Capítulo 57

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Luma. 🌪️

A gente tava fazendo um churrasco na casa da Nanda, e Renan veio com uma ideia de ir todo mundo para Angra. Depois da morte do Kauan, essa era a segunda vez que a gente se reunia para fazer alguma coisa.

— Galera, é o seguinte. Quero brotar em Angra ou Arraial — Renan falou levando seu copo até a boca

Eu troquei um olhar com Tainá e, pela primeira vez em muito tempo, ela estava muito animada para fazer algo.

— Angra, tá cheio de PM cercando Arraial — L10 disse

— Todo mundo junta as malas, Luma cuida da organização — ele piscou para mim — e a gente desce amanhã mesmo.

Suspirei, sabendo que, como sempre, acabaria cuidando de todos os detalhes. Mas não importava. A ideia de sair daquele morro sufocante já era suficiente.

Enquanto a gente estava ali, bebendo, rindo e planejando como tudo ia ser. Eu aluguei a casa e preparei tudo para a gente descer.

- Vai ser só resenha em Angra. - Marlin falou aumentando o som

No dia seguinte, depois de horas de organização e planejamento e de mil perguntas e pequenos estresses estávamos prontos. Nanda, VN, Tainá, Thalita, L10, Marlin, Lima, Renan e todas as nossas crianças cada um carregando suas malas.

Tinha esquecido o quanto era estressante viajar com uma criança, João Arthur era muito tranquilo, mas dessa vez ele estava fora do normal.

- Meu filho, você vai ficar de castigo. - falei olhando ele reclamar no banco de trás do carro

- Eu não ligo, quero jogar bola. - João deu os ombros e começou a bater bola dentro do carro

Peguei a faca que eu estava usando para cortar maçã e furei a bola.

- Isso é para você aprender a me escutar, vai ficar a viagem inteira sem essa porra dessa bola. - Gritei dando uma tapa nas costas dele

João as vezes me testa, eu sou super paciente e não gosto de ficar batendo nele. Mas essa fase dos oitos anos ele está mais impossível que o normal, começou a achar que manda nele mesmo. Mas é aí que ele se engana, por que eu faço questão de mostra que quem manda sou eu!

- João, escuta tua mãe, cara. - Renan falou rindo

- Mas pai, eu tô cansado de ficar nesse carro - Falou triste

Renan ficou em choque, me olhou como se estivesse perguntando se eu ouvi. Era a primeira vez que João chamava Renan de pai, assim espontaneamente.

Eu queria chorar e encher ele de beijo, Renan queria gritar para o mundo todo, mas a gente tinha que agir como se fosse uma coisa normal.

- Filho, vai ser melhor se você for obediente, se não vai ficar de castigo a viagem inteira. - Renan respondeu com um sorriso maior que o rosto

Chegamos a Angra dos Reis à noite, um lugar que parecia saído de um sonho. A casa era imensa, de frente para o mar, com uma varanda espaçosa e uma vista que tirava o fôlego. As luzes da varanda estavam acesas, iluminando o caminho até a entrada, e a brisa salgada do mar parecia uma promessa de dias mais leves.

— Isso é surreal — murmurei, sentindo um sorriso genuíno se formar nos meus lábios.

Todos estavam muito cansados, organizamos as coisas e ficamos na varanda conversando besteira. L10 começou a contar uma de suas histórias mais idiotas, sobre uma vez em que tentou cozinhar e quase incendiou a cozinha. A gargalhada de Thalita ecoou pela sala, contagiando todos.

- Tua risada bateu lá na Nova Holanda e voltou. Risada escandalosa da porra. - Lima gastou com Thalita

- Vocês não me deixam em paz, tiraram o dia para implicar comigo. - Thalita falou rindo

L10 continuava fazendo palhaçadas, gesticulando exageradamente enquanto contava sobre suas aventuras improváveis. Era bom ouvir risadas novamente, sentir a energia de todos juntos.

— Aos poucos, tudo vai se ajeitando, né? — disse Nanda, com um sorriso triste, mas verdadeiro quando nós duas estávamos na cozinha

Olhei ao redor e percebi que ela tinha razão. Havia ainda um vazio que nenhum de nós conseguia preencher, mas ali, juntos, ele parecia um pouco menor. Com o tempo, a dor ficava menos aguda, e momentos como aquele nos lembravam de que, apesar de tudo, nós ainda estávamos aqui. E juntos, éramos mais fortes.

— Sim, aos poucos — sussurrei sorrindo de lado.

Essa viagem promete e não é pouco.

Lance Eterno [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora