17 - mary christmas

                                    

                                          
ISABELA BIANCHI
Retocava meu batom me encarando no espelho um pouco antes de ajeitar meu vestido que insistia em subir um pouco. 
Os natais aqui sempre eram fantásticos. 
Hoje é dia 24 de dezembro de 2023, o último Natal que passei aqui em família foi provavelmente por volta de 2015. 
Nunca fizemos algo muito grande, até porque sempre foi aqui na casa de tia Pascale, ou seja, parentes e amigos. Dessa vez, Arthur disse que seria algo mais próximo aqui entre a gente. 
- Bela? - A voz de Charles surgiu atrás da porta logo a abrindo. - Uau... 
Sorrio fazendo uma pose ainda pro espelho enquanto o mesmo se aproximava por trás de mim. - "Uau" pra você também. 
- Você tá surreal. - Ele põe as mãos no meu quadril dando alguns beijinhos molhados na minha nuca, o que me arrepiou por completo. - Você é surreal. 
- E você sabe como isso vai acabar. - Falo me virando pra ele que cruza os braços com a minha atitude. - O que foi? Você não vai conseguir as coisas que quer assim tão fácil comigo. Cadê o Arthur? - Troco o assunto. 
- Alô? Eu tô aqui! Você não pode perguntar do meu irmão senhora... - Ele pisca. - Bianchi? 
- Uau! Eu amei. - Digo dando pulinhos e abraçando ele que desce meu vestido com uma das mãos. - Não começa. 

🎭



Arthur mentiu pra mim. 
Havia muita gente. 
Uma música agradável tocava e a casa estava dividida em vários grupos de pessoas onde eu não me encaixava em nenhum. 
Viro a taça de champanhe na minha boca andando devagar até a cozinha atrás de mais algo pra beber.  Um homem não muito alto estava sentado ali sozinho encarando o nada, mas começando a me secar enquanto eu abria a geladeira. 
- Perdeu alguma coisa? 
- Nunca te vi aqui, quem é você? 
Fecho a porta da geladeira puxando uma gim tônica na bancada e colocando em um copo limpo. - Eu que te pergunto isso. 
- Sou o Theodore, primo do Arthur e do... Charles. 
- Ah, tipo do Alvim e os esquilos? - Pergunto e o garoto ri um pouco. - Você então faz dupla com meu ex, ela se chamava Simon. 
- Ele morreu? 
- Não! Desculpa, eu pesei um pouco o clima. - Sorrio sem graça. - Me chamo Isabela, prazer. - Estendo a mão pra ele. 
- Vai mesmo beber essa gim tônica? Natal... Faço um bom drink se você quiser de presente. Só preciso achar uma bebida que devem estar servindo por aí. 
- Eu amaria. Na verdade tô me sentindo mega deslocada aqui. 
O garoto assente me levando pra fora da cozinha atrás da bebida que havia dito. No meio do caminho passo a vista no local vendo que até mesmo Anthony estava aqui. Conversando junto da minha tia.