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Dois meses depois...
                          
Hoje era o dia que eu mais temia quando olhava para minha agenda: jantar de família. Eu os amava mais que tudo, mas única coisa que se importavam sobre mim era o meu relacionamento acabado com meu ex noivo, Alec. Eu não os vias desde que fui promovida, os dias andavam corridos demais com tantas reuniões e compromissos na empresa. Minha mãe, Michelle, já não aguentava discussões comigo por conta disso, e eu sempre tinha que ouvi-la dizer que eu não me importava com a família, e por isso não os visitava. Eu já não aguentava mais, por isso concordei em dar um tempo no trabalho por um dia, e assim ir jantar com eles, o que eu não sabia era que eles já haviam convidado Alec, e provavelmente para tentar nos juntar novamente.
                          
Saí da garagem com meu carro e fui até a floricultura mais próxima de casa, um dia anterior eu havia encomendado tulipas como forma de desculpas para minha mãe, são suas flores favoritas, e ela certamente vai aceitar o pedido. Passei pelo salão onde aconteceu o baile beneficente, dois meses atrás, e lembrei da confusão com o Chris. Não nos falávamos tanto desde o ocorrido em sua sala, apenas negócios, como havíamos combinado. Ele não fora rude uma vez sequer, como Liz havia avisado, apenas conversávamos sobre a empresa, e sorríamos gentilmente em meio à apertos de mãos. Nenhuma aproximação. Nos víamos pouco, já que ele estava sempre em viagens de negócios ou sumia por semanas para compromissos de impressa. Às vezes parecia estranho ou desconfortável ficar perto dele, mas aquele era meu trabalho e eu não me importava. 
                          
Quando cheguei em frente à casa de meus pais, respirei fundo e desci do carro, ensaiando meu melhor sorriso. Abri a porta vagarosamente, usando a chave que eu ainda tinha, caso precisasse de algo. A sala estava vazia, e andei pelos corredores até chegar à cozinha. Meu pai estava cozinhando, vi verduras e legumes por toda a mesa, imaginei que estava fazendo algo para mim. Minha mãe enchia três taças de vinho, e ao olhar ao redor, pude ver Alec indo em sua direção com pratos e talheres em suas mãos. Pigarreei, atraindo a atenção de todos, inclusive de meu ex, que parou imediatamente ao me ver. Mamãe sorriu, largando as taças em cima do balcão, e veio até mim com os braços abertos. Sorri, apertando-a enquanto olhava para o meu pai, que vinha ao nosso encontro, foi um abraço e tanto.
                          
-Senti sua falta. -Vi lágrimas escorrerem pelo seu rosto e as sequei, papai sorriu ao ver as tulipas em minhas mãos e entreguei-as a mamãe. -Suas favoritas. 
                          
-Vou pôr num vaso. -Ela saiu, deixando nós três na cozinha. 
                          
-Minha garota favorita. -Meu pai me levantou em seus braços, e pude ver de relance Alec sorrindo diante da situação. 
                          
-Sentiu minha falta? -Perguntei ao voltar ao chão, e ele pegou minhas mãos, beijando-as.
                          
-Que tipo de filha não vem visitar os próprios pais? -Revirei os olhos e bati em seu ombro diante de seu deboche. 
                          
-Papai, você sabe que não foi por querer. E além do mais, vocês podiam ir me visitar também! 
                          
-Bem, nós estamos velhos e cansados. Falando nisso, onde sua mãe se meteu? -Ele saiu da cozinha, andando pelos corredores com um pano em seus ombros. Sorri ao vê-lo parecer um cozinheiro bobo e atrapalhado. 
                          
Virei-me e encontrei Alec arrumando a mesa de jantar. Seus olhos encontraram com os meus e o vi dar uma piscadela em minha direção. Terminamos há tanto tempo e meus pais ainda o consideram como da família. Ficamos noivos por três anos, até que pedi um tempo para me concentrar no trabalho, já que ele sempre reclamava da minha falta de tempo e atenção com ele. Sete meses atrás, terminei de vez nosso relacionamento, e minha família nunca me perdoou por isso, eles amavam Alec, e as vezes parecia que o amavam mais do que eu. 
                          
-Nós vamos ficar nos encarando? -Não o vi se aproximar, mas ele estava em frente à mim, e deu um sorriso engraçado vindo me abraçar.
                          
-Nós vamos? -O abracei forte, e senti seu cheiro, o mesmo de meses atrás.