Capítulo 10

                                    

                                          
Hope P.O.V:
                          


                          
  Apesar das emoções que me tomaram nesta noite, a Lizzie conseguiu me acalmar. Era incrível o poder que ela possuía na minha mente e no meu corpo. Desde aquele dia na floresta, ela era a única que me conseguia por num estado mais sereno. Era como se fosse um remédio que eu precisava de tomar, caso contrário ia entrar em dependência e perder a minha cabeça. Assustava-me precisar assim tanto de alguém. Mas não havia nada que eu pudesse fazer, ela já se tinha tornado uma parte de mim. A melhor parte de mim. 
                          


                          
  Já não me sentia sem forças, neste momento, não estava consumida pela dor e pela angústia. Estava nervosa. Sim, eu sei que já tive a Lizzie no meu quarto, a dormir a meu lado, mas agora, parecia que os meus sentimentos estavam mais ao descoberto. Não estava mais com o Landon, então não estava condicionada a esconder os meus sentimentos. A única coisa que me prendeu de fazer algo na última vez foi ele e o medo de não ser reciproco. Esse medo ainda não tinha ido embora completamente. E se eu estava a ler tudo errado? Só há uma maneira de saber.
                          


                          
Olhava o meu reflexo no espelho. Normalmente, quando o fazia, via alguém incapaz de continuar. Alguém que ninguém iria querer. Nem eu mesma me queria. Era a primeira vez que me olhava diferente. Uma onda de coragem passava por mim. Do lado de fora desta porta tinha a mulher mais deslumbrante desta escola. Da minha vida. Não sei se era a necessidade de distração, se era a minha fragilidade, mas eu precisava de mostrar à Lizzie o que sentia e as palavras nunca foram o meu forte. Prefiro transmitir sentimentos por ações, por momentos, pelo contacto. Um contacto que ansiava à tanto tempo. Demasiado tempo. Tinha imaginado isto na minha cabeça múltiplas vezes. Não podia antecipar como seria, talvez nem estivesse pronta para tal. E se eu ficasse viciada nela, e não pudesse voltar atrás? Será bom este sentimento de dependência? Não. Tinha de parar de me importar e fazer o que o  meu coração me dizia. O que o meu corpo me dizia. Chegava de ter medo. Por uma vez na vida, tinha de fazer aquilo que quero. Sem me preocupar com as consequências ou com as outras pessoas.
                          
  Destravei a porta e vi a Lizzie a inspeccionar as minhas fotos.
                          


                          
  "Falta aqui uma nossa." - disse ao me encostar, por trás, no seu corpo. Como sempre a sua respiração falhou. Tanto contacto assim que já partilhámos e cada vez que acontece um novo a sua reação é a mesma.
                          


                          
  "Tu não gostas de mim Mikaelson. Tanta máquina neste quarto e não te deste ao trabalho de tirar uma comigo."
                          


                          
  "Vem cá." - fui buscar uma polaroid antiga que tinha. Foi-me dada pela minha tia Freya quando fiz o meu décimo sexto aniversário. Sentei-me na ponta da cama e a Lizzie fez o mesmo. Apontei a câmara para nós. 
                          


                          
  "1. 2. 3." - A Lizzie tinha deitado a sua cabeça no meu ombro e mostrava um grande sorriso para a câmara. Passei-lhe uma mão pelas costas e encostei a minha cabeça na dela, cerrando os olhos e sorrindo também.
                          


                          
  Assim que a foto ficou revelada fui à minha gaveta e tirei uma moldura à medida. 
                          


                          
  "Pronto. Agora tenho mais uma pessoa linda para olhar todos os dias." - fui apanhada de surpresa quando a Lizzie fez o mesmo movimento que eu tinha feito quando a apanhei aqui. Injusto. Também ela me parava a respiração.
                          


                          
  "Olha." - virou me para o meu espelho. Era um espelho alto que mostrava o reflexo do meu corpo inteiro. - "podes olhar todos os dias para ti. Porque tu Hope Mikaelson, és das mulheres mais lindas que eu já vi" - começou a descer a alça direita do meu vestido. E depositou um beijo lento e hesitante no meu ombro. Estava insegura e lenta na sua maneira de agir. Estava nervosa. Tanto quanto eu. Pensava que ia ser eu a fazer a primeira jogada. Inclinei o meu pescoço para lhe dar espaço, uma tentativa de lhe mostrar que ela podia continuar. Que eu pretendia aquilo também. Deixou leves beijos pelo meu pescoço acima, continuando com o seu discurso. - " cada traço do teu corpo. Cada segmento da tua pele. Mesmo que tu não o vejas, tudo em ti é único, é especial. Podes não te achar perfeita, mas ninguém é perfeito. No entanto, muitas pessoas são parecidas, têm o corpo padrão, a personalidade simples sem interesse, e hábitos monótonos. Tu és diferente. Tu és tu. E é isso que te faz tão especial. Eu sou apaixonada por cada parte tua. Apaixonada pelo teu sorriso, que poucas vezes mostras, mas que a mim me deixa louca. Apaixonada pelo teu corpo, com todas as suas linhas e imperfeições." - tirou-me mais uma alça e agora o vestido estava apenas preso pelo fecho de correr, nas minhas costas. Deixou-me mais alguns beijos no meu corpo. - "Apaixonada pela tua maneira de ser. Apaixonada pela forma como te importas e metes o bem-estar de todos em primeiro lugar, tal como o fazes comigo... Apaixonada por ti, Hope."