Durante a noite, um dia antes do retorno do Miyagi-Do, os três senseis e Amanda se reuniram no escritório da concessionária para resolver o que iriam fazer.
- O Cobra Kai dominou a nossa região. - afirmou Daniel. - Agora todo mundo só quer saber do caratê Cobra Kai. O caratê do Terry Silver.
- Novos dojôs, novos senseis. - disse Amanda. - Nós estamos voltando pra luta, mas o Cobra Kai nunca parou.
- Se continuar assim, tudo que fizemos terá sido em vão. - completou Johnny.
- E a cada dia que passa, a Cobra fica mais poderosa. - concluiu Chozen. - E devora tudo que vê pela frente.
- Tem alguma coisa rolando lá. Chegou a hora de agir. Se não as crianças da região serão obrigadas a escolher.
- Entre ficar com o Cobra Kai ou sofrer as consequências.
Daniel colocou mais uma peça sobre o pequeno mapa na mesa.
- Ele abriu mais um dojô hoje, em Toluca Lake. O Silver ta dividindo e conquistando.
- A gente vai ter que fazer o trabalho sujo. - disse Lawrence. - Expor os podres que o Silver tem. Ele tem algum amigo?
- Nós já tentamos essa jogada e não deu muito certo.
- A gente tem que fazer alguma coisa, esse cara ta dominando a região.
- O Silver quer mais que essa região. - afirmou Chozen.
- E seja lá o que ele esteja planejando, ta escondendo muito bem.
- Olha, eu acho que alguém pode saber. - murmurou Amanda. - Alguém que conhece bem o Silver.
- Você ta pensando o que eu acho que ta pensando?
- Nem ferrando.
- Pra vencer o monstro vamos precisar de outro monstro.
- Eu posso ser o monstro. - avisou Chozen.
- Eu aposto que você daria um ótimo monstro. Mas, nesse caso, só tem um monstro que vai servir.
-Não. O Kreese ta preso e espero que em um buraco bem escuro. Me recuso a rastejar até ele.
- A gente jamais teria essa conversa se não fosse pelo desespero. Kreese pode ser a nossa melhor arma se ele apontar na direção certa.
Logo pela manhã do dia seguinte, todos estavam reunidos novamente no Miyagi-Do. Ninguém fazia ideia de como seriam os treinos agora, com a presença de três senseis no mesmo dojô, mas era evidente que todos estavam animados. Mas, enquanto o Miyagi-Do acabara de voltar com os treinos diários, o Cobra Kai avançava cada vez mais na sua missão de se expandir pela região. Mais dojôs haviam fechado e recebido um novo dono, Terry Silver. Além disso, cada vez mais alunos passavam a aprender o método do punho, o que, para Akemi, era o maior problema que estavam enfrentando agora.
A garota não estava conseguindo dormir bem desde que recebera a notícia. Chozen, entre os três senseis do Cobra Kai, era o único que sabia exatamente os problemas que o método do punho podia causar. Daniel, por mais que soubesse do que se tratava, não observava isso com tanta atenção. Era nítido que o seu foco atual era derrubar Terry Silver. Johnny, entre os três, era o que menos fazia ideia do que estava se aproximando. Ele acreditava firmemente que tudo poderia ser resolvido com um nunchaku, mas Akemi não tinha certeza se ele venceria uma luta armada com um sensei que soubesse o método do punho.
As coisas ainda não haviam piorado, mas a garota sabia exatamente do que se aproximava. A pior tempestade de todos os tempos. E, enquanto os três senseis bolavam planos para destruir o Cobra Kai, ela se pressionava cada vez mais para se tornar o pior pesadelo que os alunos de Silver conhecessem, porquê em hipótese alguma, deixaria seus amigos correrem perigo por causa do método do punho.
- Akemi, você tá batendo nesse saco de pancadas a uns trinta minutos. - comentou Demetri. - Seja lá o que aconteceu, ele não tem culpa.
- Ele chega a estar amassado. - disse Falcão, cruzando os braços e franzindo as sobrancelhas enquanto observava a garota aquecer. - Aí, você vai ficar cansada desse jeito.
- Vocês deveriam estar treinando também. - ela murmurou, sem parar de bater. - Não fazem ideia do que está por vir.
- Se você não nos contar, fica mesmo difícil sabermos o que é. - retrucou Falcão.
Ela parou, pegando a garrafa de água que Demetri segurava e bebendo. Miguel se aproximou deles, alongando o braço. Eli foi o primeiro a dizer algo:
- Então, você e a Samantha voltaram pro dojô, vai pra cima, hein?
- Só se for no caratê.
- Fala sério, eu te vejo olhando pra ela.
- Achei que tivessem resolvido manter uma relação platônica. - disse Demetri.
- É, ela resolveu. - murmurou Eli. - Ele não.
- Bom, você sabe o que dizem, coloca uma caixa de fósforo perto de fogos de artifício e boom, o negócio pega fogo.
- Quem diz isso? - questionou Akemi, franzindo as sobrancelhas.
- E algo me diz que em breve teremos muitos fogos estourando. - concluiu Demetri, os olhos fixos na pessoa que acabara de chegar.
Falcão reclamou assim que o viu:
- Não acredito que esse otário ta na nossa equipe.
- Relaxa, tá bom? - pediu Miguel. - Ele quer a mesma coisa que a gente. Vai dar tudo certo.
- Eli, vê se dá uma chance pra ele, tá legal? - pediu Akemi. - Por mim.
Um assobio alto e agudo chamou a atenção deles antes que Eli pudesse responder a amiga. Rapidamente os adolescentes pararam as conversas e os alongamentos, se aproximando de Chozen, que os esperava no deck de treino. No caminho até ele, Akemi desviou para falar com Robby, dando um selinho no garoto. Depois, pararam em frente ao deck, esperando por Chozen, o grupo inteiro confuso.
- Cadê o meu pai e o Johnny?
- Eles não vem. Hoje, o treino é comigo!
Akemi não podia evitar sorrir com a versão sensei de Chozen. Essa era, como sempre, uma personalidade que ele fazia de tudo para transformá-la no mais medonha possível.
- Kiotsuke! - ele gritou, esperando que os alunos respondessem sem comando no mesmo instante. Por outro lado, apenas Akemi se mexeu, enquanto o restante dos adolescentes olhavam confusos um pro outro.
- Atenção! - traduziu Akemi.
Rapidamente, todos imitaram sua posição.
- Ni rei! - gritou Chozen, revirando os olhos quando Akemi foi a única a cumprimenta-lo.
- Cumprimentem. - pediu a garota, tendo a impressão de que estava prestes a se tornar a tradutora oficial de Chozen.
- O Cobra Kai tá ganhando espaço. - começou Chozen. - Temos que nos preparar. Venham.
Ele caminhou até o centro do deck de treino, sendo seguido pelos alunos.
- Agora nós vamos estudar o yanbaru kuina.
- O que é isso? - perguntou Cris. - Um golpe secreto de caratê? Rasga a garganta?
- Não. Pássaro. - Aqui chamado de trilho de Okinawa. Está em extinção. Não pode voar.
- Por isso que tá em extinção. - murmurou Demetri.
Toguchi tirou o pano que cobria uma fileiras de ovos, deixando a vista dos alunos.
- Esses são os ovos do pássaro? - perguntou Miguel.
- Não. Ovos comum. Lá do mercado. Peguem os ovos..
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.Desculpem pelo atraso dos capítulos semanais, estou viajando e fiquei sem tempo pra postagem.
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Sol & Lua - Cobra Kai - Livro 2
Teen FictionEssa história é a continuação do livro "Sol & Lua - Cobra Kai - Livro 1". Não dá pra ler essa história sem ler a outra antes. Sinopse do Livro 1: Uma mudança repentina de país fez com que Akemi tivesse que se adaptar a um novo local. Vizinha dos L...