- Espera! Vamos orar por C. Eu já fiz isso algumas vezes, mas com mais pessoas orando é melhor.
- Claro! - Digo.
Ficamos sentados no sofá de mãos dadas. Fechamos os olhos e fulaba diz:
- Querido Deus. Só o Senhor sabe o que se passa na cabeça de C. Não sei o motivo das crises dela, mas o Senhor também sabe. Não sei se ela já nasceu com ansiedade, então não sei como orar direito. Mas o importante é sempre tentar.
- Ela não tinha ansiedade antes. - Digo em voz baixa. - Isso surgiu depois. Talvez por causa dessa nova vida dela.
- Entendi... Mas ela é uma boa garota. E mesmo se não fosse, temos que fazer nossa parte. Enfim meu Deus, eu sei que O Senhor a ama e cuida dela. Tenho certeza que já a livrou de muita coisa. Até desse namorado abusivo dela! - Abro um olho e depois o outro. Fulana continua: - Continue cuidando dela Senhor. Faz ela perceber que precisa de Ti. Faz ela perceber que precisa de ajuda. Obrigada por sempre nos amar e está no controle de tudo. Obrigada por coloca-la no meu caminho e por não desistir dela. Em nome de Jesus. Amem.
- Amém... - Ela continua de olhos fechados. Eu fecho os olhos e digo: - Pai do céu. Eu não sei o que fazer. Quero conversar com ela, muito, muito mesmo. Mas pelo visto ela está com um grande problema e com certeza a última ajuda que ela iria querer é a minha. Espero que eu não seja o motivo das crises dela, Pai. Eu jamais iria desejar isso. Por favor, trás ela de volta para o caminho de Jesus. Em nome de Jesus eu oro e agradeço. Amém.
- Amém!
Abro os olhos e fulana já esta com os olhos abertos. Solfamos a mão e digo:
- Até amanhã.
- Porquê acha que é o motivo das crises dela?
Levanto do sofá respirando fundo e digo:
- Outro dia eu conto.
- Para de enrolação V! - Fulana diz levantando do sofá. - Realmente se comporta como um culpdo.
- Porquê eu sou. Não sei se da ansiedade dela. Mas sou culpado por partir o coração dela. Eu fui um idiota que só pensei em mim. Eu a magoei. Eu terminei tudo e nem conversei direito com ela.
- Porquê terminou?
- Não consigo falar agora. - Digo com os olhos de lágrimas. - Eu sinto muito.
- Calma meu amigo, por favor não chore.
- Então me deixa ir.
- Me desculpa.
Eu dou um abraço rápido nela e saio do apartamento.
Vejo uma mulher de costa para mim usando uma peruca engraçada. Paro de andar no corredor dos apartamentos.
Coloco a mão na boca para ela não me ouvir rindo. Respiro fundo e tiro a mão da boca, não sinto mais vontade de rir, ela parece que vai cair da escada. Será que ela está se sentindo mal?
Então ela vira em minha direção. Ai meu Deus! É a C. Estou tão surpreso que nem consigo me mexer.
Não achei que iríamos nos encarar tão cedo. E porque ela usa uma peruca? E está vestida com roupa masculina. Que eu saiba ela usava roupas femininas. Nada contra, mas ela está diferente.
Meu coração não para de bater e sinto frio em minha barriga.
Ela acaba vomitando me deixando assustado. Corri me aproximando dela e coloco a mão nas costas dela e a outra mão seguro a mão dela.
Que saudade disso!
Ela afasta a mão dela da minha e depois tenta se afastar de mim andando pra trás, minha nossa ela quase cai da escada, graças a Deus sou rápido e seguro os braços dela e a puxa para perto de mim a abraçando com a intenção de protegê-la. Fico a encarando, estamos muito perto um do outro. E quero muito beijá-la. Mas ela com as mãos empurra meu peito, acho que tentou me afastar, mas eu nem me mexo. Ela está com olheiras, deve ser falta de sono e está com os lábios ressecados e machucados. Resolvo me afastar, pois com certeza C quer isso.
Eu digo:
- Perdão.
- Perdão? - Ela diz com grosseria. - Qual dos motivos está pedindo perdão? Porque tem vários!
- Eu... - Digo constrangido. - Eu quis dizer por eu ter te agarrado dessa forma. Mas é que você ia cair.
- Há. Não precisava... Preferia cair mesmo.
- C... - Falo me aproximando dela.
Ela se afasta se aproximando de um apartamento, só que ela para de andar. Fico confuso e então a vejo colocando as mãos na cabeça. Ela não está bem. Escuto minha amiga dizer:
- V, você deixou a porta aberta... C?
- C você não está bem. - Digo me aproximando da minha ex. - E está com o cheiro de álcool.
Coloco minhas mãos nos ombros de C tentando ajudar e fulana fica na frente de C e diz:
- Amiga, vamos no me apartamento.
- Eu não quero ficar perto desse cara. - Ela diz com voz de raiva.
- Ele já está de saída... - Fulaha diz me olhando. - Não é V?
Ela acena com a cabeça para eu descer as escadas.
- É, é... Sim. - Digo.
Mas não quero ir.
Vejo C quase caindo no chão. Corro e fulana segura os braços dela e eu com minhas mãos seguro as costas dela. C abre os olhos olhando para fulana e depois para mim. Fico arrepiado e minhas mãos estão suando. Então sem pensar muito a carrego no colo e ela diz:
- Não, me solta, me coloca no chão!
- Você vai ter o tempo todo para me odiar. - Digo andando em direção ao apartamento de fulana. - Mas não vou deixar de te ajudar.
Entro no apartamento de fulana. C fecha os olhos me deixando preocupado. Fulana fechando a porta do apartamento, diz:
- Coloca ela no meu quarto. Corredor, última porta esquerda.
Ando apressadamente e vou no corredor e tem uma porta do lado direito. Andando mais um pouco tem outra porta do lado direito e mais uma porta do lado esquerdo. A última porta e então eu entro. Tem duas camas, uma em cima da outra. Coloco C deitada com cuidado na cama de baixo.
Fulana aparece com o celular no ouvido e eu digo:
- Chamando a ambulância?
- Quase, minha mãe. - Ela diz.
- Ok, ela é uma ótima médica.
- Obrigada.
Olho para C.
Sonhei tanto em encontrá-la. Não imaginei que fosse com ela desacordada. Imaginei ela até gritando comigo, mas não desse jeito. Parece muito frágil, doente, perdida, sozinha. Da mesma forma de quando a conheci pela primeira vez.
Mas ela tinha aceitado Jesus, tinha mudado de vida... Porque parece que ela voltou pra vida antiga? Porque?
Com a mão acariciou o rosto dela. Me aproximo de seu rosto e digo:
- Por favor, acorde logo. Nem que seja para me bater. Eu prometo nunca mais te deixar. Prometo cuidar de você. Não está sozinha. - Dou um beijo na testa dela e levanto da cama e para fulana, eu digo: - A respiração dela está devagar.
- Calma, V. - Ela diz me olhando. - Mãe! - Fulaba diz no telefone. Ela diz: - Finalmente atendeu! Preciso da sua ajuda. C desmaiou... Eu não sei o que aconteceu... Rápido... Ok, vou me acalmar... Ok... Também te amo.
Fulana respira fundo desligando e eu digo:
- Calma. Vamos manter a calma. Se não ninguém ajuda ela.
- Verdade. - Ela diz respirando fundo. - Vou beber água.
Ela sai do quarto.
Quase uma hora depois, a mãe de fulana aparece. Eu levanto da cama e fulaba atrás dela diz:
- Ela vai ficar bem?
A mãe de fulana pega na bolsa alguns objetos. Olha o coração de C e diz:
- Ela vai ficar bem. Vai acordar em algum momento. Se ela estiver tonta ou com dor de cabeça, der esse remédio.
Ela pega o remédio na bolsa e fulana segura.
Eu digo:
- Obrigado.
- Vocês encontraram ela assim?
- Não. - Fulaba disse. - Ela estava acordada e depois desmaiou.
- É. - Eu digo. - A gente até se falou um pouco, mas ela estava com raiva e com cheiro de bebida alcoólica.
- Eu senti o fedor. - A mãe de fulana disse. - Deve ter bebido demais.
- Sim. - Digo e olho para minba amiga e pergunto: - Faz tempo que ela bebe?
- Sim. - Ela responde.
Estou muito mal com tudo isso. Porquê C mudou tanto?
- Eu preciso ir. - A mãe de minha amiga disse. - Tenho um paciente daqui a duas horas.
- Muito obrigada, mãe. - Fulaba diz. - Deus acompanhe.
- Amém. - A mãe dela diz.
- Obrigado. - Eu digo.
Ela sai do quarto. FULANA, diz:
- Vou ficar na sala, assistir algo para me acalmar. Você fica se olho nela?
- Claro. - Eu digo. - Não saio até ela abrir os olhos.
Fulana sorrir e diz:
- Colocou ela na minha cama. Se ela só acordar amanhã, eu durmo na de cima.
- Ela tem que acordar hoje. - Eu digo.
- Ela bebeu, pode dormir mais tempo.
Ela sai do quarto.
Sento na cama ao lado de C.
Essa peruca azul não combinou com ela.
Deus, por favor, que ela acorde logo.
C abre os olhos. Graças a Deus! Obrigado Jesus! Ela olha ao redor do quarto. Deve estar me ignorando ou procurando Fulana.
Eu digo:
- Ela está na sala, você tinha desmaiado. A mãe dela veio e te observou. Mas teve que ir embora. Eu vou chamar fulana. Mas antes... - Finalmente ela me olha e eu digo: - Você quer que eu tire essa peruca?
- Não. - Ela diz parecendo um gelo do tanto que está sendo fria comigo. Ela diz: - Eu só quero dormir.
- Ok. Se quiser tomar algum remédio, eu posso pedir pra fulana pegar.
Com gentileza coloco a coberta no corpo dela, ela diz:
- Saia.
- Está bem. - Digo tranquilo, mesmo magoado. - Descanse.
Sem pensar duas vezes me aproximo do rosto dela e dou um beijo na testa dela.
Ela me olha com muita raiva, mas não me importo.
Então levanto da cama de fulana e saio do quarto.
Apareço na sala e vejo fulana assistindo desenho bíblico.
Eu digo:
- Ela acordou.
- Oh glória! - Fulana diz levantando do sofá e indo até o quarto.
Será que devo ir embora? Melhor deixar C se acalmar.
Saio do apartamento. Desço as escadas e fico andando na Rua.
Estou aliviado por ela ter acordado, pena que ela não quer falar comigo. Mas não vou desistir fácil, preciso pelo menos me desculpar.
E é isso! Posso começar com as desculpas agora.
Volto para o apartamento e bato na porta. Fulaba abre a porta e diz:
- Oi, saiu e nem disse nada.
- Me desculpe. - Eu digo. - Resolvi voltar e fazer alguma coisa para C. Que tal dormir hoje aqui e fazer o café da manhã pra ela? Ou se não arrumar o apartamento dela. Ou...
- Calma amigão. - Fulana disse devagar batendo no meu peito. Ela diz: - Só faz algum café na cama. Você precisa falar com seus pais. Amanhã você volta.
- Não, pode não dar tempo. Vou ligar para meus pais. Contar sobre o assalto e sobre a C.
- Ok.
- Mas C não vem pra sala, não é? Melhor ela não me ver agora.
- Ela resolveu dormir.
- Ótimo.
Fulaba me empresta o celular e conto a minha mãe que estou bem e que vou dormir na casa dela porque encontrei a C e ela não parece bem.
Meu pai escuta tudo também, pois minha mãe deixou no viva-voz.
Depois digo que fui assaltado. Mas que já fui no hospital e fizeram um curativo. Minha mãe diz que só acredita vendo. Mando uma foto para ela. E então ela pede para eu ir para casa e digo que não posso por causa de C.
Meu pai tranquiliza minha mãe e diz que C realmente pode precisar da minha ajuda.
Acordo no sofá de fulana. Ela dormiu na cama de cima do quarto dela. Olho o quarto dela para ver se C acordou e ainda bem que não.
Então vou na cozinha e vejo que tem pães e comida. Olho na geladeira e tem metade de um bolo. Pego o prato grande com o bolo redondo de laranja. Pego faca, prato e garfo. Então coloco no prato dois pedaços de bolo. Pego uma caneca no armário e a garrafa de café na mesa e coloco o café na caneca. Experimento e já está com açúcar.
Então olho os armários no chão e vejo uma bandeja. Coloco tudo na bandeja.
Falta mais alguma coisa... Algo romântico.
Então deixo tudo na mesa e saio da cozinha. E depois saio do apartamento deixando a porta encostada. Ando apressadamente.
Fico andando pela rua e entro em uma loja de chocolate. Mas resolvo não comprar. Já tem doce demais no prato.
Será que tem alguma rosa por aqui?
Fico andando pela Rua e vejo um homem com algumas flores na mão dentro de um carro.
Corro até ele e digo:
- Olá, moço.
- Olá. - Ele diz saindo do carro.
- O senhor me emprestaria, na verdade me daria uma flor dessa?
- É tipo um buquê pra minha mulher, cara.
- Ela não vai sentir falta de uma flor. Pego até no meio, ela não vai perceber.
Ele revira os olhos e diz:
- Acho bom que seja para namorada e não amante.
Ele fica pegando a flor no meio de outras e digo:
- Ex-namorada serve?
Pego da mão dele e ele rir dizendo:
- Você realmente aprontou e quer se desculpar, né?
Corro de volta para o apartamento.
Então apareço no apartamento e a porta está fechada. Há não! Eu tinha deixado encostada!
Bato na porta duas vezes e ia bater novamente quando fulaba atende e diz:
- Olá de novo. Pensei que já tivesse ido.
- Ainda não terminei com o café na cama. - Digo entrando no apartamento.
- Como conseguiu a flor? É difícil nessa época.
- Deus está do meu lado. - Digo animado entrando na cozinha.
Coloco a flor na bandeja e seguro a bandeja saindo da cozinha.
Fulana sorri e diz:
- Uau! Você sabe como conquistar sua ex namorada.
- Flores sempre dão certo, não é? - Eu digo sorrindo.
- As vezes. Mas comida sempre dão certo.
Nós dois rirmos.
Apareço no quarto e a vejo dormindo. A peruca está quase caindo. E ela está sorrindo, sem mostrar os dentes, mas é um sorriso. Finalmente um sorriso.
Espero que esteja sonhando comigo. Com nós.
Coloco a bandeja em cima da cama perto dos pés dela. Os pés estão sujos, mas são lindos.
Então saio do quarto. Me aproximo de fulana e digo:
- Minha parte eu fiz. Espero que ela goste.
- Mandou muito bem. - Fulana diz sorridente.
- Valeu. Bom, eu vou indo.
- Irei chamá-la para ir a igreja. Já que você vai a de seu pai e meu noivo foi visitar os pais. Quero a companhia dela e sinceramente quero ela lá. Ela precisa. E quem sabe isso a convence a ler a bíblia novamente e voltar a se aproximar de Deus.
- Então dá uma bíblia a ela. Acho que ir a igreja ela não vai querer.
- Não custa tentar.
- Ok. Minha ex e eu temos sorte em ter você, fulana.
- Com certeza.
Nós dois rirmos e nos abraçamos.
Ela diz:
- Tem certeza que não quer ficar? Até ela acordar? E dá diretamente a ela a bandeja do café da manhã?
Decida o próximo capítulo.
Capítulo - Ele resolve ir embora.
Capítulo - Ele resolve ficar.