Amy Grace 19

                                    

                                          

                            

                                
                            
                              
                                  
                              
                              
                                
                                  
                                  
                                
                              
                             
                            
                            
                          
                          
Elliot não está aqui, deve ser isso que ele faz com as mulheres com quem ele transa, desaparece logo depois. Me levanto, mancando e com pouco de dor, foi muito prazeroso, mas acho que foi forte demais para alguém que nunca transou.
 
Peguei meu terço em cima da escrivaninha, olho atentamente para ele e lembro do meu pai. Ele deve estar decepcionado comigo, sinto que a cada dia que passa eu estou mais longe do amor do meu pai. 
Abri a janela do quarto, um vento forte soprou, fazendo meus cachos voarem para todos os lados. Por que tudo parece diferente hoje?
 
Estou com um aperto no peito, uma sensação estranha de que tem algo para acontecer. Desci para tomar o café da manhã e encontro a minha mãe sentada na sala admirando um lindo colar com uma pequena pedra de diamante. 
Eu me assustei, como ela conseguiu algo assim? Me aproximei e fiquei em choque no quanto aquela pedra brilhava.
 
— Gostou, filha? — ela perguntou.
 
— É linda, mãe, mas como você conseguiu isso? — perguntei.
 
— Você sabe que sua mãe e seu padrasto trabalham muito, estou ficando conhecida como fisioterapeuta, tenho muitos clientes.
 
— Mas fisioterapia dá tanta grana assim? Quanto quilates tem isso?
 
— Tem dois.
 
Fiquei boquiaberta, isso deve custar uns vinte mil dólares. Sai de casa meio desnorteada, não consegui nem tomar o meu café, tem algo muito estranho acontecendo. 
Fui andando em direção à floresta, o pessoal vai se encontrar para a última busca da Vitória Campbell, se ela não for encontrada agora, acabou de vez. Elliot parou com o carro do meu lado, entrei sem falar muita coisa, ainda estou envergonhada pelas coisas que aconteceram ontem.
 
— Carson comprou um relógio que deve custar uns dez mil dólares — ele falou.
 
— Minha mãe comprou um colar de diamantes. Você não está achando isso meio estranho?
 
— Carson sempre foi estranho e sua mãe também.
 
— Minha mãe nunca foi assim, ela ficou desse jeito depois que se casou com o Carson — falei irritada.
 
Não tocamos mais no assunto, chegamos à floresta e nossos amigos já estavam lá, nos esperando para adentrar pela última vez na floresta. O filho do padre não veio hoje, será que ele ficou chateado comigo por causa do Elliot?
 
Nós andamos muito dessa vez, como nunca andamos em todas as buscas, estamos tentando crer que vamos encontrar algo. 
O sol começou a se pôr e nada, ligamos nossas lanternas e continuamos, até chegarmos a uma parte da floresta que não tínhamos ido, andando mais um pouco encontramos um alçapão de madeira, só conseguimos perceber ele porque o Liam pisou em cima e fez um barulho diferente.
 
— Que porra é essa? — perguntou Elijah.
 
— Vamos abrir ou esperar as autoridades? — perguntou Liam.
 
— Vamos abrir, mas não vamos entrar— disse Morgan.
 
Não sei se esse era o certo a se fazer, mas fizemos, abrimos com força a tampa que estava bem emperrada. 
Elliot então fez uma força enorme e conseguiu abrir, nós nos juntamos em volta do buraco, não dava para ver nada, então juntos apontamos a lanterna para dentro e eu vi a coisa mais horrenda da minha vida. 
Liam vomitou, Morgan ligou para o delegado desesperada, Avni estava chorando enquanto ajudava o Liam, Elijah estava em estado de choque. 
Eu quase desmaiei, Elliot colocou as mãos nos meus olhos, me impedindo de olhar aquela crueldade, eu encostei o meu rosto no seu peito, podia sentir pela primeira vez seu coração bater forte, ele respirava profundamente, também estava assustado.
O que a gente viu? Vitória Campbell, e mais duas outras garotas que não sabemos quem são, estavam dentro do buraco, mortas. O corpo de Vitória estava todo machucado, as larvas saiam e entravam, devorando-a, as outras meninas estavam com a barriga aberta como se tivessem tirado os seus órgãos.
 
Os policiais chegaram cercando toda a área, os pais de Vitória que estavam participando das buscas estavam horrorizados, o delegado mandou todos saírem da floresta. 
Assim que chegamos na estrada, sentamos no chão sem falar nada, eu chorava como  uma criança, triste por algo tão ruim acontecer aqui em Saler Viw e com uma colega da mesma escola.
 
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Estamos no enterro da Vitória agora, a universidade inteira está aqui, incluindo os professores. O delegado falou o resultado da perícia, ela foi abusada, teve alguns de seus órgãos arrancados, pelo que parece ela foi vítima de tráfico humano. 
As outras duas garotas que estavam juntas não eram daqui da cidade, mas da cidade vizinha, como elas apareceram aqui? Não temos a resposta para isso ainda.
 
A cidade está em choque, todos estão com medo de sair na rua agora, nem para o cemitério sozinha, conversa com o meu pai, eu posso, pois tenho medo de algo acontecer. 
Elliot me leva para todos os lugares, não deixa nem eu e nem o Ethan sairmos sozinhos, nem para ir ao mercado. Fico preocupada com a minha mãe, que precisa sair quase todos os dias para a cidade vizinha para trabalhar.
 
O caixão da Vitória acabou de entrar para dentro do buraco. Enquanto a terra era jogada, as pessoas tacavam flores, rosas, cartas, todas deixando algum tipo de lembrança. Na pilastra estava seu nome, o ano em que nasceu e morreu: "Vitoria Campbell de 1995 a 2017"
 
Saímos do cemitério cabisbaixo, preocupados. Liam não parava de falar na irmã, sempre mandando mensagens para ela. Eles moram sozinhos e é por isso que ele se preocupa tanto com ela.
 
— Estou voltando para casa, queria ter encontrado vocês em outra ocasião e não em uma tão drástica — disse Morgan.
 
— Vou te levar em casa — Elijah a levou em seu carro.
 
Antes de deixar o cemitério, fui chorar no túmulo do meu pai. Elliot ficou me esperando do lado de fora, me observando e respeitando aquele momento de dor. Ele é perverso, mas quando quer tem alguma atitude descente. 
Voltamos para casa, a gente subiu para o quarto, antes de ele entrar no meu, ele verificou se estava tudo bem com o Ethan. Quando voltou ao meu quarto, me pegou deitada na cama chorando, se aproximou beijando os meus olhos.
 
— Já disse que você só pode chorar por mim — ele falou, acariciando o meu cabelo.
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Daqui para frente o livro ficará mais pesado, se preparem.
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