{ ESPECIAL 20K }
Nikolai is an investigator
Se Nikolai pudesse definir sua estada nos Estados Unidos em uma só frase, ele diria: me tornei um detetive.
Ele estava na Geórgia, no apartamento de Michael e Fany, seu irmão e a cunhada. Mesmo sem a permissão dos pais, iria passar uma semana fora. E Michael havia criado regras, a primeira era que Nikolai não se emocionasse demais com Fany, e tentasse ao máximo não usar a varinha ou demonstrar qualquer resquício de magia na vizinhança. E o mais jovem tentaria.
Eles haviam acabado de jantar fora e, ao retornarem, Nikolai tomou seu banho e terminou de arrumar o quarto onde ficaria hospedado na semana. Entretanto, como sabia que teria dificuldades para dormir naquele horário, teve a brilhante ideia de caminhar pela cidade.
─ Mike? ─ Nikolai invadiu o quarto e cutucou o braço do irmão, que, junto a Fany, já dormiam. ─ Vou sair um pouco, volto antes das duas.
─ O.K... ─ Michael murmurou, sem interesse e com muito sono.
─ Tome cuidado, Niko ─ a mulher murmurou sonolenta do outro lado da cama.
Nikolai fraziu a testa pelo apelido estranho e fechou novamente a porta do quarto de Michael e, depois de vestir um casaco, se retirou na ponta dos pés sem nenhuma precisão para fora do apartamento, abrindo cuidadosamente a porta.
Fora do apartamento, Nik sentiu as cédulas de dinheiro trouxa em um dos bolsos. Fany, que era trouxa, havia o ajudado e instruído caso ele quisesse comprar algo em alguma loja e não tivesse dinheiro ou não soubesse pagar. Imaginava que gostaria de comprar algo para levar para Daphne e Emma, algo que dificilmente elas encontrassem em lojas em bairros bruxos.
E, coincidentemente, passava por uma loja de antiguidade, na vitrine ele conseguia ver máquinas de toca-discos. Como ainda não passava das onze, haviam bastante gente no centro da cidade em restaurantes, mercados e lojas.
Nikolai permitiu que duas garotas passassem na sua frente e entrassem primeiro na loja, em seguida fez o mesmo.
Quando Daphne era criança, Richard costumava visitar a casa do lago da família, lá existia um toca disco de vinil e, quando Nikolai também ia, os dois jovens costumavam dançar na sala até cansar de rir. Seria um bom presente. Além da questão de nostalgia de tempos que não voltava, Daphne poderia dançar novamente, mesmo que ela não fosse tão talentosa nisso.
─ Você também gosta de Queen?
Os pensamentos e lembranças de Nikolai foram interrompidos quando uma garota ruiva, talvez de sua idade, parou ao seu lado na mesma prateleira. Ele olhou para o disco em sua mão, Queen, 1974.
─ É para uma amiga ─ respondeu, simpático.
─ Bom gosto o da sua amiga ─ disse a garota. ─ Se ela gosta de Queen vai gostar de The Who.
Ela sorriu, entregando outro disco para o recém conhecido.
─ Mas Queen ainda é melhor ─ ela piscou.
─ Não duvido ─ ele assentiu, agradecido. ─ Bem, eu vou...
─ Alissa! Conversando com estranhos novamente?
Os dois se viraram na direção do fim do corredor, onde as duas garotas que Nikolai permitiu que passassem na sua frente estavam. Elas sorriram para Alisa e para ele.
─ Ela não consegue se controlar quando fala sobre bandas, acho que ela devia trabalhar nesse setor ─ uma delas disse, a mais alta, uma garota morena.
─ Não há problema ─ Nikolai disse, erguendo os dois discos, ─ graças a... Alissa eu tenho os dois discos que precisava.
Agradecido, Nikolai se encaminhou até a recepção para fazer o pagamento. Havia um senhor comprando algo antes dele, Nik examinou minuciosamente como fazia aquilo. Era quase igual em todo lugar. Entregar produto, entregar dinheiro, receber produto, volte sempre.
─ Obrigado, volte sempre ─ o garoto do balcão agradeceu, sem muito entusiasmo. Nikolai pegou os discos em uma sacola e se retirou da loja.
As ruas da cidade da capital da Geórgia, Atlanta, obviamente não eram tão cheias comparadas a Londres; entretanto, era possível encontrar alguns artistas de ruas, turistas e moradores de cidades vizinhas aproveitando a madrugada.
Duas horas depois, apenas andando e visitando algumas lojas, Nikolai não podia dizer que sentia muita fome naquele momento, mas ficava impressionado ── e curioso ── com os tamanhos de hambúrgueres e lanches das lanchonetes abertas vinte e quatro horas. Ele parou, observando se ainda possuía dinheiro nos bolsos. Olhou uma, duas vezes e decidiu entrar. Aquele hambúrguer e seu tamanho realmente chamou sua atenção.
Poucos minutos depois, Nikolai estava sentado sozinho em uma das mesas, um enorme hambúrguer na sua frente junto com um copo grande de refrigerante. Era raro comer isso em casa, seus pais sempre diziam que era gorduroso e oleoso demais até para o estômago de um bruxo.
No momento em que deu a primeira mordida, ele ouviu o sino da porta e uma voz conhecida:
─ Eu não sei, ok? Ela estava com a gente e agora não está mais, foi tão rápido, não foi, Amani? ─ olhando para os recéns chegados na lanchonete, Nik reconheceu as duas garotas que antes acompanhavam Alissa, a menina ruiva, mas agora elas estavam com um garoto.
─ Ela só... desapareceu ─ completou a outra garota, Nikolai supôs que Amani fosse seu nome.
Alissa havia desaparecido?
Amani observou pela lanchonete, acabando encontrando o olhar curioso de Nikolai. Eles franziram a testa, então o garoto se levantou quando o trio se aproximou dele.
─ Você viu Alissa por ai? ─ perguntou Amani, que realmente parecia mais preocupada que seus dois amigos.
─ Não precisamos envolver outra pessoa nisso ─ a outra menina comentou.
─ Naila tem razão ─ o garoto concordou.
─ Sinto muito ─ respondeu Nikolai, ignorando os dois últimos comentários. ─ A última vez que a vi ela estava com vocês.
Amani sentou-se em uma das mesas da lanchonete, Naila a abraçou de lado. O único garoto daquele trio encarou Nikolai, curioso, talvez se perguntando de onde suas amigas o conhecia.
─ E ai, cara ─ disse Nikolai, sério, encarando de volta. ─ Sou Nikolai, e você?
─ Cole ─ o outro respondeu, simplesmente.
Então Schenker novamente se virou para as duas garotas sentadas.
─ Qual a última coisa que Alissa disse antes de desaparecer?
─ Ela foi encontrar Dean no Campus, mas ele nos ligou perguntando por ela e porque ela não estava atendendo o celular. Agora sabemos que ela não está conosco e nem de volta ao campus ─ respondeu Naila.
─ Tenho certeza que ela está bem ─ Nikolai tentou amenizar a situação. ─ Posso ajudar a encontrar Alissa.
๑
Escondidos, os alunos levaram Nikolai para dentro do Campus Universitário onde estudavam. Foi extremamente estranho, já que Schenker teve que fingir que sabia como agir em um lugar como aquele, era tão diferente dos corredores de Hogwarts.
Havia um corredor silencioso, mas muito claro, por onde eles passaram. Cole liderou o caminho, verificando os outros corredores em busca de monitores acordados naquele momento, finalmente chamando as duas garotas e o visitante para frente.
─ Esse é nosso quarto ─ disse Amani, colocando todos os outros para dentro. ─ Meu e de Alissa.
Cole e Naila retiraram seus casacos, pendurando-os no cabide. Nikolai examinou aquele quarto tão pequeno e comum. Cabiam apenas duas camas, um guarda roupas e uma pequena mesa de estudos.
─ Vocês estavam tomando café? ─ perguntou Nikolai, para Amani.
Cole franziu a testa, então Nikolai apontou para a mesa de estudos, onde haviam duas xícaras de café quase cheias, mas o que chamou atenção foi um bilhete entre elas. Nikolai o pegou.
─ O que é que tem mais de dez cabeças mas não sabe pensar? ─ Nikolai leu, em seguida olhou para os três garotos.
─ Tá zoando? ─ Cole tomou o bilhete, lendo mesmo.
Amani correu na direção de uma das gavetas baixas do guarda roupas, tirando diversos objetos sem importância e jogando-os na cama. Então levantou-se, segurando uma caixa de fósforo.
─ Uma caixa de fósforos ─ respondeu ela, abrindo a caixa. Outro bilhete que ela desdobrou rápido demais. ─ O que o quatro disse para o quarenta?
Cole riu, sem humor. Nikolai franziu o cenho, ainda observando as duas xícaras.
─ Passa a bola.
Todos olharam para Schenker quando ele respondeu a charada. Então ele apontou para Cole, de repente.
─ Você sabe onde está Alissa! ─ acusou.
─ Cara, você é maluco?
─ Com licença, idiota ─ Nikolai tomou o primeiro bilhete das mãos do outro garoto e o colocou na escrivaninha novamente, da mesma maneira que estava antes. ─ Olhem isso, olhem as xícaras e a caneta.
Os três observaram a cena, ainda sem entender bem.
─ Merlin! ─ sussurrou Nikolai, impaciente. ─ A asa da xícara esquerda está do lado esquerdo, a caneta permaneceu do lado esquerdo do bilhete. Cole é um idiota canhoto!
─ Mas o que...
─ Como você sabe que ele é canhoto? ─ perguntou Naila, quase fascinada.
─ O casaco... ─ respondeu Nikolai ─ ele pendurou com a mão esquerda e abriu e fechou a porta com a mão esquerda.
Então Cole tentou correr, e Nikolai o alcançou no meio do corredor, derrubando os dois juntos no chão. As meninas correram até eles.
─ Não façam barulho! ─ Amani pediu.
─ Onde está Alissa? ─ perguntou Nikolai, agarrando o pescoço de Cole como um mata-leão desajustado. Nikolai era sarcástico e nerd, mas não era um lutador.
─ Como ele vai dizer se você está tentando enforcar ele? ─ Naila disse, tentando ajudar o amigo.
Cole deu três tapinhas no braço de Nik. Ele o libertou.
─ Valeu, Sherlock ─ o garoto revirou os olhos. ─ O que é que todo universitário faz mesmo sem tempo? ─ perguntou Cole.
─ Sexo? ─ perguntou Naila ─ Se bem que, com certos garotos, nem precisa ter tanto tempo para isso ─ Nikolai riu.
─ Certeza que é sexo ─ concordou Schenker.
─ Festas... ─ Amani foi a única que respondeu sem ironia. ─ Espera! Que horas são?
─ Dois minutos para meia-noite.
─ "Passa a bola" ─ repetiu Amani. ─ Estádio de lacrosse!
Então ela correu, sendo seguida pelos outros três. Eles atravessaram o gigantesco pátio da Universidade, correndo e parando no lado mais escuro do estádio. Abaixo da arquibancada, onde nos fundos próximo ao vestiário havia uma porta de madeira que levava a uma espécie de porão.
─ Cara, você matou Alissa? ─ Nikolai deu um soco forte no braço de Cole, que lhe deu um empurrão violento. ─ Alguém chama os auro... as autoridades!
─ A única pessoa que eu vou matar será você se me bater outra vez.
Amani e Naila abriram a porta pesada, entrando antes que os garotos. Quando todos já estavam lá dentro, não conseguiam enxergar nada, estava tudo escuro.
─ Alguém tem uma lanterna? ─ pediu Amani.
─ Cinco segundos para para meia-noite ─ Nikolai ouviu a voz baixa de alguém desconhecido, estava prestes a pegar a varinha do bolso do sobretudo.
No entanto, várias luzes se acenderam no porão ao mesmo tempo que uma grande voz soou em uníssono:
─ Feliz Aniversário!
Nikolai tirou a mão do bolso com uma rapidez incrível. Havia uma mesa enorme com várias caixas de pizza e copos. Uma faixa malfeita acima da mesa contemplava: Feliz Aniversário, Amani! Era aniversário de Amani. Alissa sumiu porque estava terminando de organizar tudo e ao mesmo tempo criando um caso para Amani investigar.
Alissa emergiu de uma dúzia de alunos e correu em direção à aniversariante, abraçando-a com força.
─ Estava preocupada?
─ Eu estava chorando.
Nikolai passou uma mão pela nuca, sem jeito.
─ Ah, oi, você! ─ disse Alissa, o abraçando rápido. ─ Vou precisar saber de tudo ─ ela riu.
─ Ele quase me matou e a culpa é sua por me mandar escrever esses bilhetes ─ disse Cole, carrancudo. Alissa sorriu para ele, fazendo ele perder a postura anterior.
─ De hoje em diante você me chama de Jonh Watson ─ disse Amani, se aproximando do pequeno grupo. ─ Nikolai é Sherlock Holmes.
─ Aí, vamos aproveitar essa festa ─ disse outro universitário. ─ Não temos muito tempo!
๑
─ Eu já estava ligando para as autoridades! ─ berrou Michael quando a porta foi aberta e Nikolai entrou no apartamento. ─ Você está bêbado?
─ Eu bebi, mas não estou bêbado ─ Nikolai tropeçou no tapete, rindo em seguida. ─ É sério. Eu precisei voltar na lanchonete porque esqueci uma sacola lá ─ levantou as sacolas dos discos.
─ São seis da manhã, Niko ─ disse Fany, fechando sua blusa. Estava pronta para ir trabalhar.
─ Eu me diverti, conheci alguns trouxas, no-magis como você chama, Mike.
Fany riu. Ela sabia sobre que Michael era um bruxo, e ela achava encantador quando conhecia novos bruxos sangue-puro curiosos e que não sabiam muito sobre o mundo não mágico.
─ Tudo bem, garoto ─ Mike empurrou o irmão de leve, ─ vá tomar um banho, está fedendo.
─ Quer um abraço, Fany linda? ─ perguntou Nikolai, mas correu antes que Michael o alcançasse.
─ Ande, moleque! Vá tomar um banho! ─ Nikolai ouviu seu irmão e a risada de Fany.
O especial era para ser de 20k, mas eu demorei horrores para conseguir pensar em como escreve-lo. Sei que já estamos com 28K(*emocionada*), e ainda assim eu ainda não sei como agradecer da maneira que vocês realmente merecem. Então, como sei que vocês amam o Nikolai, o primeiro especial devia ser dele com toda certeza! ♡
Eu amo muito vocês e todos os seus comentários paparicando nossos personagens. Amo como vocês aceitaram o Nikolai tão bem. É, eu sei, ele é quase perfeito.
Obrigada por não me abandonarem e obrigada por ajudarem esse livro crescer cada dia mais. Confesso que foi muito por acaso quando criei essa fanfic, mas agora vocês aceitaram ela tão bem e isso me deixa muito apaixonadinha por cada um. Todos vocês são importantes demais. OBRIGADA por cada comentário e cada voto. Vocês são absolutamente tudo! <3
E espero que tenham gostado e que continuem comigo.
E, como não pode faltar:
Bebam água e ouçam Queen.
mood do nikolai nessa fanfic:
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