the return

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Finney entrou no hospital psiquiátrico mais uma vez, sentindo uma mistura de expectativa e apreensão. O primeiro encontro com Robin havia sido intenso e desafiador, e agora ele estava determinado a aprofundar-se na mente daquele jovem enigmático.


Ao chegar à sala de visitas, encontrou Robin já sentado, aparentemente absorto em seus próprios pensamentos. O olhar de Robin se iluminou ao ver Finney, mas havia algo diferente dessa vez – uma tensão no ar que fez o coração de Finney acelerar.



“Dr. Finney,” Robin começou, sua voz carregada de um tom provocativo. “Você voltou. Isso é um sinal de que está realmente interessado em mim ou apenas curioso sobre o que eu posso fazer?”



Finney respirou fundo, tentando manter a compostura. “Estou aqui para entender você melhor, Robin. O que você tem a dizer hoje?”




Robin se recostou na cadeira, seu sorriso se ampliando como se estivesse preparando um truque de mágica. “Hoje é um dia especial. Vamos falar sobre as sombras.”




“Sombras?” Finney repetiu, intrigado.



“Sim,” Robin respondeu, inclinando-se para frente. “Todos nós temos sombras, não temos? Aqueles aspectos obscuros que preferiríamos esconder do mundo.” Ele olhou fixamente nos olhos de Finney. “Você tem suas próprias sombras, Dr. Finney?”




Finney hesitou por um momento. Ele não estava ali para discutir sua própria vida, mas a pergunta o atingiu como um raio. “Todos nós temos partes de nós que preferimos não mostrar,” ele disse cautelosamente. “Mas meu foco é você.”





Robin riu suavemente, um som que parecia tanto divertido quanto desafiador. “Ah, mas isso é o que todos dizem! E se eu dissesse que suas sombras são mais interessantes do que você imagina? E se elas fossem a chave para entender quem você realmente é?”






O psiquiatra sentiu um frio na espinha ao perceber que Robin estava tentando desviar o foco da conversa novamente, mas decidiu seguir o jogo. “Se as sombras são tão importantes assim, por que você não me fala das suas?”





Robin ficou em silêncio por um momento, como se estivesse ponderando a questão. “Minhas sombras são grandes e pesadas,” ele finalmente disse, sua expressão mudando para uma seriedade inquietante. “Elas me seguiram desde a infância – momentos em que eu senti que não tinha controle sobre nada.”








“E como você lida com isso?” Finney perguntou, genuinamente interessado.





“Eu brinco com elas,” Robin respondeu com um brilho nos olhos. “Transformo minhas sombras em aliados em vez de inimigos.” Ele fez uma pausa antes de adicionar: “E isso me dá poder.”



Finney percebeu que estava lidando com alguém extremamente astuto e perigoso, mas também alguém profundamente complexo. A conversa seguiu por caminhos sinuosos, com Robin alternando entre vulnerabilidade e manipulação.




“Você sabe,” continuou Robin com um sorriso travesso, “muitas pessoas acham que sou apenas um caso perdido aqui dentro. Mas quem realmente está preso? Eu ou você? Você parece estar tão preso às suas regras e aos seus ‘códigos éticos’.”



Finney sentiu seu rosto esquentar com a provocação. “Meu trabalho é ajudar pessoas como você a encontrar o caminho.”




“Ah sim? E quem vai te ajudar quando você olhar no espelho e ver as suas próprias falhas?” Robin inclinou-se para frente novamente, os olhos brilhando com curiosidade maliciosa.



Finney tentou manter a calma enquanto uma onda de desconforto subia pela sua espinha. “Eu sou treinado para lidar com isso,” ele respondeu defensivamente.



“Treinado ou não,” Robin insistiu com um sorriso provocante, “todo mundo tem seus limites… inclusive você.” Ele passou os dedos pelos cabelos em um gesto despreocupado e continuou: “O que acontece quando eu ultrapasso esses limites? Você fica nervoso? Ou talvez até… atraído pelo perigo?”


A pergunta pairou no ar e Finney sentiu o estômago revirar enquanto lutava contra a onda de emoção inesperada que aquelas palavras despertaram nele.




“No final da visita,” Robin chamou sua atenção mais uma vez antes que ele pudesse sair, “lembre-se: as sombras podem ser mais reveladoras do que as luzes brilhantes da verdade.” Ele sorriu de forma enigmática.




Ao sair da sala, Finney sentiu uma mistura de fascínio e preocupação. Ele sabia que estava entrando em um território perigoso – não só pela mente de Robin, mas também pelas suas próprias reflexões sobre o que havia sido revelado naquela conversa.

𝙥𝙨𝙮𝙘𝙝𝙞𝙖𝙩𝙧𝙞𝙨𝙩Onde histórias criam vida. Descubra agora