-030- 𝐡𝐨𝐥𝐞 𝐢𝐧 𝐭𝐡𝐞 𝐞𝐲𝐞𝐬

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Pai ? Adel o encarou percebendo algo estranho nos olhos dele, olhos profundos e escuros, fixados nela e ao mesmo tempo ao nada.

Novamente Adam puxou o ar de seu pulmões, como se ele não estivesse respirando por longos minutos ou pelo menos foi isso que sua mente queria que ele acreditasse. Ele se aproximou lentamente de Adeline e a puxou para seus braços, apertando com força querendo fundir o corpo de sua filha ao seu ou pelo menos ouvir seu coração batendo.

Você precisa fugir disse, segurando o rosto dela e afastando algumas mechas do cabelo que caía sobre seus olhos Qualquer outro lugar, eles não podem achar você. Eu vou te proteger mesmo que eu envelheça, eu vou te proteger ━ ele repetiu. Era visível o medo e desespero em sua voz.

━ Pai! ━ Adel aumentou seu tom de voz, colocando suas mãos nas de Adam que segurava seu rosto ━ Eu estou bem. O que está acontecendo com você?

━ Adam ━ Alma colocou as mãos nos ombros dele e puxou para perto. Ele soltou o rosto de sua filha e olhou para a mulher com as mãos trêmulas ━ O que viu? Que visão você teve?

━ Visão? o que estão falando? ━ a garota perguntou franzindo a testa, confusa, olhando para seus pais.

━ Adam é vidente, essa é a peculiaridade dele ━ explicou a srta. Avoncet levantando-se do sofá ━ E é perceptível que o que ele viu, não era nada bom ━ ela pegou nas mãos do homem e o guiou até o sofá para que ele se sentasse. ━Venham querido, me conte

━ Saiam da sala crianças ━ Alma ordenou. Seu semblante ficando sério e seus olhos azuis gélidos se tornaram assustadores, daqueles que ela dava quando repreendia alguém.

Todos obedeceram fechando as portas duplas após deixarem o cômodo, assustados com o que o futuro reservava para eles, eles tinham certezas que desta vez nada se repetiria. Adel se mantinha como um fantasma e em meios aos outros, pensando nas palavras de seu pai e na visão que ele teve. Uma visão sobre ela. Uma visão que para ele ter agido daquela forma, algo de ruim iria acontecer com ela se não fosse embora da ilha.

Ela sentiu uma aura pesar sobre seus ombros, um cheiro familiar e uma força de adrenalina percorrer por suas veias. Adeline já havia sentido essa sensação há muitos anos de forma frequente, principalmente quando servia ao exército. Morte. Alguém havia morrido. Mesmo com tantos anos, ela nunca havia se esquecido de como era sentir aquilo, então, saiu às pressas do orfanato para atravessar a fenda e vê com seus próprios olhos.

Nenhum zumbido dos geradores de energia soava pela ilha no outro lado da fenda, então obviamente passava das dez. O céu estava escuro acompanhado por uam leve chuva. Correndo pela ilha tomando cuidado para não escorregar na lama, Adeline seguia seu instinto e o cheiro fúnebre da morte. Não tinha tempo para parar e pegar sua besta no hotel, se a morte que sentia foi responsável por um etéreo ou acólito, ela iria matá-lo com sua umbracinese.

Adeline parou em frente ao museu, as portas estavam entreabertas e uma luz amarelada brilhava no fundo. Ela empurrou uma das portas e adentrou no local, sentindo aquela sensação aumentar, atraindo ela. Seus olhos percorriam pelos objetos em exibição arrumados em grandes armários e abertos na frente, alinhados contra as paredes e diversas velas espalhadas pelo local.

Então a garota parou de frente a um cena sangrenta, uma enorme criatura de carne podre escura como carvão em sua estrutura encurvada. Sua boca enorme, aberta de modo grotesco, liberando uma massa de línguas compridas. Um etéreo. Diferente de outros peculiares, Adel conseguia vê-los perfeitamente, sua fisionomia fazia seu estômago embrulhar mas ela não podia ficar parada sem fazer nada.

──𝐏𝐄𝐂𝐔𝐋𝐈𝐀𝐑𝐈𝐓𝐘 | Enoch O'connorOnde histórias criam vida. Descubra agora