso, que você sempre ouve de mim: Sem soberba. – Falamos a última frase ao mesmo tempo.
Fiquei realmente feliz com isso, mesmo que eu não queira admitir.