Capítulo 17

4.5K 254 14
                                    

(Manoela)

- Finalmente te encontramos! - Sara me dá um beijo na bochecha antes de se sentar na cadeira próxima a mim - Eu e a Lu já estávamos pensando em mandar uma equipe de busca até a sua casa para saber do seu paradeiro. Nem mesmo nossas aulas estão batendo!

- Deixa ela, Sara. - Luísa coloca sua mão na minha em cima da mesa e a aperta de leve - Ela está recém casada com um delegado gostoso, quem iria querer sair de casa?

Sorrio para minhas amigas e sinto meu coração apertar de saudade de nós três. Nossa vida mudou tanto, parece que faz tanto tempo que éramos só nós. E agora, Lu está casada com o meu irmão esperando os gêmeos chegarem, eu casei repentinamente com o meu delegado e a Sara está morando com a minha avó, apesar de sempre dizer que vai arrumar um lugar só para ela. Não que minha avó vá deixar, claro.

Nada mudou entre nós, mas sinto tanta falta de quando era mais fácil nos encontrarmos para ficarmos horas falando sobre qualquer besteira. Agora temos nossas responsabilidades e parece que a vida adulta finalmente chegou. Até mesmo marcar esse almoço foi difícil, tivemos que remarcar duas vezes para a escala das três bater no mesmo dia.

- Vocês falam assim, mas as duas estão super atarefadas também. A Lu até sabemos com o que, mas você, Sara, é um verdadeiro mistério. - cerro meus olhos para a minha amiga, que tenta manter uma expressão inocente - O que está tomando tanto o seu tempo?

- Ah, as coisas de sempre. Faculdade, meu pai, coisas assim. - quando vou pressionar mais ela redireciona o assunto, só me deixando mais desconfiada - Está animada para ir visitar seus sogrinhos?

Suspiro ficando automaticamente ansiosa com a sua pergunta. Gosto muito da família do Arthur, sua mãe então nem se fala. Desde que nos conhecemos não paramos de nos comunicar, nos falamos praticamente todos os dias e é maravilhoso ter um relacionamento tão próximo com ela. O problema é que sinto uma certa pressão vinda deles, parece que estão sempre com uma agenda por trás do que estão falando. Depois do evento horrível com o Arthur, seu pai e seu tio estão em uma incessante campanha para trazê-lo de volta para perto deles. Sua mãe não fala nada desse assunto comigo, mas vejo como as ligações com o Arthur e sua família sempre acabam com o meu marido falando firmemente que não vai a lugar nenhum.

Idealmente, não gostaria de me mudar de Angra. Minha família está aqui, minhas amigas e logo meus sobrinhos. E isso é de certa forma egoísmo, porque a família do Arthur está longe e ansiando pela volta dele. Claro que me mudaria com ele para qualquer lugar se fosse necessário, com tanto que estejamos juntos, todo o resto pode se resolver. Só é difícil me imaginar tão longe do que me é familiar.

- Esse longo silêncio não pode ser um bom sinal - Lu diz em um tom de brincadeira, mas posso ver sua expressão preocupada - Está acontecendo alguma coisa?

- Não é nada, adoro a família dele, inclusive já sou muito amiga da minha sogra. É só que eles estão tentando levar o Arthur para São Paulo desde o atentado que ele sofreu. - passo uma mão pelos meus cabelos angustiada só de lembrar esse momento doloroso - Arthur bateu o pé dizendo que nossa vida é aqui, mas me sinto egoísta por não considerar o lado deles. Estou perto da minha família enquanto a dele está longe, parece injusto e ao mesmo tempo fico feliz dele querer continuar em Angra. Não estou fazendo sentido, estou?

Luísa assente e parece considerar o que falei.

- Acredito que depois que casamos temos que pensar primeiro na família que estamos formando. Arthur parece ter suas prioridades bem definidas, então acho que você não devia se sentir culpada por ele escolher ficar aqui. E quanto a família dele, bom, eventualmente vão ter que entender que ele agora tem sua esposa para considerar.

MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora