Capitulo 15

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Max surgiu ao meu lado, cambaleante, a respiração entrecortada.

— O que fizeram com você? — perguntei, enquanto meus dedos tocavam o corte em seu braço.

Max estava completamente ferido.

O sangue escorria em um vermelho vivo, contrastando com a palidez da sua pele. Seu rosto estava inchado, as marcas arroxeadas denunciando socos violentos, e suas mãos exibiam cortes profundos, como se tivessem sido arrastadas por vidro ou pedras.

Ele ergueu a mão com dificuldade, os dedos ásperos tocando minha bochecha. Limpou uma lágrima solitária que eu nem tinha percebido cair. Um leve sorriso de esgueirou por seus lábios.

Seu corpo se aproximou e ele depositou um demorado beijo em minha testa.

— Eu estou bem — murmurou, com a voz baixa, mas carregada de dor. Era possível ver que ele se controlava para não demonstrar sofrimento, mas diante de tantos ferimentos eu estava preocupada.

Seu olhar vagou pelo meu corpo, e suas mãos passaram rapidamente pelos meus braços, inspecionando-me. Suas ações era urgentes, na tentativa de se certificar que eu ainda estava inteira.

— Você está bem? — perguntou, com uma preocupação genuína que partiu meu coração.

Nosso olhar se encontrou mais uma vez, fazendo um rubor tomar conta das minhas bochechas.

— Fica tranquilo — sussurrei, tentando acalmá-lo, não poderia revelar o pânico que tinha em meu peito, não havia dor física real, mas minha mente estava um caos. — A gente precisa cuidar de você, você está todo ferido.

Max hesitou por um momento, depois estendeu a mão para me ajudar a levantar. Sua força surpreendente me ergueu do chão no mesmo instante em que Joseph também se colocou de pé, o sorriso cruel deformando ainda mais seu rosto.

— Merda — murmurou Joseph, antes de soltar uma risada maligna que reverberou pelo ambiente. — Você devia estar morto.

Max rosnou, um som brutal e primitivo. O conjunto de sua estrutura e da ameaça que passava por seus lábios faziam dele um predador nato.

Era possível ver a energia forte que irradiava de seu corpo, como se toda sua ira estivesse borbulhando para fora de seu corpo.

— Você achou que aqueles maltês fossem dar conta de um alfa? — Max riu sem humor. — Mesmo com o Acônito banhando suas garras, eles não foram páreos para mim.

Observava o impasse entre os dois, meu corpo enfraquecido pelo medo. Imaginei a cena de vários lobos atacando Max e fiquei admirada por ele ter vencido, mesmo que tivesse retornado em farrapos. Conhecendo bem Joseph, ele não poupou lacaios nessa missão, tudo na intenção de se livrar de Max.

Quando mais eu pensava, mais eu odiava Joseph Marsal. Aceitei calada tudo que fez comigo, mas ferir Max havia sido a gota d'água.

— Não se envolva nisso, senhor Blackwood — Joseph disse, com ira. — Não compre essa guerra entre as matilhas, você ainda é jovem.

Max cuspiu no chão, ignorando as alfinetadas de Joseph.

Seu corpo entrou na minha frente, protetoramente. Como um muro intransponível. Ele segurou minha mão, permitindo que eu a apertasse naquele momento de medo.

— O senhor é muito corajoso, não é mesmo? — Max disse, arrumando seu cabelo, sua postura despreocupada só irritava ainda mais seu adversário. — Vem em meu território, me ataca e, para piorar, tenta levar minha Luna.

O rosto de Joseph empalideceu, seus olhos se arregalaram e sua expressão perdeu completamente o sentindo.

Ele me olhou, como se buscasse uma explicação rápida referente a tudo que lhe era dito. Meu corpo automaticamente se retraiu, escondendo-se ainda mais atrás de Max.

— Luna? — ele rosnou. — Bruna pertence a família Marsal e como alfa dela eu proíbo que ela se torne a sua Luna.

Meus pelos se arrepiaram, como em toda vez que ele me mandava fazer alguma coisa. Uma sensação de devoção que eu não conseguia controlar, mas naquele momento eu não iria ceder. Eu não o deixaria mandar em mim, principalmente quando a vida de Max poderia correr perigo.

Cravei o pé no chão, sentindo o frio úmido da terra se misturar com a pulsação ardente do meu medo. Era uma sensação horrível, como se cada fibra do meu ser estivesse gritando para que eu fugisse, mas forcei-me a ignorá-la. Respirei fundo, enchendo os pulmões de ar como se isso pudesse inflar minha coragem.

Estufei o peito, mantendo a postura firme, mesmo que por dentro tudo parecesse prestes a desmoronar.

— Você não é o meu Alfa! — minha voz soou alta e clara, rasgando o silêncio da clareira como um trovão.

O som reverberou, ecoando entre as árvores ao nosso redor. As folhas tremeram em suas copas altas, como se a própria floresta tivesse ouvido e respondido ao desafio. O ar pareceu mudar, pesado e denso, carregado por algo quase tangível, uma energia que fez minha pele se arrepiar.

Marsal congelou por um instante, mas apenas para que o ódio em seus olhos crescesse ainda mais. Seus globos oculares, brilhando como braseiros alimentados por uma fúria insana, me fuzilavam com indignação. Ele cerrou os punhos, os músculos de seu corpo tensos como os de um predador prestes a atacar.

— Ousada, não é? — ele murmurou, sua voz um rosnado baixo, carregado de desprezo.

A chuva continuava a cair, encharcando nossos corpos, mas eu mal sentia o frio. O peso de seu olhar era mais sufocante do que qualquer tempestade. No entanto, me mantive firme, plantada no lugar, lutando contra a vontade de recuar.

Sabia que aquele momento decidiria mais do que apenas minha sobrevivência. Decidiria quem eu era.

Marsal avançou, seu corpo se transformando no ar em um lobo cinza.

Max avançou um passo, segurando seus ferimentos com angustia.

Eles iriam se enfrentar?

— Max, não — supliquei para que não continuasse com aquilo.

O rapaz se virou em minha direção e sorriu com a  boca cheia de sangue, em seguida, ele afagou o topo da minha cabeça.

— Você será minha Luna — ele disse. — Que porcaria de alfa eu seria se não pudesse proteger minha família?

Meu Protetor: o AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora