Engulo em seco. — Acho melhor eu não ir, Hanna... 
— Jimin disse que está com saudade de você, Jungkook. — Levo a mão até o peito, assustado com a velocidade absurda que meu coração bate. — Ele está com saudade, meu Deus!
É como se a ficha dela estivesse caindo. 
— Ele não está bem — digo, sentindo ele quebrar em mais mil pedaços. Cacete, Jimin sente a minha falta. — Ficar com ele vai piorar. 
— Jungkook. — Ela parece um pouco frustrada agora. — Ele não vai melhorar. Você ficar perto dele ou não, não vai mudar nada. Ele vai morrer. Só não... perca tempo, tá? — Mordo o lábio inferior com força. — Vai se arrepender depois por não ter passado mais tempo com ele.
Eu não digo nada. Não apenas porque não tenho nada para dizer mas porque não consigo. Há um bolo que me impede de falar. Me deixa, inclusive, agoniado.
— Eu vou... desligar. Não posso ficar aqui, mas não quero deixá-lo sozinho. Vem, por favor. — É um imploro. Eu acabo fechando os olhos com mais força quando nada sai da minha boca. 
Então escuto um suspiro desapontado da garota.
— Obrigado por não mentir para mim. Até mais, Jungkook.
É a única coisa que diz antes de encerrar a chamada.
Fica um silêncio ruim depois disso, é uma sensação que se iguala a solidão. Eu já me senti sozinho mais vezes do que posso contar na vida, não quero voltar a sentir outra vez. Só que está tudo tão quieto e parece faltar pouco para escurecer, além do fato de não ter mais ninguém no quarto comigo.
Nem meus gatos.
Quando tomo coragem e desço, enfim chego a conclusão de que sim: eu estou sozinho.
Namjoon não está mais aqui.
Mas Milk e Coffee estão. Estão brincando no arranhador que comprei meses atrás. São cinco e vinte da tarde, falta pouco para o anoitecer, e me pego sem saber o que fazer, ou para onde ir.
Não quero ficar sozinho, não quero perturbar Namjoon e ao mesmo tempo que quero me fundir a Jimin, quero me manter longe dele; porque sei que vou machucá-lo.
— Céus... — solto, passando as mãos no rosto.
"Só não perca tempo, tá? Vai se arrepender depois por não ter passado mais tempo com ele."
— Tsc!
Desencosto da mesa da cozinha e subo os degraus correndo, sendo rápido em me aprontar, pegar a carteira e o celular, e rumar para a casa luxuosa; mas não sem antes checar se tudo está no lugar e bem, mesmo que eu não tenha ligado o fogão nas últimas horas.
Já é noite quando chego e o interior da casa só não está num total breu por causa da televisão enorme pendurada na parede da sala que está ligada. Jimin está deitado no sofá branco e a cabeça dele vira lentamente para mim quando nota a minha presença.
— Oi, meu amor — digo e recebo um sorriso fraco.
— Você veio... — Seu tom de voz é manso.
— Como você está? — Deixo as coisas de lado antes de ir, de fato, até ele. 
Me sento na beirinha do estofado, ao lado do corpo coberto apenas por uma calça social – provavelmente a mesma que usou mais cedo para ir ao vinhedo –, e tiro os fios loiros da testa ao passar uma das mãos pelo rosto bonito.
— Bem, eu acho. — Segura meu pulso quando aliso a bochecha dele. O toque dele em mim é tão suave quanto o meu no rosto dele. — Senti saudade, Sr. Jeon, e descobri que não gosto de sentir a sua falta.