00. | prólogo.
Nos confins da neblina da floresta de Blackwood, os pingos de chuva caíam das nuvens negras que cobriam o céu quase inexistente, escondido pelas folhas das altas árvores.
Os respingos da chuva não incomodavam Amerie; nem mesmo se ela quisesse, poderiam incomodá-la. Ela estava focada demais em fugir dele. Mas quem era ele? Nem mesmo a garota sabia quem era, enquanto era seguida como uma presa por seu predador, correndo o mais rápido que sua asma permitia — e isso não era muito. Mesmo assim, sabia que não conseguiria despistar ele, nem se corresse como uma corredora de maratona. Era óbvio que ele conhecia aquela floresta melhor do que a palma da sua mão.
Quando ela avistou o fim da floresta, viu a fita que nunca deveria ter ultrapassado — uma fita que mostrava bem o que havia acontecido ali, na verdade, o que estava acontecendo há muito tempo naquela floresta. Quem entrava ali não saía nem com a maior fé. Na cidade de Blackwood, estavam ocorrendo assassinatos frequentes e brutais; todos os corpos tinham apenas duas coisas em comum: andavam por perto daquela floresta e... Todos eles eram conhecidos de Amerie; algo que ela, por acaso, resolveu não contar à polícia.
Mas seu maior arrependimento surgiu quando sentiu algo agarrar seu pé e fazê-la cair de cara no chão. Sua cabeça virou para trás para olhar seu pé e logo percebeu: aquilo não foi um acaso; foi planejado. Era uma armadilha.
Eram cordas que prendiam fortemente seu pé, cordas feitas para ela... Não para nenhum animal; naquela floresta, no máximo havia alguns saguis ou roedores da mata. Ela tentou se virar rapidamente para tentar se soltar, mas assim que seu rosto se virou, ela o viu. Sua máscara branca e preta escondia seu rosto; mesmo sem a máscara, Amerie achava que os policiais nunca conseguiriam pegá-lo.
A voz da garota não saia, mesmo com tanto esforço; talvez fosse a asma ou possivelmente o medo — ou a euforia que ela sentia diante da situação — causados por ele.
Suas mãos tentavam arrancar as amarras que prendiam seu pé com força. Um desvio de olhar para frente fez sua garganta se fechar por completo: lá estava ele, escorado em uma das enormes árvores da floresta nebulosa e tempestuosa, onde só se ouvia o som da chuva que se intensificava e o batimento acelerado do coração da menina.
Ele a olhava como um lobo olha para um veado, completamente pronto para a morte. A cabeça do mascarado se inclinou para o lado como se estivesse analisando bem a cena, guardando-a na mente.
Os passos lentos e leves dele giravam um taco de beisebol; como poderia fugir de alguém tão próximo? Alguém que com certeza poderia pegá-la com facilidade.
Seus lábios tentaram formular um leve "Não, por favor...", mas sua respiração falhou. Era um ataque de asma e agora ela não sabia quem a mataria primeiro: a falta de ar ou o próprio homem.
Ele havia percebido sua dificuldade em respirar e caminhou cada vez mais perto de Amerie... cada vez mais perto... até chegar bem próximo dela e se agachar enquanto colocava seu cabelo atrás da orelha. Era agora. Agora que Amerie morreria... Como todos os que ousaram entrar naquela floresta em qualquer horário.
Com a cabeça baixa, ela não conseguiria olhar nos olhos do seu possível assassino, mas a risada do desconhecido a fez olhar para ele...
— Acorde, neblina! Acorde! — sua voz saiu com um ar de satisfação; ele parecia cada vez mais satisfeito ao vê-la ali... à mercê dele e aparentemente quase morrendo pela falta de ar.
...De repente, seus olhos abriram-se e seu tronco ergueu-se rapidamente enquanto seus pulmões buscavam um longo suspiro — ou ao menos tentavam — em busca do ar perdido como em seu sonho.
Aquele sonho que a atormentava todas as noites, sufocando-a e deixando seus pelos corporais eriçados. Sua mão foi até o criado-mudo ao lado da cama procurando sua bombinha de asma; algumas tragadas e o ar estava puro novamente entrando em seus pulmões como uma pluma.
Sua cabeça tombou para trás enquanto aproveitava aquele ar extra; uma brisa chamou a atenção de Amerie quando seus olhos azuis viram automaticamente: mais uma vez sua janela estava aberta...
⸻ 𝕭𝖑𝖚𝖊𝖘𝖗𝖗𝖞𝖕𝖎𝖊𝖘
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Fear of the Dark
Fanfiction𝐅𝐄𝐀𝐑 𝐎𝐅 𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐀𝐑𝐊 || Correr era o que seu instinto de sobrevivência a fazia fazer, mesmo sabendo que estava sendo caçada como uma ovelha por um grande lobo. Corra, Amerie! Corra! era as palavras que a garota repetia em sua mante, até que...