[ ging'atroz ]

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conta veloz como antílope sua depressão
cola viscosa de caracóis fez inventar a ventosa
na tranquila Caratinga

comem o que pescam
envolve-se em brincadeiras
não abandona a casa derrubada no Rio

rango fácil quando se tem anzóis
         negra carinhosa nos lençóis
brincos nas orelhas,dois girassóis
catadora de conchas de caracóis
criatura perdida em São Paulo
               rainha negra dos arrebóis 

vê coisas no prato
     coisa caçada no mato
compreensiva por
compreender que o sol obriga
a caçar para comer

brinco triste ao teu lado
    com saudade do lado de lá
olha amiga como a planta gosta
             quando a água se mostra

bem em frente à porta
a matriarca cultiva boldo
guarda água na moringa e não em garrafas

a chave do trinco algoz
estenda os braços e abrace o kintal
coloque babosa nas madeixas negras
esconda a pinga embaixo do tanque

brinco de perceber os minutos
os nossos avós recolhem sementes de girassóis
para alimentar os rouxinóis
postura de destinação

risada acalma mágoa feroz
feito meu ancestral de Minas
faz com responsa sua poesia

finco o pé e vou cuidar de bois sadios
a próxima morada
: silêncio de campos vazios
uma ginga atroz
uma savana dentro de nós

Bowl.Where stories live. Discover now