CAPÍTULO 8

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Damon


Não faço ideia de quem realmente é aquele bastardo, mas ele fez a Winnie gritar. E só eu posso fazer ela gritar. A imagem dela naquele estado ainda rodopiava na minha mente, uma fagulha perigosa de ódio alimentando o incêndio que já ardia dentro de mim. Eu vou matar ele. Assim que eu resolver isso. 

Mas o verdadeiro problema? Bem, esse problema estava sentado ao meu lado, me perfurando com olhos tão afiados quanto facas. Gabriel Torrance. Meu pai. E agora ele sabia. Finalmente, ele sabia sobre minha conexão com os Whitmore, algo que eu mantive escondido por tanto tempo. 

Se Gabriel é um magnata da mídia, David Whitmore não fica atrás. Ambos possuem legiões de capachos e cães, prontos para atacar ao menor estalo de dedos. A diferença? Meu pai tem uma vadia como esposa, enquanto David tinha uma princesa ao seu lado. 

E agora, graças àquela vadia desgraçada que apareceu para arruinar minha noite, eu estou na porra de uma delegacia, ouvindo sermão de um idiota que mal consegue prender um bêbado no fim de semana. 

— Que isso não se repita novamente, senhor Torrance. — Martin Scott decretou com a voz firme de quem achava que tinha alguma autoridade sobre mim. Revirei os olhos, completamente indiferente. 

Minha irritação não tinha diminuído nem um pouco desde o momento em que toda essa merda começou. E ainda tinha o corpo. Merda. 

— Damon. — A voz do meu pai cortou o ar. Não era um pedido. Era uma ordem. 

Levantei-me lentamente, como quem não tem pressa, e segui Gabriel para fora da delegacia. Ele caminhava com passos firmes, a aura de poder que ele carregava sendo quase sufocante. Mas minha mente estava em outro lugar. 

Jeremy ainda estava preso. E por mais que minha raiva estivesse fervendo, ele merecia se ferrar. Não era em mim que ele tinha acertado aquela barra de ferro, afinal. Ele que se foda. 

Minha atenção voltou para Elowen, ou melhor, para a traição dela. Aquela desgraçada fugiu no momento em que teve a chance, como se achasse que poderia escapar de mim. Uma risada seca escapou dos meus lábios. Ela não fazia ideia de quem estava enfrentando. 

Peguei um cigarro do bolso e acendi. O gosto amargo da fumaça invadiu minha boca, mas não fez nada para aliviar o peso no meu peito. Eu estava no limite. 

— Se você for pego mais uma vez, Damon, não vou mover um dedo para te proteger. Vou garantir que você passe uma temporada em Blackchurch. — Gabriel falou com a calma de quem já havia tomado sua decisão. 

Blackchurch. O nome trouxe uma pontada de desconforto, mas eu a enterrei rápido. Ele achava que tinha poder sobre mim. Talvez tivesse, em parte. Mas se ele pensa que vai tocar em Elowen, está muito enganado. Ninguém toca nela sem minha permissão. Nem ele. 

Parei no meio da calçada, colocando dois dedos na têmpora. A dor de cabeça vinha a galope. Tudo estava errado, mas eu sabia o que precisava fazer. Não podia aparecer na casa dos Whitmore a pé — não combinava comigo. 

Ou talvez… 

Um sorriso lento se formou em meus lábios. Já sei. Essa noite ainda não acabou. Elowen precisa aprender que eu sou o único que decide as regras.


  

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