Comentem seus lindos!
Park Chaeyoung
Estávamos dentro daquele carro faziam mais de dez minutos, ela estava de braços cruzados e olhando pela janela com uma feição nada boa.
— Para onde vamos? — Perguntou sem me olhar.
— Minha casa. — Respondi e ela descruzou os braços em seguida olhou para mim.
Eu diria que quase desesperada.
— Não nos casamos ainda. — Eu ri, ri muito por sinal.
Até parece...
Neguei com a cabeça.
— Exatamente por isso que estou te levando lá. — Tirei minha arma de minha cintura e coloquei em cima do painel do carro, ela acompanhou todos meus movimentos como os olhos. — Mesmo que fosse outro caso, não precisamos fingir, afinal, não a conheci hoje. — Seu olhar voltou para meus olhos mas tive que desviar para frente.
Ouvi sua respiração mudar e seu cheiro torna-se mais forte.
Ela está com raiva.
— Nós duas também sabemos que você não tem local de fala, nunca que uma alfa lúpus como você seria — Fez uma pausa como se pensasse em uma palavra. — isenta. De que mesmo? Ah, "experiências". — Apertei o volante tão forte que senti que poderia quebrá-lo com um puxão.
E eu poderia mesmo.
Depois disso, não falamos mais nada e eu fiquei feliz pelo percurso ter sido rápido.
Estacionei o carro em frente a minha casa, como eu teria que sair de novo não vi necessidade de guardá-lo na garagem.
Ela ficou olhando as casas e a rua, eu destravei as portas e sai primeiro dando a volta para ajudá-la a descer, mas ela simplesmente saiu sozinha. Não que eu esteja reclamando, ou que quisesse fazer a romântica só que nós militares, principalmente tendo família militar também, somos ensinados a tratá-las dessa forma.
Jisoo me viu ali parada perto dela e seus olhos se arregalaram levemente.
— Desculpe-me, eu acabei esquecendo desses costumes por ter morado longe por dois anos. — Eu usaria aquilo para tentar puxar um assunto descente sem que nos ataquemos.
Porque eu sei que essa mulher é capaz disso e eu não saio por baixo.
— Conte-me mais sobre isso.
— O quê?
— Ter morado longe dos seus pais por dois anos, não sabia que isso tudo tinha acontecido.
— Não tem como saber mesmo, não sabíamos nada uma da outra de qualquer forma. — Ela passou por mim.
Tomei a frente e peguei minhas chaves para destrancar o portão.
O que eu acho engraçado é que essa rua nunca, NUNCA, fica cheia mas hoje que eu trouxe essa mulher aqui, surpreendentemente ela está mais cheia que desfile de dia da Independência. Eu posso estar sendo exagerada, mas eu tenho quase certeza que nunca vi boa parte dessas pessoas aqui ou se vi, eu não me recordo de jeito nenhum.
Abri o portão e ela passou em minha frente mais uma vez.
Reviro os olhos.
— Capitã Park! — Meu Deus, o que foi que eu fiz para estar merecendo isso? — Capitã Park! — Virei-me em direção a quem me chamava.
É a senhora Fields e a filha dela, Stacy, ela é muito linda, não vou mentir.
Mas eu sabia o que ela queria e eu não poderia dar isso à ela, entretanto eu dei o que pude, ela passou um de meus cios comigo e eu não me arrependo. Em partes, porque ela simplesmente agora acha que tem alguma relevância para mim.
Agora vejo que foi um erro ter se envolvido com alguém que mora praticamente de frente pra mim.
— Estou feliz em vê-la aqui agora, não foi trabalhar hoje? Está tudo bem?
Felizmente, ela não acorda tão cedo então eu nunca a vejo pela manhã durante minhas corridas com o Dante e de tarde eu trabalho até a noite, quando eu chego morta e só quero me fundir a minha cama.
— Eu tive um compromisso, então minha Coronel me liberou por hoje. — Respondi simplista. — Agora, eu tenho que ir. — Ela segurou meu braço e eu a encarei.
Todos acreditam que eu estou solteira desde que cheguei aqui, as famílias tentam a todo custo me jogar alguém e a que chegou mais perto de ter algo de mim foi Stacy.
Ela é uma ômega de cabelos platinados, um pouco alta, seios fartos, olhos castanhos escuros e tinha até mesmo um sorriso bonito.
Talvez eu teria tido algo com ela.
— Olha, minha família vai fazer um churrasco. — Ela apontou para lá. — Se estiver com fome e disponível, teríamos o prazer em recebê-la. — Seus lábios curvaram-se em um sorriso malicioso.
Abri a boca para respondê-la mas ouvi uma tosse forçada logo atrás de mim, Jisoo estava encostada na porta de braços cruzados e uma sobrancelha erguida.
Ela olhou para a mão da garota em meu braço e automaticamente eu puxei meu braço para longe.
Stacy me olhou um pouco surpresa pela minha reação e em seguida virou-se em direção a Jisoo.
— Ah, oi! — Ela acenou. — Eu não sabia que a Capitã Park estava acompanhada, de qualquer forma o convite ainda está de pé. — Ouvi sua risada, Jisoo permaneceu séria enquanto a encarava. — Meu nome é Stacy Fields e essa é minha mãe, Noora Fields.
Jisoo virou o rosto para o vidro do carro e eu a acompanhei, ela estava literalmente olhando para minha arma no painel.
— Com licença. — Eu abri o carro e a peguei, colocando de volta em meu coldre preso em minha cintura. — Vamos. — Coloco a mão em sua cintura para guiá-la de volta para dentro.
— Não vai se apresentar?
Stacy, cala a boca.
Jisoo entrelaçou nossas mãos, isso enquanto olhava para elas e o olhar delas foram diretamente em nossas mãos.
— Para vocês é Park Jisoo. — Elas e até mesmo eu fiquei boquiaberta com sua resposta.
Ela me puxou para dentro e fechou o portão.
Eu olhei para seus olhos e ela estava com uma sobrancelha erguida.
— O que foi?
— O que foi, pergunto eu. — Ela deu um sorriso irônico.
Aproximou-se, segurou meu sobretudo como se o ajeitasse e deu leves batidas nele com as mãos como se tirasse alguma sujeira.
— Deixa eu te explicar uma coisinha. — Jisoo, não olhava em meus olhos continuava a ajeitar algo em mim. — Ômegas lúpus podem até não terem sentidos tão aguçados quanto alfas lúpus, mas os sentidos ainda são existentes. — Seus olhos se encontraram com os meus. — Eu sei que você já teve alguma coisa com ela.
— Você, o quê?
— Conseguimos identificar algumas coisas através do cheiro, assim como vocês, só que como também somos ômegas nós sabemos claramente como o cheiro de outro ômega fica perto de alguém com quem ele já teve um contato mais íntimo. — Ela se afastou dando-me as costas. — Principalmente quando é com nosso alfa.
É, até que ela está me surpreendendo com essas coisas.
Eu realmente não sabia sobre isso.
Nós alfas conseguimos sentir como outros alfas se sentem com nossos ômegas.
— Por que você me trouxe aqui, afinal? Eu quero ir para casa.
— Logo, aqui será sua casa e por isso — Coloco a mão em sua cintura a levando para dentro de minha casa. — você tem que conhecer. — Abro a porta da sala e nós entramos.
Do portão até aqui, tem um imenso gramado e ao lado da casa tem minha garagem.
Eu preferi uma casa sem piscina porque eu trabalho o tempo todo, raramente tenho folgas e minhas férias eu sempre deixo para fim de ano. Na verdade, eu nem peço folga porque meu trabalho é minha prioridade e eu nunca o coloco para segunda opção.
Nunca o coloquei.
Minha sala é dividida com a cozinha, em frente a escada para o andar de cima tem um sofá grande cinza em formato de "L" , uma mesinha de centro, mais para frente uma estante e a televisão que optei por prendê-la na parede.
Do lado oposto, tem uma escada que leva ao andar debaixo, lá apenas tem meu escritório e arsenal. Ainda daquele lado, tem uma pequena biblioteca com uma poltrona e uma mesinha.
Já do outro, está a cozinha dividida com a sala por conta do balcão que tem três banquinhos em frente a ele, no mesmo balcão tem o cooktop por indução, em cima está o sugador de gordura, e atrás está a pia, dois fornos grande e a geladeira.
O banheiro fica embaixo da escada, é um banheiro pequeno.
Jisoo olhou para o comedouro do Dante.
— Eu tenho um cachorro. — Disse. — Um pastor alemão.
Ela olhou para a escada que dá ao andar debaixo.
— Lá fica meu escritório e arsenal.
— Você tem um arsenal?
— Eu preciso. Vamos no andar de cima. — Jisoo foi sem precisar que eu lhe desse uma "forcinha".
Subimos as escadas.
O andar de cima era simples, ao subir as escadas, virava-se para trás e lá estavam quatro portas, dois eram quartos de hóspedes e um era um quarto vazio, nem eu sei porque eu tinha aquele quarto vazio mas eu tinha.
Os dois quartos de hóspedes tinham banheiros.
E no fim do corredor, estava o meu quarto que seria nosso.
A cama de casal estava do lado direito da porta, com dois pequenos móveis em cada lado, logo também depois dela estão as portas para a sacada que dá a vista para o andar debaixo e uma parte da vizinhança. De frente para a cama está um armário e a porta do banheiro do quarto.
No banheiro tem uma pia com um espelho, o sanitário, uma banheira grande no canto seguida de um box médio.
— Então essa é a casa que você vai morar. — Ela ainda olhava o quarto. — Eu a trouxe aqui porque não quero ter que passar por mudanças pós casamento, então quero saber se você quer mudar ou fazer algo, logo providenciarei e quando casarmos as coisas já estarão da sua preferência. — Jisoo olhou para a cama por alguns segundos e depois para mim. — Ficará mais em casa do que eu, então quero que goste do ambiente. — A ômega franziu o cenho.
— Não, eu trabalho.
— Vai pedir demissão. — Respondi em seguida e rápido. — Simples assim. — Jisoo espremeu as sobrancelhas.
— Eu não vou pedir demissão. — Levantei uma sobrancelha e passei a mão no cabelo pedindo calma aos céus.
— Você vai. — Eu disse firmemente. — E ponto final.
— Isso pode funcionar com seus subordinados, mas eu não sou um deles. — Reviro os olhos e bufo. — E respondendo a sua pergunta, sim, eu quero que você mude uma coisa nessa casa. Só uma. — Depois voltamos ao assunto de sua demissão...
— Que seria?
— Esse colchão. — Ela apontou.
Eu ri alto.
— Eu comprei ele faz três anos, o certo é trocá-lo depois de sete. — Jisoo cruzou os braços na altura dos seios. — Não, não vou fazer isso, sinto muito.
— Ou você vende ou joga fora, eu não me importo, mas eu não vou deitar em um lugar onde seja lá quantas mulheres você já trouxe e dormiram contigo.
— Felizmente tem mais três quartos e a sala disponíveis.
— De fato, quanto mais longe de você melhor.
Ela ia passar por mim, porém eu fui mais rápida e a prendi contra a parede.
Seus olhos tornaram-se surpresos, sua respiração ficou ofegante e eu estava tentada a beijá-la pois a coloração vermelha em seu rosto me deixou com mais vontade de senti-la, além de seu cheiro ter ficado mais forte.
Minhas mãos apertavam sua cintura fina e suas mãos foram diretamente para meu peito.
— S-se afasta. — Ouvi-a dizer com dificuldade.
— Não parece tão segura do que quer. — Aproximei meu nariz de seu pescoço e sua acelerou mais ainda. — É melhor ficar mesmo longe de mim? É o que você acha? Não é o que seu corpo diz. — Não resisti e comecei a distribuir beijos por seu pescoço.
Suas mãos relutantemente foram para minha nuca, pressionando-me mais ainda contra seu pescoço.
Seu suspiro de satisfação em meu ouvido fez com que minhas presas descessem e eu sentia muita vontade de marcá-la mesmo que aquela marca não fosse exatamente a que nos ligaria para sempre.
O telefone dela começou a tocar e eu queria jogá-lo longe, ela me empurrou não muito longe apenas o bastante para pegar o telefone no bolso do casaco.
Eu não consegui ler o nome no visor.
— O que foi?
Não deveria, de novo, mas usei meus sentidos para ouvir aquela conversa.
— Eu preciso conversar com você. — Aquela voz era familiar. Familiar até demais! — Jisoo, amanhã você vem para o trabalho mais cedo e nós saímos para um café, que tal? Nisso nós conversamos e eu tirarei da sua cabeça essa ideia maluca de se casar com outra. — É claro que era ela.
A maldita da ex-namorada dela.
Eu a mataria, com certeza a mataria.
— Desliga. — Eu disse séria. — Desliga agora. — Jisoo franziu o cenho.
— Quem está aí com você? — Seguro sua mão e viro o telefone para mim.
Hirai Momo...
Então esse é o nome dela...
Ela nem precisou fazer nada, eu mesma desliguei e Jisoo ficou com raiva. Muita raiva.
E eu não entendia o porquê mas aquela raiva por eu ter desligado o telefone dela estava me incomodando, além de também não fazer sentido na minha cabeça o motivo dela ter ficado com raiva de mim.
— Por que você fez isso? — Ela falou alto.
Essa ômega está maluca se acha que pode falar assim comigo.
— Sai, se afasta de mim agora! — Jisoo praticamente rosnou de raiva.
Somos híbridos de lobos, rosnar é algo normal para nós as vezes.
— Você não vai encontrar-se com ela!
— Vamos começar a estabelecer umas regras antes de nos casarmos — Trinquei a mandíbula e fechei as mãos um punho. — Nada de usar seus sentidos para ouvir minhas conversas! Respeite minha privacidade! — Bufei entre os dentes.
— Eu digo o mesmo para você!
— Ah, é? Ficou com raiva por eu ter descoberto sobre seu caso com a vizinha? — Ela rebateu.
Como essa ômega consegue me tirar mais do sério do que a Lalisa?
— Eu não estou nem aí em você descobrir que eu posso ter dormido até com uma das empregadas do meu pai, mas não pense você que eu vou tolerar conversas e encontro com sua ex-namorada! E outra, você vai pedir demissão e se não pedir, não tem problema eu mesma vou e peço por você.
— Você quer que eu me demita pela minha ex ser minha superior?
— Tá aí, mais um motivo para a lista do porquê você deve pedir demissão e agora!
Ela simplesmente bufou fortemente e me deu as costas batendo a porta tão forte que eu até mesmo achei que ela tinha quebrado a minha porta.
Ômega temperamental, check.
Alfa mais temperamental ainda, check.
Respirei fundo e passei a mão em meu rosto.
Tem um ditado que diz: Dai-me paciência porque se me der uma arma, eu mato.
Essa merda não funciona comigo, porque eu tenho uma arma. Uma não, um arsenal. Então eu devo pedir apenas por paciência mesmo.
Quem disse esse ditado? Não faço ideia.
É um ditado? Eu também não faço ideia.
Meu telefone vibrou e era uma mensagem de meu pai pedindo que voltássemos.
Mandei uma mensagem para Tzuyu pedindo-a que pegasse Dante no Pet Shop e o trouxesse para minha casa, ela tinha uma chave reserva.
Desci as escadas e Jisoo estava encarando o nada, embora parecesse que ela estivesse olhando para uma cesta de frutas em minha mesa de jantar.
— Quer uma noz? — Perguntei e ela deu um leve salto pelo susto, acabei dando uma risada nasal e fui até lá pegando-a em minha mão. — Comprei ontem.
— Eu sou alérgica a nozes. — Jisoo disse.
Sua feição estava séria porém ao mesmo tempo cabisbaixa e aquilo me incomodou.
Por que quase tudo nessa mulher está me incomodando?
— Então, você quer uvas? — Levanto um cacho de uvas verdes e pego uma para mim. — Essas estão ótimas. — Digo após comê-la. — Meu pai quer que eu te leve de volta. — Jisoo virou-se e caminhou em passos lentos até a porta.
Eu a segui durante todo o percurso até o carro e quando chegamos, abri a porta para ela e lhe entreguei as uvas que eu peguei.
Liguei o carro e dirigi de volta a casa de meu pai.
Jisoo estava com a cabeça encostada no vidro enquanto comia as uvas que eu havia lhe trago.
Nem percebi que meus lábios haviam se curvado em um sorriso besta enquanto eu a observava.
— O sinal abriu. — Ela disse e eu tomei um choque de realidade voltando a conduzir meu carro.
— Me fale sobre sua família.
— Me fale você sobre a sua.
— Certo. — Paramos em mais um sinal. — Eu sou filha única, tenho meus pais e nunca fui próxima da minha família ou de parentes, exceto por meu avô paterno que já é viúvo. — Disse resumidamente. — Não tenho mais o que falar. — Eu realmente não tinha.
Kim Jisoo
Meu pai tinha me dito que ela tinha passado por uma fase complicada, algo me diz que isso tem a ver com ela ser afastada de todos da família, exceto pelo avô como ela disse.
Eu não sei porque ela puxou essa conversa, mas só por esse pouquíssimo de informação eu já pude constatar que viemos de famílias muito diferentes.
— Agora é sua vez. — Comi mais uma uva antes de respondê-la.
— Eu sou gêmea de meu irmão, Kim Seokjin, e tenho outros dois irmãos gêmeos, Kim Jennie e Kim Taehyung. — Ouvi-a murmurar "hm..." — Apenas o Taehyung é um alfa, e mesmo com isso papai não o pressionou a seguir sua carreira, na verdade, ele queria que minha irmã mais nova seguisse. — Paramos em mais um sinal, eu olhei em seus olhos e ela também olhou para mim. —Minha irmã, Jennie, é a cópia dele e realmente me surpreendeu ela abrir mão de tudo porque não queria se casar.
— Como assim?
— É tradição de nossa família casamentos arranjados, meus dois irmãos tiveram um casamento arranjado.
— Agora você... — Ela disse e eu assenti comendo mais uma uva.
Voltei a olhar pela janela após o veiculo começar a se locomover de novo.
— Jennie disse que preferia perder sua herança a casar-se com alguém que não conhece, casar-se forçada, então pegou suas coisas e veio para a Nova Zelândia. Não demorou muito, eu pedi meus pais e eles permitiram minha vinda para cá junto de minha irmã, então eu achei que eles tinham desistido de me casar com você. — Eu me sentia confortável em sua presença, por isso eu estava falando tudo aquilo. — Mal sabia eu que estava tudo indo de acordo com os planos dele, afinal, você mora aqui e eu morei o bastante para não precisar de processo de adaptação com o novo país. Com a nova língua.
— E ele realmente tirou a herança de Jennie?
— Óbvio que não! — Eu respondi com total certeza. — Ela é mais a princesa dele do que eu, mais fácil ele me deserdar embora também seja um pouco difícil. — Deixei uma leve risada escapar e também ouvi ela rir.
Mesmo que tenha sido algo simples e baixo, mexeu um pouco comigo.
— Mas eu não sei quais são os planos dele com Jennie, acho que ele tem uma lista de considerações, como: "Se ela se casar com tal tipo de pessoa, eu libero a herança" Sabe? — Ela assentiu e eu comi a última uva.
— Por que você diz que ela é a cópia dele? — Chaeyoung perguntou.
— Espere para conhecê-la. — Ela me deu uma rápida olhada. — Ela ia seguir carreira militar, por conta disso fez muitos treinos e hoje, como a Daphne disse, ela transformou o corpo dela em uma arma perigosa. — Chaeyoung riu mais uma vez e eu achei lindo seus olhos se fechando por conta de suas bochechas.
— Deixa eu adivinhar, a especialidade dela é combate corpo a corpo? — Eu assenti rindo e um pouco surpresa por ela ter adivinhado tão facilmente. — Parece uma peste que eu conheço. — Chaeyoung segurou sua arma e olhou para ela por alguns segundos. — Uma peste que, infelizmente, eu não poderei aniquilar. — Colocou-a em seu coldre de novo.
Eu fiquei curiosa sobre quem é.
— Chegamos. — A alfa disse desligando o carro. — Jisoo. — Era a primeira vez que ela me chamava pelo meu nome.
Olhei para seus olhos cor de mel e esperei pelo o que ela tinha a dizer.
— Eu não estava brincando quando disse que quero que se demita. — Estava bom demais para ser verdade.
Revirei os olhos tão forte que achei que eles não voltariam.
— Eu estou falando sério, não revire os olhos para mim!
— Então pare de me pedir uma coisa dessas. Que absurdo!
— Faça o que eu estou mandando, simples assim. — Chaeyoung disse saindo carro.
Eu que não ia esperá-la muito menos quero tocar em sua mão.
Abri a porta com tudo e acabou batendo contra o rosto dela, levei a mão até a boca após a constatação dos fatos.
Chaeyoung estava com a mão no rosto, mais precisamente próximo ao olho.
— Me desculpa. — Eu pedi e quando ela tirou a mão eu vi que estava roxo o local. — Chaeyoung, você está bem? Está doendo muito? — Segurei seu rosto com as duas mãos e o virei para olhar onde estava a marca roxa perto de seu olho.
— N-não foi nada. — Ela se desvencilhou de minhas mãos e foi andando na frente com a mão no olho.
Meu Deus, eu não consigo saber o que ela está sentindo, seu cheiro me confunde tanto.
Eu a acompanhei e ela nos levou para a cozinha.
— Gelo, por favor, uma bolsa de gelo. — Rapidamente uma das ajudantes lhe entregou a bolsa e ela se virou para sair de lá.
— Deixa que eu-
— Não. — A alfa negou. — Você já fez demais por hoje. — Respirei fundo quase bufando.
Ela nos levou para o segundo andar da casa, nem pude reparar em muita coisa também ela estava como o Flash, e deu duas batidas em uma porta a qual nossa entrada foi consentida.
Chaeyoung abriu a porta e indicou que eu entrasse primeiro, logicamente eu obedeci, não estava com muita moral para debater alguma coisa.
— O que aconteceu com seu rosto? — Sua mãe perguntou tentando tocá-la mas ela se afastou sem nem lhe dar chance.
— Eu acabei batendo contra a porta, só isso. — Sentou-se e eu sentei-me ao seu lado olhando sua mão segurar o gelo próximo ao machucado. — Já tive ferimentos piores, eu sou a Capitã da Quinta Divisão. — Nossos pais estavam sentados nos observando, mais ela do que eu.
Meu Deus, eu deixei o canto do olho dela roxo.
— Creio que o passeio tenha sido bastante esclarecedor para vocês duas.
— O senhor nem imagina o quanto. — Ela murmurou afastando o gelo e o colocando dentro de um copo para não molhar a mesa. — Levei Jisoo para conhecer minha casa, conversamos um pouco, enfim, coisas normais entre casais, ainda mais nós que vamos nos casar. — Chaeyoung encheu o outro copo com whisky e o levou até a boca.
Ela virou o negócio na boca, bebeu como se já fosse super acostumada com a bebida e talvez ela realmente seja.
Nada mais vai me impressionar sobre essa alfa.
— É sobre isso que queríamos tratar com vocês. — Nós olhamos para meu pai. — Faremos o casamento de vocês em duas semanas e-
— Não, eu não posso me casar em duas semanas!
— Por que não? — Seu pai perguntou e ela soltou um gemido de dor levando a mão até o local.
— Eu e minha Divisão estamos planejando uma infiltração para daqui há duas semanas e eu não sei quanto tempo demorará, vocês sabem que trabalho é trabalho.
— Família vem antes do trabalho.
— Eu não concordo com isso. — Ela rebateu e se eu disse que nada mais me impressionava, eu estava errada, porque isso me impressionou. — Isso tudo foi planejado antes dela aparecer na minha vida, não posso simplesmente cancelar uma missão por conta de uma coisa tão irrelevante quanto essa.
Eu não sei porque isso está me incomodando, nós duas estamos sendo forçadas a se casar uma com a outra, é óbvio que isso deveria ser um empecilho em nossas vidas. Um peso. Nada que é feito contra nossa vontade é bom.
— Acha seu casamento uma coisa irrelevante?
— Não, senhor. — Chaeyoung respondeu e eu até mesmo olhei em sua direção. — Acho irrelevante querer fazer algo grandioso sendo que nós nem mesmo nos gostamos, nem mesmo nos conhecemos, para que haver uma coisa enorme? Ainda mais sendo uma coisa que me fará deixar de fazer algo de bom para o meu país, porque sabe lá Deus quando haverá outra oportunidade de uma infiltração precisa. — Ela fechou os olhos fortemente e pegou o gelo de novo colocando em seu olho. — Pra que festa? Não me importaria de casar na semana que vem apenas no papel, o casamento não será menos casamento por não ter tido isso tudo.
Meus dois irmãos tiveram um casamento grandioso, eu compreendo meu pai querer também isso para sua filha mas aparentemente, ela não se importa nem um pouco com isso.
Me pergunto se algum dia ela irá se importar.
— Filha, o que você acha? Qual sua opinião sobre isso tudo? — Meu pai me perguntou.
Por que eu deveria me importar? Como ela mesma disse, estamos casando contra nossa vontade e nem mesmo nos gostamos, então para que celebrar algo que nem mesmo nós queríamos que acontecesse?
— Façamos como ela quiser. — Eu disse. — Iremos nos casar de qualquer jeito, é isso o que vocês querem afinal.
Houveram alguns minutos de silêncio, eles ficaram se olhando como se fossem conversar através disso.
— Tudo bem, vocês se casam na semana que vem. — Meu pai falou.
— Quanto mais rápido, melhor. — Jungwoon disse. — Isso já deveria ter acontecido há muito tempo.
FIM DO CAPÍTULO