Na extremidade do depósito de lixo, encontramos um caminhão de reboque tão antigo que, eu tinha minhas dúvidas se aquela tranqueira funcionaria. Mas ao que parece, dessa vez a sorte estava do nosso lado, pois, o motor funcionou, e estava com o tanque cheio, então decidimos pegá-lo emprestado. Foi Sofya quem dirigiu, ela não parecia tão atordoada quanto Zoe, Noah ou eu. Ela nos conduziu pelo deserto, sob um céu azul, a areia tão brilhante que doía nos olhos. Zoe sentou-se na frente com Sofya, Noah e eu nos sentamos na carroceria do caminhão, encostados no guincho.
O ar estava fresco e seco, mas o bom tempo parecia um insulto depois de perdermos Mélanie. Apertei a pequena figura que tinha custado a vida dela. Eu ainda não sabia quem era aquele Deus, Nour com certeza saberia. Ah, deuses... o que eu ia dizer a ela? Queria acreditar que Mélanie ainda estava viva, em algum lugar, mas no fundo eu sabia.. ela realmente se foi para sempre.
- Devia ter sido eu.- afirmei.- Era eu quem tinha que ter entrado no gigante.
- Não diga isso! - Noah estava em pânico.- Já é ruim o bastante Sabina ter desaparecido, e agora Mélanie.. você acha que eu iria aguentar se...- ele fungou.- Você acha que alguém mais seria minha melhor amiga?
Dei um sorriso fraco, os olhos de Noah estavam vermelhos e inchados. Desde o encontro no Novo México, seja lá o que tenha acontecido quando aquele vento selvagem, Noah parecia muito mais frágil e emotivo do que o habitual. Eu temia falar com ele sobre isso, e ele começar a chorar e berrar como um bebê bode.
O caminhão reboque acabou ficando sem gasolina, estávamos na beira da estrada com a vista para um rio. Sofya saltou para fora e bateu a porta, imediatamente, um dos pneus estourou.
- Ótimo! - ela resmungou.- O que mais vai acontecer agora? - bufou frustada.
Observei o horizonte, não havia muito para se ver. Deserto em todas as direções, montanhas áridas erguendo-se aqui e ali. O rio não era muito grande também, talvez devesse para atravessar nadando.
- Tem uma passagem ali!.- Noah apontou para o outro lado do rio. Do outro lado, tinha uma montanha com um pequena fenda.
- Parece uma passagem para bodes.
- E daí? - Noah deu de ombros.
- Noah.. não sei se percebeu, mas Zoe, Sofya e eu não somos bodes.
- Podemos conseguir, Sina.- ele insistiu.- Bem.. eu acho.
Pensei na possibilidade. Eu já havia enfrentado penhascos antes, mas não gostava deles. Olhei para Sofya e vi o quanto ela havia empalidecido.
- Não.- neguei e vi pelo canto do olho, Sofya suspirar aliviada.- Vamos subir um pouco mais o rio.
- Mas...- disse Noah.
- Vamos garoto bode.- o abracei pelo pescoço.- Uma caminhada não vai nos fazer mal.- olhei para Sofya, seus olhos disseram um rápido obrigada.
Seguimos o rio por cerca de meia hora antes de encontrarmos uma descida mais fácil até a água. À margem havia um serviço de aluguel de canoas inativo. Puxei um punhado de dracmas de ouro do bolso e deixei no balcão e um bilhete dizendo Vale duas canoas.
- Precisamos subir o rio.- afirmou Zoe. Era a primeira vez que eu a ouvia falar desde o ferro-velho e fiquei preocupada por sua voz parecer tão ruim.
- Deixem isso comigo.- falei.
Colocamos as canoas na água. Sofya me puxou de lado quando estávamos pegando os remos.
- Ei.. Obrigada pelo que fez lá atrás.
- Sem problemas.- dei um sorriso fraco.
- Você pode mesmo...- ela fez um gesto com a cabeça na direção do rio.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A filha de Poseidon | Siyoon
FanfictionE se os deuses do Olimpo estivessem vivos em pleno século 21? E se eles ainda se apaixonassem por mortais e tivessem filhos que pudessem se tornar heróis? Segundo a lenda da antiguidade, a maior parte deles, marcados pelo destino, dificilmente passa...