Uns vão, outros vem. -Cap. 2

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- Que susto! ( Disse saindo da água) Por que você saiu? Mal entramos...

- A água tá gelada. (Cat se sentou embaixo do guarda-sol)

- Tá... Pode me falar o que tá acontecendo. (Me sentei ao seu lado)

Ela olhou fixamente para o horizonte. Seu pensamento estava longe, e sua face tinha uma expressão jamais vista... Uma mistura de entusiasmo com medo...

- Eu vou viajar, Kia. 

- Ah, isso é bom. ( Disse)

- Não... Eu vou viajar por muito tempo... (Olhou para mim)

- Quanto tempo ? ( Perguntei já sentindo medo da resposta)

Eu cresci com a Catarina. Ficar longe dela era difícil pra mim. Eu estava rodeada de pessoas mais velhas, e não é que eu não gostasse... Eu amava todos os meus companheiros. Mas Cat era minha confidente. 

- Três anos. ( Respondeu)

-  Nossa... Três anos, é um tempo um longo. ( Disse olhando para a areia) 

Um silêncio reinou sobre nós. Então decidi perguntar:

- Quando você vai ? 

- Daqui a dois meses... (Cat respondeu)

- SANTO MAR! Daqui á dois meses? ( Respondi claramente assutada) Caramba, Cat! Por que você não me contou isso antes?

- Eu estava esperando o momento certo... 

Então o silêncio reinou novamente. E na minha cabeça eu pensava como seria viver na ilha sem ela. Senti vontade de chorar. Três anos era tempo demais.

- Olha, você pode pensar que isso é ruim... Mas, Kia, não é ruim pra mim. Na verdade é maravilhoso. Eu gostaria que você ficasse feliz assim como eu estou.

Era muita coisa pra digerir. Daqui a dois meses minha melhor pessoa no mundo inteiro ia embora. E por três anos eu não a veria. 

- Por que você quer ir ? Quer dizer... eu não entendo. Você tem tudo aqui. (Me mostrei chateada)

- Parece que eu tenho tudo... mas não tenho o que é mais valioso: liberdade. Eu tenho o meu destino definido. Você não vê?

- A pousada? (Olhei para o seu rosto)

- Sim! Administrar a pousada. Cuidar de tudo. E não tem prazo de validade. Sou filha única. só vou poder deixar o trabalho de cuidar do estabelecimento quando eu tiver um filho. E até ele fazer 18 anos... Aliás, até eu ter um filho... Meu Deus! Vai demorar muito. Eu nem ao menos sei se quero ter um filho! (Desabafou )

- Tudo bem ... ( eu disse)

- Olha, Kia... (ela segurou minha mão) Eu não estou te abandonando. Eu só quero viver... três anos pra fazer o que eu quiser, onde eu desejar e com quer que seja. (Suspirou)

- Tudo bem. Eu entendo... Eu fico triste por que não vou te ter aqui comigo. Mas, eu fico feliz por você. Você está sendo determinada, e eu fico orgulhosa de ver isso. ( Tudo fazia sentido na minha cabeça. Catarina era minha melhor amiga. Mas ela também tinha uma vida. )

- Eu não sou como eles... ( Ela me olhou simpática) Eu não vou te abandonar.

- Eu sei... (Meus olhos mergulhavam em lágrimas)

Era difícil. Eu fazia de conta que não me importava... Mas doía. Doía saber que meus pais escolheram o mundo, em vez de sua própria filha. Minha vó me contava que eles eram muito dedicados á ciência. Mas que tipo de ser humano abandona a família por trabalho? Isso eu definitivamente não entendia. Enxuguei as lágrimas. Não queria chorar.

Segredos de SantoriniWhere stories live. Discover now