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No passado

Pedro

Minha casa está repleta de pessoas importantes incluindo alguns novos nobres, fiz questão de que fosse servido um banquete digno dos melhores bailes da Europa.

Vejo a família Lima entrando em minha casa observando cada detalhe como se estivessem procurando um defeito. Idiotas. Se não precisasse deles com certeza não estariam aqui, eles sabem muito pouco sobre mim por isso será mais fácil ter o que quero.

Xavier está bebendo além da conta, não percebendo o que está acontecendo com Imaculada, ela está cada vez mais mergulhada naquele maldito clã e na prostituição, ainda a tenho em minha cama sentindo a cada vez mais que algo está a mudando.

Sinto ódio, ciúmes e um desejo fora do comum de matar todos que tocam nela principalmente o músico Abelardo que agora está tocando uma música dançante para os meus convidados.

Meu desejo é deixar o lobo dominar e arrancar membro por membro do seu corpo, começando com as mãos que tocaram nela e depois a cabeça. Sei que muitos que estão aqui são bajuladores e dariam sua alma para ter a atenção de alguém da nobreza.

Continuo com minha postura observando cada um quando a filha mais nova do conde Lima se aproxima sutilmente de mim junto com sua mãe, percebo que olha para mim de maneira furtiva, correspondo o olhar, meu plano está seguindo bem.

Se quero um título preciso além de ser muito caridoso com a igreja e a coroa com dinheiro e bens, tenho que me casar com alguém que possa proporcionar um olhar mais atento da coroa portuguesa. Só o meu sobrenome e relação com a família real espanhola não é suficiente para ter o que desejo.

— Condessa Lima, está gostando da festa?

— Sim, realmente impecável. Digno de uma festa da corte, aliás soube que é espanhol, portanto não me espanta o fato de saber dar uma bela festa a moda europeia.

Como se essa infeliz tivesse saído desse lugar em algum momento da sua vida miserável, o marido se aproxima da esposa e filha participando da conversa com entusiasmo.

— Me daria a permissão de dançar com sua filha?

Cândida Lima é bonita, não é muito discreta pois não parava de olhar para mim.

— Claro.

Segurei em sua mão a guiando em uma valsa lenta, é uma boa dançarina, o problema é que não consigo tirar Imaculada da cabeça, é como se estivesse enfeitiçado sem consegui me concentrar em nada, nem mesmo em meus planos.

Sigo o movimento dos passos dela tentando focar minha atenção em sua conversa fútil sobre as roupas que uso ou a música que toca. Foi quando olhei para o lado de fora da minha casa, Imaculada estava lá sorrindo para Abelardo que a viu próxima a janela.

Percebo quando a música muda e ele se levanta pedindo para os outros músicos continuarem, Xavier vai atrás dele visivelmente transtornado. Ele agora percebeu o que venho falando a meses, Imaculada é uma meretriz.

— Senhor Lobo?

— Desculpe, senhorita Cândida, me distrai por um momento, o que dizia?

— Falava sobre um boato relacionado a uma casa próxima a rua das Agulhas, dizem que lá é um antro de bruxas. Será que é verdade?

— Não me ocupo com mexericos, e a senhorita também não deveria se preocupar com isso.

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