7° Passe

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Ok. Não há tempo para pânico. Tenho apenas treze minutos para me arrumar para a maior oportunidade da minha carreira.

Corro para o quarto. O surto pelo notebook queimado fica para depois.

— Bex, me desculpa! — Sami grita vindo atrás de mim. — Eu sinto muito mesmo!

Vou direto para o guarda-roupas.

— Bex? Por que está jogando as roupas no chão?

Não tenho tempo para responder, continuo revirando em busca da minha blusa branca da sorte.

— Achei você! — exclamo levantando a blusa no alto.

Eu sempre uso ela em entrevistas para me sentir confiante. Ela me faz sentir confiante justamente porque é a blusa da sorte. E ela é a blusa da sorte porque me faz sentir confiante. Não sei exatamente como esse ciclo começou.

Está um pouco amarrotada, mas não dá tempo de passar. Tiro a camisa larga que estou usando, me enfio em um sutiã às pressas e coloco a blusa da sorte.

— Rebeca, o que deu em você? — Sami segura os meus braços com cara de assustada. — Você está tendo algum tipo de surto, ataque, ou coisa assim? Desculpa pelo notebook...

— Tenho uma entrevista de estágio! Chama um Uber, por favor! — digo depressa em minha batalha contra os botões da camisa.

E aqui está a minha ruína: na luta desesperada, o botão do meio arrancou.

— Não, não, não! — Tento como louca colocá-lo no lugar.

— Para com isso! — Sami segura as minhas mãos. — Não tem mais jeito. Veste outra.

Ela pega uma blusa entre as que joguei no chão e empurra para mim.

— Toma, essa é até mais bonita.

— Mas era a minha blusa da sorte! — reclamo, já tirando e vestindo a que ela me entregou.

O que mais pode dar errado?

— Veste essa saia lápis! Vai ficar linda. Vou chamar o Uber! — ela me entrega a saia e corre para fora.

Termino de vestir a roupa e me apresso até o espelho para pentear o cabelo.

Não me sinto preparada. Deveria ter feito pesquisas sobre a empresa, metas, objetivos e projetos aos quais estão envolvidos, essa cosias são indispensáveis em qualquer entrevista. Mas consigo enrolar nisso, então essa não é exatamente a minha preocupação.

Minha testa roxa é a real preocupação.

Jogador idiota. Zac Dlian idiota. Idiota. Idiota.

Como eu vou me apresentar com esse hematoma gigante na testa?

Se de alguma forma essa deformação no meu rosto interferir no resultado da minha entrevista, eu vou processá-lo sim!

⚽︎

Não tive coragem de olhar no relógio, mas sei que me atrasei muito.

Samira pediu carro em dois aplicativos para que eu pegasse o que chegasse primeiro. Os dois chegaram juntos.

Foi uma aflição. Ambos queriam me levar e no fim tive que pagar pelo que não foi o escolhido.

Só percebi que havia feito a escolha errada quando vi a lentidão que o motorista vitorioso dirigiu até a Agência Prisma.

Mas tudo bem, o importante é que cheguei ao imponente edifício espelhado. Antes de entrar, paro na porta de vidro escuro por um segundo para analisar meu reflexo.

Jogada de CraqueOnde histórias criam vida. Descubra agora