3*

1 0 0
                                    

Era um dia como qualquer outro na Yancy Academy — ou tão normal quanto aquela escola peculiar podia ser. Percy Jackson estava sentado na última fileira da sala de aula de história, rabiscando distraidamente no caderno enquanto o professor falava sobre mitologia grega. Para Percy, tudo aquilo era confuso e distante, como se estivesse tentando entender um idioma que não era o seu. Os nomes e histórias não faziam sentido, e ele estava prestes a desistir de prestar atenção.

Desde que Diana havia aparecido na escola, as coisas pareciam ainda mais complicadas. Ela era estranha de um jeito desconcertante: quieta, intensa, e sempre parecendo saber mais do que deixava transparecer. Pior ainda, ela estava constantemente por perto. Percy não sabia dizer se aquilo o irritava ou se apenas aumentava sua curiosidade.

Ele estava perdido nesses pensamentos quando a voz irritante de Nancy Bobofit o tirou do transe.

— Ei, Jackson! Está desenhando seu futuro brilhante como faxineiro? — provocou, arrancando risadinhas de alguns colegas.

Percy ergueu os olhos, sem muita paciência.

— Não, só esboçando o seu próximo tombo no pátio — retrucou, baixinho, o suficiente para ela não ouvir.

Nancy abriu a boca para responder, mas antes que pudesse, Diana passou ao lado, lançando-lhe um olhar gelado. Foi um movimento simples, quase imperceptível, mas a intensidade no olhar dela fez Nancy hesitar. Sem uma palavra, Diana seguiu em frente, como se nada tivesse acontecido, enquanto Nancy murmurava algo incompreensível e voltava a se concentrar no próprio caderno.

Percy não sabia o que pensar. Diana sempre tinha essa presença... controlada, mas ao mesmo tempo ameaçadora. E, de alguma forma, parecia estar prestando atenção nele, mesmo que nunca admitisse.

---

Na hora do recreio, Percy se juntou a Grover no pátio. Estavam sentados em um dos bancos quando Diana apareceu e, sem pedir permissão, ocupou o espaço ao lado deles. Grover, como sempre, parecia determinado a aliviar qualquer tensão.

— Então, Percy — começou ele, com um sorriso hesitante —, tem pensado em pedir ajuda para Diana com mitologia? Ela sabe muito sobre isso.

Percy fez uma careta. Ele não tinha certeza do que o irritava mais: o fato de Grover sugerir aquilo ou a possibilidade de Diana gostar da ideia.

— Não preciso de ajuda — respondeu ele, teimoso. — Eu consigo dar conta sozinho.

Diana arqueou uma sobrancelha, claramente pouco impressionada.

— Claro, porque você está arrasando, né? — disse ela, o tom cheio de sarcasmo.

— E o que você sabe sobre isso? — Percy retrucou, cruzando os braços. — Não me parece que você seja exatamente a professora do ano.

Grover suspirou, se mexendo desconfortavelmente no banco enquanto olhava de um para o outro.

— Pessoal, será que vocês podem tentar não discutir por cinco minutos? Aposto que poderiam até ser amigos, se tentassem.

Diana soltou uma risada curta, mas sem humor.

— Amigos? Com ele? — Ela olhou para Percy, com um brilho desafiador nos olhos. — Só se ele admitir que precisa de mim.

Percy estreitou os olhos, lutando contra o impulso de responder. De alguma forma, as provocações dela sempre conseguiam tirá-lo do sério. Ainda assim, ele não pôde evitar um sorriso.

— Tá bom, mas não pense que vou facilitar para você.

Diana sorriu de lado, como se esperasse exatamente essa resposta.

— Não esperava menos.

---

Nos dias seguintes, a tensão entre Percy e Diana parecia aumentar a cada encontro. Mas, embora trocassem provocações constantes, havia algo diferente nelas. Não eram maldosas como as de Nancy, e Percy começava a perceber que Diana não o considerava tão insignificante quanto ele pensava.

Certo dia, no corredor da escola, Nancy voltou à carga. Ela estava encostada em um armário, com aquele sorriso arrogante que Percy já conhecia bem.

— Olha só quem chegou! — exclamou ela, o tom carregado de deboche. — Como vai o líder do clube dos esquisitões? Já descobriram qual de vocês é o mais patético?

Percy fechou as mãos em punhos, pronto para responder, mas antes que pudesse, Diana apareceu novamente. Não houve gritos ou palavras afiadas. Ela simplesmente parou ao lado dele e olhou para Nancy com aquele mesmo olhar frio e controlado. Foi o suficiente. Nancy empalideceu, murmurou algo inaudível e saiu de cena apressada.

Percy piscou, surpreso.

— O que foi isso? — perguntou, olhando para Diana.

Ela deu de ombros, como se não fosse nada demais.

— Apenas uma conversa — respondeu, sem emoção.

— "Apenas uma conversa"? — Percy riu, incrédulo. — Você praticamente fez ela desaparecer.

Diana parou por um instante e o encarou.

— Não gostei do tom dela. E, mesmo que você me irrite às vezes, não vou deixar alguém como Nancy falar assim com você.

Percy piscou, sem saber o que responder. Aquilo não era o que ele esperava ouvir. Por trás de toda a frieza e dos desafios, havia algo diferente nela — algo que ele não conseguia ignorar.

— Bom... valeu, eu acho — murmurou ele, meio desconfortável.

Diana voltou a andar, lançando-lhe um último olhar.

— Só não me faça me arrepender disso.

Percy ficou parado, observando-a se afastar. Pela primeira vez, ele se perguntou se aquela rivalidade podia ser mais do que parecia. E, pela primeira vez, não achou a ideia tão ruim assim.

Minha Guardiã(Inimiga) - Percy Jackson Onde histórias criam vida. Descubra agora