Capitulo 23

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Bridget estava sentada no banco perto dos estábulos, a cabeça baixa, os dedos nervosamente apertando o tecido do vestido. As palavras de Red ainda ressoavam em sua mente, repetindo-se como uma melodia amarga "Para com isso, Bridget! Que Droga!  Por que você tem que se meter em tudo? Por que você não pode, só uma vez, me deixar em paz?"

Era diferente dessa vez. Não era só a frieza habitual de Red. Era algo mais profundo, um muro que nunca estivera ali antes.

Bridget tentou afastar a dor no peito, mas o nó em sua garganta só apertava cada vez que revivia aquela conversa. O vínculo entre elas sempre fora forte, inquebrável, mas agora parecia que estava se desfiando aos poucos.

Enquanto a princesa se perdia em pensamentos, o som de cascos contra o solo chamou sua atenção. Ela olhou para cima e viu James cavalgando em direção aos estábulos. Ele trazia algumas mercadorias, provavelmente da vila.

Assim que seus olhos encontraram os dela, uma expressão de preocupação tomou conta de seu rosto.

Ele desmontou rapidamente, quase tropeçando no processo, e conduziu o cavalo para dentro do estábulo com pressa. Pouco depois, caminhou até ela com passos firmes.

— Bridget? — chamou, com a voz cheia de cuidado. — O que aconteceu?

Bridget hesitou, mas o nó em sua garganta a fez ceder.

— É Red... — começou, com a voz trêmula e magoada. — Ela está... está escondendo algo de mim, James. Nem consegue olhar nos meus olhos. Hoje... ela me evitou o dia inteiro.

James franziu o cenho, claramente preocupado. Ele sentou-se ao lado dela no banco, mantendo a proximidade sem invadir seu espaço.

— Bridget, se Red está escondendo algo, deve ser por um bom motivo. Você sabe como ela é...

— Mas não é assim que somos — Bridget interrompeu, com uma emoção inesperada em sua voz. Ela virou-se para James, os olhos brilhando de tristeza. — Nunca escondemos nada uma da outra. Sempre confiamos completamente... e agora, ela me trata como se eu fosse uma estranha.

James inclinou-se levemente para ela, as mãos repousando sobre os joelhos. Sua voz era calma, mas carregava sinceridade.

— Bridget, você é a pessoa que Red mais se importa. Ela pode ser mais fria, mas tudo que ela faz... é por você.

Ela o encarou, os olhos brilhando de emoção.

— Então por que ela não confia em mim?

James suspirou, a mão tocando levemente o ombro dela.

— Talvez porque ela acha que, ao te contar, vai te ferir. Red nunca se perdoaria se algo acontecesse com você.

Antes que Bridget pudesse responder, uma explosão distante cortou o ar como um trovão. O som reverberou pelos campos, seguido por um clarão vermelho que iluminou o horizonte.

Ambos se levantaram instintivamente, os olhos fixos na direção do som.

— O que foi isso? — Bridget perguntou, o coração disparado.

James apertou os olhos, tentando identificar a origem da explosão.

— Parece... que foi perto das fronteiras da floresta.

Bridget sentiu uma onda de ansiedade percorrer seu corpo — Eu preciso voltar ao palácio — disse ela, com determinação na voz.

— Bridget... tome cuidado — ele disse, a voz firme, mas carregada de preocupação.

Ela o olhou, incapaz de responder. Apenas assentiu quase imperceptivelmente, então virou-se e correu em direção ao palácio.

Bridget caminhava apressada pelos corredores do castelo, ainda sentindo o cheiro de fumaça trazido pelo vento.

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