10 Charlie

                                    

                                          
Ontem foi um dia diferente, começou com Liliana acordando todo o prédio com suas cobranças sem sentido. E terminou comigo deitado na cama pensando incessantemente em Céci. 
Ela tinha sido muito legal com meus amigos e não se ofendeu com nenhuma pergunta do chat, pelo contrário, ela contornava a situação muito bem. O que começou com comentários complicados com muitas farpas do chat, terminou com as pessoas falando que ela era fofa e carismática, e que era para aparecer mais vezes. 
Ela causava isso em todos que a viam, era como sol.
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Passamos a semana em um clima ótimo. Fomos a entrevistas, fiz uma seção de fotos, passeamos, assistimos filme, fiz uma filmagem para um comercial de óculos, tudo em companhia de Céci. Ela também fez mais duas lives comigo e com os garotos, que foram um sucesso. 
Eu e os meninos organizamos algumas postagens que eles queriam que eu fizesse. Até fofoca envolvendo a FIA Russel me pediu. Eu já não precisava postar nada meu e de Céci, os outros já estavam comentando nossa relação sozinhos, os próprios fãs tiravam fotos, printavam a tela, faziam cortes das lives. Tudo nosso virava notícia.
Era domingo, amanhã Céci iria embora, não foi difícil convencer fred, já que minha mãe fez questão de ligar para ele. 
Bati na porta de Céci.
- Acorda raio de sol, precisamos ir para o barco. - Disse avisando. 
Ela não respondeu. Bati novamente. Então abri. Ela estava com a almofada na cara. Eu a puxei pelo pé, e ela acordou assustada, e se debateu quando me viu.
- Leclerc me solte! - Deu um grito de leve. 
- Vamos temos que ir. - A puxei e ela caiu de bunda no chão, ela ria histericamente. 
Fui passar para o outro lado, mas tropecei em sua perna e caí para frente com a cara quase colada na dela. Nós dois riamos. Até parar repentinamente, pois seus olhos estavam vidrados nos meus, ela recuperava o fôlego e eu também. 
Durou pouco, então ela limpou a garganta.
- Não podemos nos atrasar.
- Sim, claro, minha mãe não gosta de atrasos. - Falei levantando. Estendi a mão para ajudar-la e a puxei.
- Consegue ficar pronta em 10? - Questionei não sabendo o que fazer com os braços. 
- Sim, consigo. - Ela sorriu desconfortável. 
- Vou estar no carro.
Ela acenou com a cabeça. Eu precisava ir para o carro e me recompor. Os olhos dela me deixaram zonzo, a luz que antes estava me ajudando a enchergar, tinha me cegado. Era uma sensação que eu nunca tinha sentido.
Eu tinha um problema. E tinha nome. Mas escolhi não aceitar, ficar em negação e seguir em frente, como se nada tivesse acontecido. Ela desceu em 7 minutos. Entramos no carro e fomos em silêncio até a marina. 
Lá estáva minha mãe, acenando loucamente da proa do iate.
Rimos e fomos até lá. Ao entrar ela veio direto abraçar... CÉCI. 
- Meu anjo, como está! - Perguntou para a garota. 
- Estou bem Pás.- Respondeu. - E você?
- Radiante querida, uma pena já estarmos em clima de despedida...
Não é Charles. 
- Sim, é uma Pena. - Respondi com o olhar desafiador de minha mãe focado em mim. Ela me abraçou. Então Arthur desceu para onde estávamos.
- Maninho. - Exclamei. 
- Charles! - Nos cumprimentamos com um soquinho.- E... Céci, certo? - Perguntou o caçula.
- Sim, é um prazer te conhecer Arthur. - Ela sorriu simpática. 
- Vi as lives de vocês... Foi bom ver aquele volante ser bem usado pela primeira vez... - Provocou me olhando. Rimos e dei um tapinha na parte de trás da cabeça do mais novo.
- Vamos lá em cima, vou te apresentar para a família de Lorenzo.- Minha mãe falou puxando Céci pela escada.
Fui pegar meu óculos que tinha deixado no carro. Quando voltei comprimentei meu irmão mais velho e sua esposa Lara.
- Cadê minha princesa? - Questionei.
- Está lá em cima. - Disse Lorenzo. 
Subi animado para ver minha sobrinha. Quando cheguei na parte superior do iate, me deparei com Sofie no colo de Céci, elas estavam olhando para o mar e Céci apontava e "conversava" com a bebê. Fique vidrado na cena.
Então percebi que minha mãe me encarava sorrindo. 
- Cadê minha princesa? - Falei quebrando o silêncio.
As duas viraram em minha direção e a bebê abriu um grande sorriso banguela. Andei até elas e Sofie quase pulou em meus braços. A beijei e apertei suas bochechas. 
- Ela adorou Céci, pediu colo instantaneamente. - Disse Lara ao aparecer no segundo andar. 
- Só mesmo o titio Charles para tirá-la do colo de Cécile. - Acrescentou minha mãe.
Conversamos mais um pouco, então fui sentar para brincar com Sofie, mas ao nos afastarmos de Céci ela resmungou.
- Eu acho que ela quer que vocês fiquem juntos... Quer que brinquem com ela, juntos. - Minha mãe falou, mas pude sentir sua indireta.
Sentamos no sofá da ponta do iate, que já havia saído da Marina. 
- Pensa em ser mãe, Céci? - Perguntou mamãe.
- Sim, é meu maior sonho. - respondeu Céci. 
- É o maior sonho de Charles também...
Ela nem disfarçava mais.
- Ser mãe? Charles, lamento te informar mas...- Arthur falou com humor.
- Não seja bobo Arthur! - Pascale o advertiu.- Olha que vista linda! Deixe-me tirar uma foto de vocês 3. - Mamãe pegou o celular. - Céci chegue mais perto por favor. 
Foi o que a garota fez. O clima era estranho, mas eu estava bem com aquilo.
- Ficou linda! Vou mandar para Charles postar. - Foi o que ela fez, me perseguiu até eu postar a foto no perfil.
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Nós almoçamos, conversamos e nadamos. Então quando sai da água, minha mãe estava sozinha.
- Uma pena ela ir embora amanhã não é? - Perguntou. 
- Sim, foi legal tê-la lá em casa. - Disse normalmente. 
- O que aconteceu? - Pascale falou levantando as sobrancelhas. 
- Como assim mamãe? 
- Este clima estranho entre vocês, bem, da sua parte era um pouco visível, mas ela também está estranha Hoje.
- Clima? Pare de criar fanfic na cabeça dona Pascale. - Ela me olhou com aquele olhar de mãe, aquele que intimida. - Nós só estávamos brincando, e acabamos invadindo um pouco o espaço pessoal um do outro. Mas foi só isso. - Expliquei. 
- Sabia, vocês se gostam. - Disse animada. 
- Claro que gosto dela, como amiga, assessora... 
Então a garota apareceu em nossa frente. E começou a tagarelar sobre tudo, sobre a água, a temperatura, tudo. E por mais que eu não quisesse dar mais motivos para mamãe, não pude deixar de abri um sorriso ao adimira-la.