Cap 017

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Anahí: Desculpa, te acordei. – Falou baixinho quando o viu coçar os olhos. – Esqueci de desativar o alarme, sempre deixo ligado para acordar cedo.

Alfonso: Tudo bem, eu já ia acordar. – Tirou as mãos dos olhos a encarando.

Anahí: Poncho, você está cheio de olheiras. Não dormiu direito.

Alfonso: Não consegui. – Suspirou. – Se importa se nós formos agora cedo?

Anahí: Claro que não. – Falou carinhosa. Ele estava tão abatido, que sua vontade era de abraçá-lo e não solta-lo nunca mais. – Enquanto você se arruma eu vou preparar alguma coisa para comermos, ta? – Passou a mão pelos cabelos dele, que assentiu.

Alfonso: Não demoro. – Levantou-se, indo para o banheiro.

E ela fez o mesmo, preparou um café rápido e colocou a mesa antes de subir para se arrumar também. Em pouco tempo os dois já estavam sentados à mesa, comeram sem demora e saíram. No caminho, pararam numa floricultura e, como todos os anos, cada um comprou flores, rosas brancas. Poncho estacionou o carro e, juntos então adentraram o cemitério em silêncio, não viam mais ninguém no local.

O dia não estava nublado, o sol não se escondia, mas para Alfonso não havia cor e nem brilho. Pararam os dois em frente ao tumulo, era uma sensação diferente estar ali a cada ano. Any soltou o braço de Poncho e, dando um passo a frente, depositou suas flores ao lado da lápide. Alfonso fez o mesmo.

Sem desviar os olhos dali, ele ficou por minutos, perdido em seus pensamentos e lembranças. Doía tanto viver só de lembranças, doía tanto não ter mais a pessoa que você mais amou ao seu lado. Aconteceu tudo tão cedo. Por que não teve a chance de tê-la por perto por mais tempo? Por que as coisas tinham que ser do modo mais difícil? Se perguntava.

Alfonso: Pode... Pode me dar só um minuto sozinho? – Pediu baixo e ela somente assentiu, andando um pouco para longe.

Ele virou-se novamente e encarou a lápide.

Alfonso: Mãe... Não sei dizer o quanto, mas você me faz muita falta. Tem idéia de como é difícil ter ficado aqui sem você? – Esperou alguns segundos, como se esperasse uma resposta. – Eu sei que sempre falo o mesmo, sempre, mas... O tempo passa, as coisas vão mudando... Mas a dor não. Parece idiota da minha parte né? – Riu sem humor. – Mas é a verdade, no fundo eu acho que nunca vou superar por completo ter perdido você. – Olhou para as próprias mãos e suspirou. Apesar da dor, nenhuma lágrima era derramada. – Tanta coisa mudou depois que você se foi... Eu tive que aprender a seguir sozinho. Sim, eu tive que aprender sozinho, porque nem o apoio do meu pai eu tive, eu precisava, e não tive. E mesmo assim eu precisei continuar... Segui em frente e hoje eu seu o que a senhora sempre sonhou que eu fosse, eu cumpro a promessa que fizemos. Nossa empresa vai seguir crescendo. – Sorriu de canto. – Por você, mãe... Eu me esforço por você e vai ser sempre assim, enquanto eu puder. – Ficou ali por minutos incontáveis. – Eu amo você mãe. – Falou baixinho, depositou um beijo na mão e tocou a lápide.

Any somente o observava de longe, ele tinha o cenho franzido enquanto falava algumas coisas e não tirava os olhos do túmulo da mãe. Se sentia mal em vê-lo assim. Ela não tinha os pais por perto e isso já era triste, mas se imaginar sem eles era torturante. Por isso machucava só de imaginar o que Poncho sentia. Ver ele daquela maneira a destruía, ele sofria desde muito novinho, ela o conhecera quando tudo aquilo começou e desde então desejou nunca mais se afastar. Estaria com ele ali sempre, todos os anos, seja como fosse passaria toda a força e conforto que ele precisasse.

Sentiu que um lagrima escorria e logo a secou, porém, vieram outras e não conseguiu esconde-las. Quando ele se aproximou, o abraçou forte.

Alfonso: Por que está chorando? – Secou seu rosto.

Anahí: Nada, eu... – Baixou o olhar, mas ele segurou seu rosto.

Alfonso: Pequena, não precisa ficar assim... Não gosto de ter ver chorar. – Beijou sua testa. – Eu estou bem, ok? – Ela assentiu, mesmo sabendo que não era verdade. – Vamos.

Anahí: Onde vamos? – Perguntou já no carro.

Alfonso: Vamos passar lá em casa para ver Dolores.

Anahí: Ai que ótimo! – Abriu um sorriso. – Sinto saudades dela, faz tempo que não a vejo.

Alfonso: Pois é, ela também sente sua falta e me cobra sempre pra te levar lá.

Mesmo depois de anos, Dolores continuava a trabalhar na casa dos Herrera.

Anahí: Awn não vejo a hora de ver ela.

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