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29/03
2017

Eren Yaeger
23:57

Meus braços tinham dores musculares por sua extensão, mas não pelo esforço,  mas pela ansiedade que corria minhas veias e paralisava meu corpo.

Há dois dias, meu pai e minha mãe deixaram eu e Armin em uma casa de férias junto de alguns seguranças, para comemorar meu aniversário. E como sempre, Grisha estava muito ocupado para ficar conosco o tempo todo, e minha mãe dizia que se ele ficasse sozinho na nossa casa, não saberia se cuidar.

O combinado seria de que os dois viessem na manhã do dia 29, mas o que aconteceu foi bem diferente disso.

Encarei de volta meu pai, que estava curvado em minha frente, com uma expressão quase idêntica à minha.

Seus joelhos foram ao chão e seus braços me envolveram em um abraço rápido e apertado. E quando meu campo de visão finalmente se abriu e eu percebi que na entrada da casa havia apenas um homem bem vestido, com óculos escuros e cabelo bem arrumado, deduzi ser o segurança de Grisha.

– Eren. – Sua voz chorosa chegou em meus ouvidos rapidamente. – A gente não conseguiu.

Eu havia dito, mas ninguém me escutou. Os Marleyanos são muito mais fortes do que a nossa gente e isso era nítido, mas ninguém quis ouvir o “aborrecente” de 14 anos.

– Não sobrou ninguém? – Pergunto baixo, ainda impactado com a notícia. O mais velho demorou alguns segundos para me responder, provavelmente pensando em alguma desculpa ou mentira.

– Sobraram alguns recrutas após o recuo dos Marleyanos. – Ele se afastou do abraço, e então notei seus olhos marejados e semicerrados. – Eren, você tem que ser bem forte agora…

Meus olhos percorreram o nosso arredor, e então percebi um detalhe fatal. Era para que Carla tivesse vindo junto do meu pai também…

Não.

– Cadê… a mãe? – Perguntei, com a garganta ríspida e os olhos embaçados pelas lágrimas que teimaram em cair. – Pai, cadê a mãe?

Seus braços me envolveram de novo e eu desabei internamente. Minhas mãos agarraram minha blusa em sua bainha, tentando transportar minha dor para ela.

Não. Isso não aconteceria comigo, isso não aconteceu comigo.

– Por quê…? – Perguntei baixo e oscilado, sentindo aquela angústia corroendo minha cabeça e meus órgãos. 

Era como se fechassem minha garganta em palavras, de lamentações e dores passadas. Ela não…

– Porque no mundo em que nós nascemos, eles nasceram também. – Eu até faria esforço para entender o que o homem estava falando, mas o badalar do relógio acima da porta me chamou mais atenção.

00:01
30/03

Já era meu aniversário.
E aquele tinha sido meu presente de aniversário.

Hoje.

Abri meus olhos lentamente, sentindo uma presença a mais na sala. 

– Eren? Como você tá? – A voz de Armin chegou suavemente em mim, o que me deu um certo alívio.

– Eu levo um tiro e você me pergunta como eu estou? – Falo, já completamente desperto, mesmo que com um pouco de sono.

– Perfeito, tá ótimo. – Qual é a desse cara?

Ainda estava levando um tempo para raciocinar como que as coisas estavam acontecendo e quanto tempo havia se passado.

Até que as balas nos separe - Eremika.Onde histórias criam vida. Descubra agora