𝐎𝐥𝐢𝐯𝐢𝐚 𝐧𝐞𝐭𝐨, filha de Felipe Neto, sempre se sentiu pressionada pela fama que veio com seu sobrenome. Sua vida mudou quando conheceu 𝐋𝐢𝐳 𝐦𝐚𝐜𝐞𝐝𝐨 em um evento de influenciadores. As duas logo se tornaram amigas, e Liz apresentou Olí...
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Eu sabia que passar o dia com o Michel era uma ideia arriscada. Não éramos namorados, mas havia algo entre nós que era tão óbvio quanto irritante. Um "rolo", como as pessoas dizem, mas que parecia mais complicado do que isso. Toda vez que eu olhava para ele, sentia uma mistura de raiva, desejo e, bom... inveja.
Porque ele era tão lindo que me deixava furiosa.
Estávamos no estúdio improvisado que ele montou na casa dele para gravar vídeos de culinária. O tema de hoje? Ovos de Páscoa artesanais. Parecia simples, mas quando se tratava de Michel, nada era realmente simples. Ele fazia tudo parecer um desfile do jeito que ele mexia os ingredientes, do jeito que ele ria quando algo dava errado. Eu ficava olhando para ele e pensava: Por que você não pode ser menos... perfeito?
"Você vai me ajudar ou só ficar aí me encarando, Liv?" Ele perguntou, sem nem olhar para mim, enquanto mexia o chocolate derretido em uma panela.
Corei instantaneamente, me odiando por ser tão óbvia. "Não tô te encarando! Só tô esperando você me dar algo pra fazer." Minha voz saiu mais defensiva do que eu gostaria.
Ele ergueu uma sobrancelha, aquele sorriso torto aparecendo. "Certo... Então pega essas formas de ovo e começa a espalhar o chocolate."
Peguei as formas e tentei me concentrar na tarefa, mas era difícil. A proximidade dele, o cheiro da cozinha misturado ao perfume que ele usava, o jeito que ele se inclinava para pegar algo no balcão gor tudo isso parecia projetado para me distrair. E o pior? Ele nem fazia de propósito. Era só... ele.
"Você tá quieta hoje," ele comentou, me observando pelo canto do olho.
"Só tô tentando não cometer nenhum desastre," respondi, sem olhá-lo. Não era totalmente mentira. Eu estava com medo de derrubar alguma coisa e acabar parecendo uma idiota, porque com o Michel por perto, isso era sempre uma possibilidade.
"Ou tá tentando não olhar pra mim," ele provocou, e o tom brincalhão me fez parar o que estava fazendo.
"Você se acha tanto, né?" Retruquei, cruzando os braços.
Ele riu, aquela risada baixa que fazia meu coração acelerar e me irritava ao mesmo tempo. "Não é questão de me achar, Liv. Eu só sei quando alguém tá tentando me evitar."
Respirei fundo, tentando ignorar a vontade de jogar chocolate nele. "Eu não tô te evitando."
Ele deu um passo na minha direção, agora mais perto do que eu estava preparada para lidar. "Então por que parece que tá?"
"Porque você... me irrita!" As palavras saíram antes que eu pudesse me segurar.
Michel arregalou os olhos, surpreso. "Eu te irrito?"
"Sim!" Continuei, sentindo o calor subir pelo meu rosto. "Você é tão... tão... lindo que chega a ser irritante. Não é justo! Você faz tudo parecer fácil, enquanto eu fico tentando não tropeçar nos meus próprios pés quando estou perto de você."
O silêncio que se seguiu foi tão pesado que eu queria desaparecer. Ele ficou me encarando por um momento, e eu não conseguia entender o que passava pela cabeça dele. Então, para a minha surpresa, ele riu.
"Isso foi um elogio?" Ele perguntou, inclinando a cabeça de lado.
Revirei os olhos, mas não consegui evitar um pequeno sorriso. "Pode considerar como quiser."
Ele deu mais um passo, e agora estávamos tão perto que eu podia ver o reflexo da luz nos olhos pretos dele. "Liv," ele disse, a voz mais suave agora. "Você não precisa ficar insegura comigo. Eu gosto de você exatamente assim, do jeito que você é. Até quando tá brigando comigo."
Meu coração deu um salto, mas eu não queria dar o braço a torcer tão fácil. "Eu não tava brigando com você. Só tava sendo honesta."
Ele sorriu, um daqueles sorrisos que faziam meu estômago dar voltas. "Então deixa eu ser honesto também: você é a pessoa mais linda que já conheci. E eu odeio que você não veja isso."
Eu não sabia o que dizer. Pela primeira vez, fiquei sem palavras. Só consegui olhar para ele, sentindo uma mistura de felicidade e raiva - porque ele fazia meu coração disparar, e isso era completamente injusto.
"Agora," ele continuou, pegando uma colher de chocolate e apontando para as formas. "Se você terminar de espalhar o chocolate, talvez eu deixe você ganhar o próximo jogo de tabuleiro."
Não consegui evitar uma risada. "Você só tá dizendo isso porque sabe que vai ganhar de qualquer jeito."
"Talvez," ele admitiu, piscando para mim. E então voltou ao trabalho, como se não tivesse acabado de bagunçar completamente minha cabeça.
Mas enquanto eu espalhava o chocolate, não conseguia tirar as palavras dele da minha mente. Talvez ele estivesse certo. Talvez eu devesse me dar uma chance de acreditar que merecia tudo isso. Que merecia ele.
E, pela primeira vez em muito tempo, me senti feliz.
