O Plano

                                    

                                          
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— Aqui — Raitus disse colocando o dedo sobre um lugar no mapa aberto sobre a mesa. — Eles estão aprisionados dentro do Castelo de Pedra que fica na cidade das pedras. — Ele contornou a mesa redonda ficando a leste do mapa e colocou o dedo sobre o mapa mais uma vez. — Nós estamos aqui. — Bateu com o dedo duas vezes. — Nós iremos por aqui. O caminho ficará pouca coisa mais longo, mas evitaremos a terra dos bichos e iremos...
                          
— Terra dos bichos? — questionei.
                          
— Sim. Aqui — falou batendo o dedo em uma região ao lado da floresta sagrada, bem onde o Kulan faz a sua curva. — Essa é a terra dos bichos.
                          
Ele está falando daquele povo que vive na mata, conclui.
                          
— Por que eles são chamados assim... bichos? — perguntei.
                          
— São selvagens. Eles se parecem com a gente. Tem olhos, pernas e braços, mas a semelhança para por aí. Eles agem como feras e latem como cães. São bichos...
                          
— Ah — falei, tentando entender a explicação. Jamais vira um bicho de perto, só ouvi falar.
                          
— Bem — disse Raitus e pigarreou —, vamos continuar, certo?
                          
Anui concordemente com a cabeça.
                          
— Nós faremos esse caminho. — Raitus inclinou-se sobre a mesa e passou o dedo pelo mapa indicando o percurso que faríamos. 
                          
— E quem irá com a gente? Digo, eles devem ter um exército lá protegendo o castelo. Não deve ser fácil aproximar-se de lá e muito menos invadir o castelo — avisei.
                          
— Você está certo — concordou e cruzou os dedos das mãos batendo os dedões. — Mas em quem nós podemos confiar? A influência do império vai de AnToren até os limites de AzToren. Mainz e Tautos são procurados como traidores e assassinos pelos quatro cantos de Toren. Existe até recompensa por suas cabeças e todo aquele que se alia a traidores se auto declara inimigo da coroa e do império.
                          
— Mas e a resistência? — indaguei. — Não existe uma resistência que apoia o meu pai e seu irmão? Onde eles estão?
                          
Raitus pareceu hesitar, como se algo desconfortável o incomodasse.
                          
— Não podemos contar com a ajuda da resistência agora.
                          
— E porque não?
                          
— É porque... — Raitus oscilou, nitidamente pensando no que responder. — Não há nenhuma base da resistência aqui por perto. A mais próxima fica a dias de distância. Nós não temos tanto tempo. Soube que Tarus está vindo pessoalmente para Toren atrás de seu pai. Certamente ele irá executá-lo caso não façamos algo antes.
                          
Senti as mãos formigarem com essa declaração. As palavras do Urso Pardo realmente faziam sentido. Não podíamos perder tempo.
                          
— Mas como faremos isso apenas nós dois? Não há ninguém aqui em ArToren que possa se unir à nossa causa, nem mesmo as Bestas?
                          
Raitus deixou escapar o ar pela boca num sorriso abafado e esfregou as mãos.
                          
— As Bestas de ArToren jamais sairiam em missão sem o consentimento do rei — afirmou em tom reflexivo.