Capítulo 7

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379 Dias depois

Era dificil aguentar mais de um dia inteiro sem comida, mas a Aurora não me deixava. Se fosse preciso ela dava-me a sua comida, para eu não ter de morrer.
Os últimos dias foram devastadores, além de parecer que estamos aqui há anos, ver apenas uma pessoa durante todo este tempo tem feito eu dar em louca.

-Yas? - pergunta ela

-Tou aqui - digo

Ela vem até mim, parecia abalada com alguma coisa.

-Eu... - começa ela - Eu sei que nunca fui a pessoa que tu escolherias para passar vários anos presa numa ilha, mas, há uma coisa... Que eu não te contei...

Que ela é uma serial killer?

-Oquê? - pergunto

-É que... Eu sou o Batman - diz ela

Não consigo coner um riso, ela era a única pessoa que me conseguia meter assim.

-Parva - digo

Estávamos encostadas a uma rocha na costa, tinha-me habituado a observar as estrelas a maior parte da noite, elas embalavam-me.
Ouço um barulho, como se fosse... A buzina de um navio. Olho ao longe, estava escuro mas...

-Um navio... - murmuro

-DEUS QUE ME ACUDA - grita a Aurora - FOGO, PRECISAMOS DE FOGO

Apresso-me a ir buscar lenha, não chovia muito na ilha, por isso quase toda a madeira jogada no chão era utilizável.
Quando volto para a costa ela estava á minha espera no mesmo sitio onde eu a tinha deixado.

-Queres que eu faça? pergunta ela

Parece improvavel que nós tenhamos aprendido a fazer uma fogueira, mas com tanto tempo livre naquele manicomio chamado Ilha, nós aprendemos diversas coisas.

-Sim - digo

Dou-lhe a madeira e ela começa a fazer alguma coisa com ela, literalmente não faço a minima ideia doque ela está a fazer.
Depois de alguns minutos a tentar fazer fogo, finalmente vejo uma chama a sair.
Fogo.
Ela atira o fogo para o pequeno monte de madeira que havia sido jogado no chão por mim e o monte rapidamente se incendeia.

-Achas que nos vão ver? - pergunta ela

-Claro amiga - respondo

-Só amiga - ri-se ela - Vou só ali

Só ali...

-Afirmativo amiga - rio

Ouço o riso dela e os passos a desvanescerem-se até não os conseguir ouvir mais.

17 Minutos depois

O navio estava a aproximar-se... Eles viram o sinal... Meu deus do céu, vamos sair daqui vivas...
Finalmente os ouço os passos dela a aproximarem-se denovo. Os passos dela são suaves, tal como ela o é.

-Voltei - diz ela

-O navio está a vir - digo a tentar conter o quanto me sentia feliz

Ela sorri, o sorriso dela ilumina a escuridão tal como o Sol o faz quando está de dia. Provavelmente muita gente diria que quem fica preso numa ilha durante vários dias fica feio, mas ela só tinha ficado mais bonita, sinceramente.

37 Minutos depois

O navio estava finalmente na costa da praia, como é que é possivel construirem algo tão enorme?
Uma escada sai do casco do navio, depois de toda para fora, saí um homem de lá de dentro. Se for um assasino eu desisto da minha vida.

-Boa noite - diz o homem, tinha uma voz grossa

-Boa noite... Estamos perdidas - diz Aurora

-Nós vamos em direção do porto de Lisboa, querem vir? - pergunta ele

Olho para Aurora e digo que sim com a cabeça.

-Sim... Teríamos todo o prazer - responde Aurora

O homem faz-nos sinal para entrármos e eu sigo Aurora. Entramos no navio, era quente.
Ele leva-nos até um quarto, dizendo que era o único disponivel, e diz que nos vem chamar quando chegássemos a terra firme.

-Agora é só esperar - diz Aurora

Ela não parece mesmo estar bem.

23 Horas e 58 minutos depois

Alguém bate á porta, finalmente.
Aurora levanta-se rapidamente e abre-a. Era o chefe do navio

-Podem vir - diz ele

Levanto-me. Aurora estava á minha espera na porta.
Seguimos o chefe e saimos do navio. Uau... Era mesmo... A nossa cidade...

-A minha casa fica mais longe que a tua... - suspiro

-Vens á minha, e depois eu levo-te á tua- diz ela

Ninguém vai acreditar que estamos vivas. Devemos ter ficado muito tempo lá... Era estranho aquele homem não ter feito perguntas.

Quando chegamos á sua casa, noto que ela está vazia, pelo facto das luzes estarem todas desligadas.
Ela abre-me a porta e deixa-me entrar, ela faz sempre isto.

-Está vazia... - digo

Ela entra e fecha a porta.

-Será que eles... Mudaram de casa...? - pergunta ela

-A chave estava debaixo do tapete, é obvio que não a deixariam aqui se se tivessem mudado - digo

-Ok... Mas eu tou a morrer de sono, não aguento mais um segundo em pé e não vou esperar por eles - diz el a dirigir-se para o seu quarto, onde não dormir há bastante tempo

Sigo-a, não ia dormir no sofá desconfortável da sala.
Quando entro no quarto dela, vejo que o mesmo está igual, obviamente...
Deito-me do lado direito da cama, ela ficava sempre no esquerdo.

-Vai... Ficar tudo bem - sussurra ela

Acabo por me deixar dormir abraçada a ela, estava frio, eu não ia congelar ali.

Quando amanhece sinto-me muito melhor. Mas... Não estava quente... Estava frio.
Abro os olhos.
A Aurora não estava lá... Em vez dela estar lá, estava uma carta... O que é que ela fez...?

Perdidos Entre As ÁguasOnde histórias criam vida. Descubra agora