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𝒢𝑎𝑛𝑎

--- Puta merda, Trevor! – Observo o garoto receber um gancho certeiro no ringue. --- Esqueceu como se bate?
--- Vem sentir o gosto desse soco aqui, vai que você gosta.
A resposta do menino fez alguns rapazes rirem.
--- Deixe-o em paz, Gana.
Thomas toca em um de meus ombros.
--- Trevor não está concentrado, cara. Ele não apanharia facilmente assim em lugar nenhum.
Falo sem tirar os olhos do ringue.
--- Realmente. Vou conversar com ele.
Observo Trevor sair de perto dos caras, estressado, e vejo Thomas ir atrás dele.
Esse garoto é problemático. Gosto dele.
Me sento em uma das cadeiras vazias, e observo a academia.
Uma música, qual eu não entendo nada, ao fundo, vários homens e mulheres treinando em alguma parte do lugar. Algumas pessoas observando, assim como eu.
O lugar era grande, e confortável. J tinha um bom gosto, afinal.
--- Ei, Gana! Vamos. Venha me ensinar uns truques.
Vejo Simon subir no ringue em minha frente. O rapaz tinha um grande sorriso em seu rosto.
Iludido.
--- Você sabe que eu não luto. Ou eu posso acabar te matando.
Pisco para Simon, que somente ri e inicia seu treino.
Depois de um tempo, me levanto, cansado de ficar aqui sem fazer nada e saio da academia.
Ao passar pelo portão, noto um homem parado do outro lado da rua me observando.
E isso era muito suspeito. Talvez seja de alguma ganguezinha próxima. 
Esse magrelo desgraçado não está interessado em coisa nenhuma daqui, mas sim em mim.
Decido atravessar a rua, para ver qual sua reação, e assim que piso na rua, o homem se vira e sai correndo.
--- Ei! – Grito.
O homem continua correndo por vários metros comigo correndo atrás dele 
Esbarro em algumas pessoas no caminho e acabo perdendo ele de vista.
--- Porra! 
Paro em uma rua, que eu conheço muito bem. Minha casa está somente alguns metros daqui!
Respiro pesado, tentando recuperar meu fôlego, enquanto olho em volta, procurando sinal do cara.
Vejo uma pessoa caída próximo a mim, e chego a conclusão de que provavelmente o cara que estava me observando foi quem a derrubou.
Me aproximo dela, na intenção de ajudá-la.
— Está tudo bem? – pergunto a mulher, que já tinha se levantado.
Noto que ela estava me observando bastante, e não deixo de fazer o mesmo.
— Está sim, obrigada.
Ela era... Vamos dizer, muito agradável de se olhar.
Uma mulher muito bonita por sinal.
Seu corpo curvilíneo estava lindo na roupa que ela usava. Uma calça jeans rasgada e uma blusa preta, com um decote generoso. Nunca vi roupa tão simples, deixar alguém tão espetacular.
Ainda a observo, enquanto ela se limpa. 
Ela olha os braços algumas vezes e vejo que contém alguns arranhões.
Maldito filho da puta!
Quem era aquele homem? Quem o mandou?
--- Preste atenção na próxima vez. - Falo pra ela, que novamente me encara com seus olhos castanhos hipnotizantes.
--- Eu prestar atenção? Aqui não é pista de atletismo não, é uma calçada!
Foda-se também.
Me viro e faço meu caminho para ir para casa, deixando a mulher lá murmurando sozinha.
Estou preocupado com o que acabou de acontecer.
Não é a primeira vez que acontece.
Aproveito para mandar uma mensagem para Thomas. Avisando o que tinha acontecido, para ele ficar atento.
Ao entrar em minha casa cuidadosamente, vendo se tem mais alguém brincando de cuidar da minha vida, me jogo no sofá.
Coloco minha pistola sob minha coxa esquerda, e coloco as mãos por cima dela, por precaução.
--- Cara, você tem mais informações? – Pergunto, assim que Marco atende.
--- É... Olá pra você também.
Reviro os olhos, esperando ele responder o que eu perguntei.
--- Eu não tenho mais nada pra você, ainda. A última vez que encontrei, foi a data e o lugar que te passei.
--- Ok. - desligo a chamada.
Estou pouco me fodendo pra me despedir ou cumprimentar alguém agora.
Eu nunca vou poder descansar até encontrá-lo! Eu não morro sem antes ter seu sangue em minhas mãos. Meu único objetivo de vida é e sempre vai ser matar ele. 
Matar alguém no qual um dia eu chamei de pai.
Somente quando isso acontecer, encontrarei minha felicidade, e poderei morrer em paz.