A manhã chegou com o retorno de minhas alergias.
Prezei tanto pela saúde ontem, mas mesmo assim, me expus demais...
O lado bom, é que grande parte da minha enxaqueca foi embora junto com meu olfato.
Samael também parecia adoecido, mas não tão cansado quanto eu.
Talvez toda a questão tenha feito Mamãe voltar a me vigiar — isto, levando em consideração o sumiço de Lucius e sua volta repentina, além do bilhete vermelho que dizia que eu deveria tomar meus remédios na cabeceira.A mesma trajetória ordinária foi feita.
Cada passo estava sendo vigiado pelos guardas, desta vez.
Lucius demonstrava a aversão ruidosa por Samael à medida que ele se aproximava de mim. Talvez, uma demonstração de ciúmes, ou, uma hipótese, seria a indignação constante que Mamãe tem sobre os "peões" que não são dela para controlar. Entendo como se fosse pouco provável que ele tenha se rendido tanto assim à vontade dela, mas, nada é impossível.
Segregando os dois, pude ver que, nem um nem o outro, fica à vontade quando estão juntos.
Se assemelham muito a duas crianças nestas horas...Tive de preparar o café para os dois e repetir o monótono de ontem.
Lucius parecia mais distante, mais agressivo e mais observador. Não sei exatamente o que Mamãe preparou para hoje, então, talvez haja alguma ligação entre o calendário.
Não tão mais tarde, Dmitry apareceu na porta, com uma expressão pecaminosa.
—Gostaria que me acompanhasse, preciso de uma opinião — ele disse.
Quando me levantei do sofá, Samael e Lucius também se moveram para me acompanhar.
—Não, eles não. Você — insistiu Dmitry. Me surpreendi, admito.
Compreendi e presumi que eles também entenderam. Apenas olhei para eles e eles ignoraram a situação, porém, espero que eles não se matem até eu voltar.Dmitry estava guiando o caminho até depois da Ala Vermelha, estávamos indo para a Ala Leste — vulgo, a Ala da Ciência.
Diversos cientistas me observaram quando passei por eles, sussurrando coisas e admirando o que quer que fosse.
Dmitry estava sério, não como normalmente é, parecia que algo havia ocorrido. Não especificamente algo ruim, coisas ruins acontecem aqui o tempo todo, mas uma coisa terrível.
Depois das tenebrosas salas de pesquisa, ele abriu uma sala cor de chumbo, pouco iluminada e úmida. O interior da sala não era de todo modo aconchegante, mas se assemelhava muito mais à um quarto de hospital do que os Dormitórios.
—É terrível, cometi um erro terrível. Não sei se devo tentar consertá-lo, posso quebrar ainda mais — disse Dmitry, enquanto andava pela sala de um lado para o outro.
Tentei achar alguma pista, mas a única coisa que eu encontrei foi o prontuário na porta."MIKAEL"
Presumo ser outro dos Anjos.
Entrei na sala depois de analisar as atitudes de Dmitry. Não parecia ser uma armadilha.
Olhei em volta, e achei um corpo: uma migalha de vida, estirado no canto mais escuro da sala, exalava o cheiro de medo e seus olhos estavam cansados.
Se até mesmo eu senti o medo daquela criatura, quem dirá Dmitry com as consequências de seus atos.
Tive pena.
—O que tem de errado? — perguntei.
—Ninguém consegue chegar perto dele, ele não come, não dorme, não fala e tenho minhas suspeitas de se ele ainda ouve — respondeu Dmitry.O silêncio permaneceu.
Não parecia ser neurológico, nem psiquiátrico.
Talvez, sim, psiquiátrico... Não tenho certeza.
Questões médicas não são meu forte.
Me aproximei devagar, em silêncio, e percebi que seus olhos só começaram a me seguir depois que já havia dado alguns passos. Algo realmente tinha dado errado.
Nada de movimentos bruscos.
Me abaixei ao seu lado e esperei por alguma reação, mas não houve resposta durante um bom tempo.
Dmitry parecia inquieto, visto que aquele talvez tenha sido um projeto caro.
O que minha irmã faria?
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Injury - Injúria
Mystery / ThrillerEm uma montanha afastada, esquecida, poluída; um pequeno pássaro se perde, e, então, encontrado por corvos, tornou-se tão desprezível quanto eles, os empurrando cuidadosamente do ninho - os envenenando por dentro -, escondendo sua revolta e sua falt...