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No passado 
Imaculada 
Os dias que se passaram foram terríveis, e de repente dois meses se passaram desde que Xavier voltou, minha madrinha está cada dia pior, não aguento mais ter que me deitar com Xavier e disfarçar para minha madrinha que está tudo bem para não preocupá-la.
Ele percebeu como o odeio, que assim que termina me lavo várias vezes tentando tirar qualquer rastro dele no meu corpo, Xavier está bebendo logo cedo parece ansioso com a visita de um representante da coroa a nossa cidade, para mim, isso não importa. 
— Não quero que durma no seu quarto, vai ficar no meu quarto a partir de hoje. 
Eu não respondi, de qualquer forma não tenho escolha. Não tenho ninguém por mim, é uma questão de tempo até minha madrinha morrer, assim que ela se for, vou dar um jeito nessa vida miserável que tenho. Ouço a tosse da minha madrinha preparando o remédio que alivia suas crises vou praticamente correndo até seu quarto, Xavier ama madrinha, portanto não suporta ver ela sofrendo saindo de casa com certeza para se encontrar com Pedro Lobo. Sofro assédio e já tentou abusar de mim várias vezes, e eu sempre consegui fugir só não sei até quando vou conseguir.
Eu fui até o quarto dela, minha madrinha está tão pálida, mas assim que me vê sorri corro até ela colocando o remédio em sua boca, mesmo estando assim ela ainda preserva sua fé segurando um terço que era de sua mãe falecida.
— Minha filha, sinto que logo o Senhor Jesus virá me buscar, quero que cuide de Xavier, ele precisa de você.
— Madrinha, eu não posso ficar aqui com ele. Me dê minha liberdade para que eu possa viver com minha família. 
Eu viveria nas ruas ou até com Rosa, minha família não existe, mas talvez se pensar que tenho alguém por mim, madrinha Antônia me dará a liberdade. Sua expressão se fecha somente ao perceber que não quero ficar, Xavier vai acabar com minha vida, eu preciso implorar para que não faça isso comigo. 
— Madrinha, por favor, não pode me deixar com Xavier. Ele não é bom pra mim, seu sobrinho me obriga a se deitar com ele. 
Eu não queria dizer isso para ela, mas não teve outro jeito, sua expressão parecia de horror, mas logo se acalmou. 
— Filha, ouça sua madrinha: Xavier a ama, e tudo que fez foi por amor, isso ter acontecido foi bom. Vou conversar com ele para que se case com você, assim terá sua liberdade.
— Não, madrinha, por favor, não faça isso comigo. Xavier não vai se casar comigo, serei por toda vida sua amante.
— O assunto está encerrado, filha. O certo é você ficar com a nossa família, somos nós que a amamos e sabemos o que é melhor para você.
Me afasto entendendo tudo. Ela sempre quis me punir pelo que o marido dela fez com minha mãe, por isso me manteve aqui ao seu lado dizendo que um dia me faria livre. Nunca se conformou da minha mãe ter conseguido a liberdade do seu marido para acobertar o que tinha feito. 
— A senhora me odeia. A verdade é que mesmo agora morrendo, não perdoa o que houve. EU SOU UMA VÍTIMA, NÃO TENHO CULPA DE NADA, AINDA ASSIM, ESTÁ ME CASTIGANDO, DEVERIA TER DEIXADO MINHA MÃE ME JOGAR NO RIO COMO QUERIA.
Sai do quarto percebendo como fui burra, eu deveria ter pulado no Rio Verde quando tive oportunidade, vejo Pedro Lobo ao lado de Xavier estão conversando animados e bêbados, na verdade, Pedro não fica tonto com a bebida, parece que embriaga Xavier de propósito para ter ele mais maleável.