Não sou eu, esse não é Park Jimin, e não consigo fugir disso, do desespero. Do medo, da confusão, da tristeza clamando para me dominar.
Atlas estava lá! Ele... Veio para me levar embora. Para me colocar medo, tensão, para me fazer lembrar-se do quanto já me machucou, me tocou, me manipulou e me extorquiu. E ele conseguiu. Estou em meio de uma crise, decidindo para que lado seguir. Quem fez esse parque maior que a própria Capital? Maldição!
Estou tão confuso.
— Jimin... — Jeon chama mais uma vez, com o corpo atrás do meu. Meu olhar gira trezentos graus, buscando por aquele rosto, e não o encontro. É quase como se tivesse sido uma alucinação.
Continuo puxando Jungkook por entre as crianças, de cabeça baixa, ouvindo as frases que Atlas já falou ecoando em meu ser, transformando meus ossos em migalhas de pão.
Chegando ao carro, apoio meu corpo na porta, encarando o céu estrelado em meio a um suspiro de exaustão, e fecho os olhos. Consigo sentir meu pulso cheio por todo o corpo, acionando meus instintos mais primitivos de fuga.
Jeon se aproxima, tentando segurar meu queixo, e afasto o rosto, acumulando ar em meus pulmões até não aguentar mais e precisar solta-los. Estou a um passo de despedaçar.
— Anjo...
— D-Destrava o c-carro... Por favor, quero ir embora! — choramingo, apertando as orbes em meu limite.
Estou confuso. Estou muito confuso. Está doendo.
Jeon me obedece, quieto, e rodeia o carro até entrar no banco do motorista. Afundo o corpo ao seu lado, abraçando minhas pernas, e escondo o rosto, tentando segurar o choro. Porque dói, tudo dói, e não sei o que fazer além de sentir culpa. Culpa de ter deixado Atlas fazer o que fez, de ter atrasado a profecia a se concretizar, de estar sendo uma diversão barata para aquele idiota. Por ser eu, por ser fraco e mortal.
Jeon estende uma das mãos até meus cabelos, deixando a região cheia de carinho, e assim ficamos. O caminho até meu apartamento é marcado por silêncio, aumentando o conflito de pensamentos que flamejam em minhas sinapses nervosas. Mas nada que penso faz sentido. Nadinha.
Abro a porta do apartamento, indo direto até o quarto, onde tiro minha roupa e me enfio no chuveiro, chorando. Não sei em que parte do caminho me desprendi de Jeon. No momento, não consigo pensar nele.
É errado levar uma vida normal, ser forte, enquanto você está correndo risco de vida. O quão foi errado ter saído essa noite, beijado Jungkook e ter sido visto por aquele brutamonte? Por que ele estava lá? Por que não fez nada? Ele realmente estava lá ou surtei a toa?
Entro em uma blusa branca, justa, mangas compridas, e em uma calça frouxa de flanela. Sinto nojo de mim, de minha pele, ao lembrar-se de tudo. Repulsa, medo, pavor, insônia. Ódio. Uma descarga de cortisol e epinefrina fazem meus lábios tremerem em um bufado, liberando todo o estresse acumulado, e caminho até a cozinha, onde encontro Jungkook comendo uma tangerina. Ele olha para o chão, em pé, com as pernas cruzadas. Ao me notar no ambiente, seu olhar escorre por meu corpo, fixando-se no rosto, e noto uma confusão escondida em si.
— Está... Tudo bem? — pergunta inseguro. Nego com a cabeça. — Você quer um... Abraço?
— Você está fazendo meu humor melhorar com sua doçura... — resmungo, irritado e um tanto triste. — Pare... Por favor...
Ele dá cinco passos em minha direção, colando meu corpo ao seu, e meu rosto afunda em seu pescoço. Suspiro com seu perfume, me sentindo em casa, e seu braço circula minha cintura. Minha respiração uniformiza, se tornando suave e calma, profunda.
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Profecia Grega ᠅ jjk pjm
FanfictionUma guerra foi cravada há mais de mil anos, atravessando os limites do tempo e as constelações do universo, quase como o destino não querendo se consolidar. Atlas jurou capturar o filho de Afrodite e Hefesto, enquanto Poseidon jurou protege-lo em tr...
XII. Catatimia
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