Eu não podia negar que ela era bonita e sustentava uma certa áurea de menina mulher que me chamou atenção. Puta merda, de novo não.
– Eu posso ir? - ela perguntou mais uma vez com a voz falha me tirando de meus devaneios.
– Não queria te assustar. Vim pedir desculpas – notei a confusão mais uma vez seu rosto, o lábio antes preso entre os dentes sendo solto de uma só vez. - Nos batemos no corredor e eu fui um pouco grossa.
Ela pareceu lembrar de mim e abaixou o rosto.
– Tudo bem, não se preocupe. - ela não ia brigar? Não ia falar nada?
– As pessoas costumam te tratar mal aqui? - a curiosidade foi maior que eu. Ela hesitou mais uma vez e ai eu tive minha confirmação – Quem faz isso com você? Eu prometo que não vou falar com ninguém.
– Não é nada demais, só alguns garotos que às vezes mexem comigo.
– Bom, se você esbarra neles com a mesma frequência com que esbarrou comigo hoje eu até os entendo. - ela deixou escapar um riso tímido voltando a erguer o rosto. Não consegui evitar um sorriso de satisfação comigo mesma, ainda tenho meu jeito com as palavras – Mas temos uma coisa séria a resolver.
Ela não falou nada, acho que ela se comunicava mais com expressões do que com palavras.
– Você roubou o meu lugar secreto. - um sorriso se formou em seus lábios.
– Eu pensei que esse era o meu lugar secreto, não sabia que era assim tão frequentado – ela mudou da água para o vinho. Já estava se soltando, agora suas palavras vinham acompanhadas de um certo divertimento.
– Bom, tem um ano que não piso aqui.
– Então isso é abandono, por direito ele agora é meu – juntei as sobrancelhas com sua resposta. Não estava esperando por aquilo. Onde estava a menininha indefesa de agora a pouco? - Cansou de vir aqui?
– Não, fui expulsa da faculdade.
Admiti sem rodeios e de repente me veio essa preocupação com o que ela poderia pensar. Olhei em seu rosto e pude vê-la se assustar um pouco, mas me surpreendendo novamente ao começar a rir em seguida.
– O quê? Por que está rindo?
– Uh, você deve ser barra pesada então. - zombou.
– Eu sou, deixei a diretora maluquinha com minha cara de mau. Se você reparar aquele cabelo loiro e brilhante dela é uma peruca, porque eu a fiz arrancar todos os fios de sua cabeça – Nós rimos juntas e só então percebi que havia tocado em um ponto que não deveria. - Quer dizer – tentei consertar tropeçando em minhas palavras – Não sei se você já... já reparou... ou ficou sabendo...
– Não fui cega a vida toda – ela me tranquilizou e eu senti meu rosto ruborizar. Uma coisa boa ela não poder me ver nesse momento. Que merda estava acontecendo comigo? - Sempre desconfiei que aquele cabelo não fosse dela.
Camila riu e eu também quis rir, mas ainda estava paralisada com minha própria lerdeza e cheia de curiosidade.
– O que aconteceu com você? - minha boca grande atacou novamente.
– O que você quer saber? - arregalei os olhos com a velocidade de sua resposta.
– Por essa eu não esperava – admiti divertida – estava pronta para lutar mais para lhe convencer a contar seus problemas para mim. Pensei até em contar os meus antes para dar um gás.
– Eu também não esperava por essa, se serve de consolo. Ninguém aqui arrisca ir tão longe, se limitam aos boatos. É bom encontrar alguém que queira ouvir a história toda. Não é sempre que você pode se gabar dizendo que sobreviveu a algo assim.
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Requiem
FanfictionLauren Jauregui é uma herdeira multimilionária, que, após afastada de sua vida contra sua vontade, por um ano inteiro, consegue retornar a Nova York para acertar as coisas com seu pai. Ela tem tudo sob controle até conhecer Camila, uma garota que va...
Camila Cabello
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