Etapas

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Cheryl B. Topaz – Point Of View

O silêncio no quarto de hospital nunca foi tão torturante para mim quanto agora. Totalmente sozinha com minha esposa, eu andava de um lado para o outro, colocando uma mecha para trás da orelha e esfregando as mãos nervosamente.

Era como se ela estivesse acordada e fosse ouvir, saber que sou uma fraca, que não consegui segurar e acabei me rendendo ao vício.

Olhei para a maca, suspirando com força e me aproximando do lado esquerdo. Ainda havia uma leve dor de cabeça por conta da ressaca, Nathan me ajudou a ficar recuperada, nem consegui ir pra casa ainda, precisava conversar com Toni, por mais que não fosse me ouvir.

— Eu...

Iniciei a falar, travando no segundo seguinte.

Levantei o olhar, colocando a mão sobre o peito, havia uma dor insuportável se apossando de meu coração, não queria de forma alguma decepciona-la dessa maneira.

— Me desculpa, TeeTee.

Abracei o próprio corpo ao falar, encarando a mesma ainda desacordada.

— Eu bebi, me entreguei ao maldito vício porque não aguentava mais e... – respirei, contendo o choro. — É tudo tão difícil sem você.

Meus lábios tremeram e senti as lágrimas caírem.

— Só tenho cada vez mais certeza que não posso viver sozinha, não sem a minha âncora. – segurei em sua mão entrelaçando nossos dedos. — É doloroso vir aqui e te ver nessa maca, eu...

Suspirei, pressionando as pálpebras.

— Talvez precise ficar um dia somente em casa, pensando sobre meus erros e dando mais atenção aos nossos bebês. – encarei seu rosto tão sereno ao estar completamente apagada. — Sinto muito, amor, por tudo, mas... Necessito de um tempo longe desse hospital.

Guiei sua mão até os lábios, depositando um beijo longo nos nós que nossos dedos formavam. As lágrimas caíram com mais força, fazendo-me respirar fundo.

— Eu amo você com todo meu coração, TeeTee.

Declarei-me, me aproximando da maca e deixando um beijo em sua testa.

Ainda permaneci perto dela por alguns segundos, aquele resquício de esperança onde pudesse acordar, quem sabe fazer aquele aparelho dar um sinal de que teve alguma reação.

Mas como sempre, não houve nada.

Balancei a cabeça em negação, limpando as lágrimas e saindo do quarto. Nathan estava a minha espera e Betty pronta pra iniciar um dia inteiro ao lado da minha mulher como companhia.

— Cuida dela.

Pedi a loira.

— Claro, Cheryl. – tocou em meu braço. — Vá descansar, qualquer coisa te ligo.

Assenti.

— Vamos, Madrinha.

Nathan passou o braço por cima dos meus ombros, acolhendo-me em um abraço de lado e iniciando a caminhada em direção ao elevador. O mais novo estava sendo como um anjo, me resgatando de uma noite horrível e cuidando de mim como um dia fiz com ele.

— Obrigada por hoje.

Falei quando estávamos juntos no cubículo de metal.

— Não se preocupe, é meu dever cuidar de você. Sabe... Está ficando velha.

03 [ beyond the love - choni ]Onde histórias criam vida. Descubra agora