03. big bad wolf

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SE NÃO FOSSE por Catherine, a sala comunal da Grifinória estaria completamente vazia. Eram quase onze horas e todos já haviam se recolhido para dormir: as luzes, com exceção da lareira no canto mais distante do cômodo, haviam sido apagadas e não havia um único som no ambiente que não fosse o leve crepitar das chamas. Cat, porém, não se importou em voltar para o próprio dormitório. Não, ela possuía uma missão e pretendia levá-la até o fim, apesar dos olhos pesados e os bocejos ocasionais que dava.

Encolhida contra uma poltrona, ela esperava os Marotos aparecerem. Eles já haviam sido pegos escapulindo dos quartos e vagando por Hogwarts mais vezes do que Cat conseguia contar, portanto, lá estava ela, esperando que eles o fizessem naquela noite e a levassem direto para Remus. Pela conversa que escutara mais cedo naquele dia, não havia dúvidas de que eles planejavam fugir do castelo para sabe-se lá onde, e, embora eles estivessem demorando um pouco até demais para aparecer, Cat mantinha as esperanças. Não havia outra passagem para fora da Torre da Grifinória a não ser a porta principal, pelo que Cat sabia. Eles provavelmente iriam usá-la. Só podiam usá-la, não?

Ela só esperava que fosse logo, pois Merlin sabia como ela estava cansada. As últimas duas noites não haviam sido bem-dormidas e a menina passara a tarde inteira deixando que a ansiedade a consumisse. Entre isso e bolar um bom plano para seguir os Marotos sem ser percebida, ela não havia descansado muito, e agora suas pálpebras pesavam. Cat piscou para afastar o sono, e só percebeu que havia fechado os olhos por alguns instantes quando sentiu a cabeça pender para frente. Ela voltou para o lugar, retesada e alerta; a verdade era que a poltrona era tão confortável que em nada lhe ajudava a se manter acordada.

Cat suspirou, imaginando quanto tempo mais aguentaria ficar daquela maneira, até que ouviu passos. A menina olhou por cima da poltrona, avistando, à pouca luz, três figuras descendo a escadaria que levava ao dormitório masculino. Cat sentiu o sangue praticamente acender, suas células se eletrizando com a adrenalina que corria por suas veias agora. Não estava nem um pouco com sono agora. O momento havia finalmente chegado, e ela estava pronta para agir.

Por puro instinto, a jovem encolheu-se contra a poltrona para se esconder. Não que qualquer um fosse vê-la. Ela havia lançado sobre si mesma um Feitiço de Desilusão, que agora a camuflava ao seu entorno. Havia bruxos experientes, tal como o próprio diretor Albus Dumbledore, que conseguiam se tornar completamente invisíveis ao usar o encantamento — Cat nem ao menos sonhava em atingir tal feito em sua idade de quinze anos, então contentava-se em mimetizar as habilidades de um camaleão e passar despercebida em meio ao ambiente.

Assim, ela observou os Marotos se dirigirem para a saída da Torre da Grifinória e os seguiu, tomando cuidado para não fazer nenhum barulho. Os rapazes estavam sérios, ela reparou — nem um pouco falantes ou risonhos como ela imaginou que eles estariam ao sair pela noite, o que a fez ponderar se Remus estaria em apuros. Será que ele estava machucado, doente? Ela balançou a cabeça na tentativa de ignorar os pensamentos. Não importava agora, e ela estava prestes a descobrir de uma maneira ou de outra.

Cat acompanhou os garotos pela saída, substituindo o ambiente acolhedor da sala comunal pelos corredores escuros de Hogwarts. Não demorou para que a escuridão se iluminasse com um Lumos, vindo da varinha de Pettigrew; Catherine manteve-se nos limites da luz, alerta para não se revelar sem querer, e os seguiu por alguns minutos pelos corredores até uma estátua de um cavaleiro segurando sua espada para baixo. Após James sacudir a varinha, a estátua se arrastou para o lado silenciosamente, revelando uma passagem onde havia estado outrora.

Os Marotos atravessaram para o túnel secreto, e Cat precisou se apressar antes que a estátua voltasse para o seu lugar e a deixasse presa. Dessa forma, ela encontrou-se a alguns metros dos rapazes em um corredor ainda mais escuro que o anterior: ele era estreito e possuía um cheiro úmido e antigo, com goteiras pingando pelas pedras e teias de aranha a cada passo. Era quase claustrofóbico, e Cat encontrou-se segurando a respiração com ansiedade por praticamente todo o trajeto.

✓ | CURIOSITY ━ remus lupinOnde histórias criam vida. Descubra agora