Eu nunca entendi essa obsessão mortal com carros brilhando, mas aqui estou eu, encostada no meu Dodge, observando Maddie e o resto das líderes de torcida jogarem água e sabão em tudo que tem motor e roda. O sol tá castigando, o que parece o cenário perfeito pra um desfile de biquínis improvisado. Ridículo? Com certeza. Mas, honestamente, eu tô adorando. Não o lance do carro, claro. Isso é perda de tempo. Tô falando de Maddie.
Ela tá ali, cabelo preso num rabo de cavalo bagunçado, espuma escorrendo pelos braços enquanto ela esfrega o capô de um Mustang que claramente não merece toda aquela atenção. Maddie é tipo a rainha da escola: popular, linda, e sempre com aquele sorriso que faz todo mundo cair aos pés dela. E, de alguma forma, ela escolheu a mim. A garota que anda com jaqueta de couro e um punhal escondido na mochila.
“Clarisse! Para de ficar parada aí feito um poste e vem ajudar!” ela grita, me lançando um olhar provocador.
Eu rio. Como se eu fosse trocar minha espada por uma esponja molenga. “Tô bem aqui, valeu. Sou mais útil vigiando os otários que param só pra te olhar.”
Ela revira os olhos, mas tá rindo. E, sério, eu não ligo de ser a namorada rabugenta no canto. Maddie é luz onde eu sou escuridão. Ela é sorriso enquanto eu sou punhos cerrados. De alguma forma, isso funciona.
Enquanto ela volta ao trabalho, outro cara estaciona por perto. Um típico atleta do time de futebol americano. Ele bufa quando vê meu olhar, mas não ousa dizer nada. Deve ser porque ele ainda lembra do que aconteceu com o último idiota que tentou fazer graça com Maddie na minha frente.
“Você podia pelo menos tentar ser simpática, sabe,” Maddie diz, jogando água na minha direção, me molhando de propósito.
“Simpatia não é meu forte, princesa,” retruco, mas dou um sorriso de canto. Só Maddie consegue me tirar um sorriso assim.
“É, eu percebi. Mas, mesmo assim, você vai me ajudar a lavar esse carro, porque eu decidi.”
Ela pega um balde cheio de água e espuma e caminha até mim com aquele olhar que significa que eu não tenho escolha.
Então, lá estava eu, prestes a dizer algo sarcástico pra Maddie, quando uma das líderes de torcida, Becky – a garota que parece ter saído de um comercial de protetor solar – decide que é uma boa ideia jogar um balde de água direto na minha namorada.
O balde voa, e Maddie solta um grito que vira uma risada no meio. A água encharca o cabelo dela, grudando os fios loiros na pele bronzeada, e o biquíni… bom, digamos que a gravidade e o tecido estão lutando, e a gravidade tá ganhando.
Eu congelo. Não porque eu sou tímida ou algo assim, mas porque, por um segundo, minha mente vira um caos. Maddie tá ali, rindo e empurrando Becky, mas toda molhada e com aquele sorriso... Ela parece uma maldita deusa saída de um comercial de verão, e eu, a durona Clarisse La Rue, tô perdendo a compostura.
“Becky, você é uma idiota!” Maddie grita, mas não tá nem um pouco brava. Ela vira pra mim, ajeitando o biquíni e afastando o cabelo do rosto. “E aí, guerreira, ainda vai ficar só olhando ou vai fazer alguma coisa útil?”
Eu pigarreio, tentando recuperar a minha cara de durona. “Faz parte do show, né? Tô aqui pra apreciar.”
Maddie ri, caminhando até mim com aquele andar confiante que me deixa meio sem saber onde enfiar as mãos. Ela para na minha frente, pingando água, e coloca uma mão no meu peito. “Tá apreciando mesmo ou tá só fingindo porque tá com medo de molhar a jaqueta?”
“Eu não tenho medo de nada,” retruco, tentando não deixar transparecer que o toque dela tá me deixando mole.
“Ótimo,” ela diz, pegando a esponja cheia de sabão e esfregando no meu rosto antes que eu tenha tempo de reagir.
“Ah, é assim, então?” Dou um passo pra trás e pego o balde dela antes que ela possa fugir. Com um movimento rápido, viro o resto da água nela. Agora, ela tá ainda mais molhada e, se possível, ainda mais sexy.
“Clarisse La Rue, você vai pagar por isso!” Maddie grita, mas tá rindo.
“Pode tentar, princesa.”
O resto das líderes de torcida só observam, algumas rindo e outras provavelmente se perguntando como diabos a garota mais irritante e anti-social da escola acabou com a garota mais cobiçada. Eu? Eu só me sinto sortuda. Mesmo quando ela pega outro balde e corre atrás de mim.
Inferno, essa garota vai ser minha ruína. E eu não tô reclamando.