twelve

                                    

                                          
Na noite passada, saí de fininho para que Chris não ameaçasse acordar e tornasse as coisas um tanto constrangedoras. Não podia acordar ao seu lado como nos filmes de romance bregas, não éramos um casal, e dormir em seus braços era a última coisa que eu queria, pois isso me geraria problemas irreversíveis.
                          
De manhã, acordei com um apitar no meu celular, mostrando o número de Chris no retrovisor. Ele mandara uma mensagem, e meu coração palpitou só de imaginar o que seria. 
                          
"Foi uma noite incrível, espero que não dê uma de Cinderela da próxima vez."
                          
Sorri com o texto e me levantei. Era domingo, e eu poderia finalmente passar um dia inteiro em casa sem nada para me preocupar. Elizabeth iria até a casa de seus pais para passar o dia, e eu ainda não tinha resolvido minha relação com os meus depois do acontecido no jantar.
                          
Ouvi batidas na porta enquanto arrumava algo para comer na cozinha, e não me importei em atender apenas de pijama, equilibrando uma tijela de cereais enquanto o fazia. Gelei ao ver quem era. Ele carregava flores, e forçou um sorriso amarelo ao olhar para mim. 
                          
-Alec? -Franzi o cenho, procurando por mais alguém atrás dele, talvez estivesse ali com alguns de nossos amigos de quando estávamos juntos, mas não havia ninguém além dele. 
                          
-Oi, Lia. -Ele me abraçou, mas estava chocada demais para retribuir. -Precisamos conversar. 
                          
Nos sentamos no sofá, e pus minha tijela na mesa de centro, prestando atenção no que o que tinha para falar. Ele se encostou numa das almofadas e respirou fundo por alguns segundos, olhando para mim. 
                          
-Então... -Comecei, tentando quebrar o silêncio constrangedor que se apossara da sala. -O que nós precisamos conversar? 
                          
-Conheci alguém. -Assenti confusa, esperando-o continuar. 
                          
-Eu sei que nós não devemos satisfações um ao outro, mas ficamos juntos por muito tempo, e acho que eu gostaria que você soubesse por mim. 
                          
Sorri com a situação. Alexander sempre fora um anjo, e agia como tal. Quando nos conhecemos, eu não tinha toda essa obsessão com trabalho, e nos divertíamos tanto que era impossível ficarmos longe um do outro. Mas as coisas foram evoluindo, e ficamos noivos ao mesmo tempo em que fui promovida na empresa, e as coisas começaram a desandar entre nós. Eu não estava preparada para dividir minha atenção com duas coisas tão importantes, então acabei desistindo de uma delas.
                          
-Al, você está feliz? -Perguntei, e ele arqueou as sobrancelhas um tanto confuso. -Você está feliz com esse alguém?
                          
-Sim, você não imagina o quanto. -Ele sorriu, e segurei suas mãos, retribuindo o gesto.
                          
-Se você está feliz, seja com quem for, eu ficarei feliz também.
                          
Nos abraçamos por uns segundos, e por um instante, senti que ele tirou um enorme peso de seus ombros. 
                          
-Sua mãe me convidou para um almoço em sua casa hoje. -Bufei, me deitando em uma das almofadas largadas no sofá. 
                          
-Não nos falamos desde aquele jantar desastroso. -Alec pôs minhas pernas nas suas, e ficamos ali por um tempo, apenas existindo.
                          
Era boa a sensação de ter alguém para conversar intimamente, o que eu não fazia há muito tempo. Éramos amigos, e saber que o que tínhamos não foi tudo em vão era um alívio imenso.