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  Jules ia debruçada sobre o meu corpo enquanto meu olho seguia olhando para aquela estação, decidimos ir embora, eu decidi ir embora. Nós merecíamos isso, merecíamos ser livres, merecíamos viver longe de toda essa merda. Mas a minha mente não parada sequer um segundo, milhares de coisas, milhares de preocupações e vontades, desejos, medos, todos eles passando pela minha cabeça em menos de dois minutos. Diante de toda aquela calma, de toda aquela segurança que sentia por ter Jules ao meu lado pode ser apenas um momento eufórico. Na verdade, eu estava pulando com tudo, e mal sabia quanto tempo ia conseguir carregar isso, mas estou me dando uma chance, estou nos dando uma chance de sermos o que sempre queríamos, um lugar que possamos respirar, um lugar sem Nate Jacobs. Só eu e ela, sozinhas, curtindo uma a outra.
—Caralho Rue, eu estou tão animada! —Falou ela num tom eletrizante.
—Não está com medo? 
—Não...Por que? Você está?
                          
Ao levantar as sobrancelhas e entortar os lábios foi imediato a resposta. Jules começou a me contemplar bem de perto, a distância exata para me tirar toda atenção, todo fôlego! E suficiente para me provar mais uma vez o quanto ela me dava arrepios, por todo corpo.
                          
—Não fique com medo, eu cuido de você. E você cuida de mim.—Emendou ela acariciando o meu rosto delicadamente, tornando aquele momento cintilante. 
                          
Estar com Jules é uma das coisas mais difícies de se explicar, são simplesmente muitos momentos e palavras, raios de carinho, elogios e explosões de sentimentos que é apenas impossível de descrever. Era o que me fazia lembrar do que é felicidade, do que é excitação do que é tanto ânimo por ter alguém por perto. Seu cheiro, o seu jeito é tudo apreciado por mim, eu admiro por inteira, ela é boa...E boa para caralho, e eu a amo. Me irrito por apenas me lembrar do quanto ela é incrível, e eu queria soltar isso bem alto para todo mundo saber o que ela me faz sentir, do quanto quero abraça-la, e só de pensar em ficar longe de Jules...É um pesadelo.
                          
—O que está pensando? —Insistiu a garota, abraçando os próprios joelhos.
—Na Gia e na minha mãe. Desvio o olhar assustado para o chão.
—Eu também penso no meu pai, mas todos eles vão entender.
—Eu não sei Jules...
—Rue, você quer mesmo fazer isso? 
                          
Eu a fitei preocupada, querendo dizer que sim, quero dizer que não queria ficar longe dela, mas eu estava travada pelo medo, pela incerteza.
—Eu te amo...Você me ama? —Perguntou pegando em minhas mãos as apertando suavemente.
—Você tem alguma dúvida disso? É claro que eu te amo Jules!! Só que caralho— Eu me atropelava com as palavras.
—Eu sei que é amedrontador por uma parte, mas eu vou fazer você esquecê-la. Você confia em mim?
—Sim. 
—Você vai adorar aqui... —Disse a garota, inclinando-se para me dar um beijo.
                          
Logo, estávamos quase lá e sem saber da onde vinha, ou porquê, eu comecei a chorar silenciosamente enquanto passava minha mão por entre os fios de cabelo dela. Não foi proposital ou sequer controlável, as lágrimas apenas saíram desimpedidas, e eu não sabia se era por medo, ou amor...Talvez os dois.
E quando pisamos naquela nova cidade, Jules me comtemplou sorridente e segurou minha mão, demonstrando-se confiante e ansiosa.
—Tá pronta?