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Sofia's Point of View

Eu havia acordado aquele dia numa tremenda ressaca, moral e literal. Quando despertei "no meio da madrugada", estava completamente nua com Dove Cameron, minha maldita assistente, aconchegada em meus braços como se eu fosse o melhor travesseiro do mundo.

Era óbvio que eu lembrava de tudo. Era mais óbvio ainda que eu não me arrependeria de nada, se fosse qualquer outra mulher ali. Talvez eu não ligasse a mínima para o fato de ser a Dove, se a mulher não fosse minha subordinada. Eu só podia estar perdendo o juízo de vez. Transas casuais são problemáticas, mais ainda quando acontecem com alguém próximo. Eu simplesmente surtei e não soube o que fazer além de arrumar a bagunça e correr daquele quarto. Mas não consegui voltar a dormir depois que a realidade me deu um soco no estômago, e acabei entrando no modo automático. Talvez no automático até demais, levando em consideração que eu havia levado a mulher ao café em que eu adorava e sempre ia com meus pais quando criança, eu sequer havia levado a Mia ali.

E agora? Estava atrás de um volante, com meu pai num monólogo infinito ao meu lado, enquanto Dove observava a cidade no banco de trás.

Eu havia sido uma perfeita babaca com ela em sair daquele jeito, em não falar nada, em voltar a agir como sempre. Mas eu não sabia o que fazer! Talvez o café da manhã tenha sido um pedido mudo de desculpas. Eu não saberia dizer.

– A McGrath falou algo, Cameron? — tentei lhe chamar atenção quando meu pai finalmente parou de falar para tomar um ar

– Sim, sim senhora, disse que dará andamento ao processo agora mesmo e a senhorita Jauregui também já entrou em contato, avisando que estava convocando uma reunião de emergência com os membros de confiança da diretoria para deixá-los a par de tudo antes da bomba explodir. Eu conversei com Booboo e o chefe de segurança, deixei bem claro que precisam tomar extremo cuidado e manter os olhos em cima do senhor James, porque as coisas provavelmente ficarão feias quando ele for intimado, e não podemos deixá-lo escapar.  — assenti e vi quando ela se perdeu novamente na vista fora do carro

– Você está mesmo aparentemente a par de tudo que se passa na empresa, minha jovem  — meu pai encarava o espelho retrovisor, na tentativa de manter contato visual com a loira, o que conseguiu já que ela lhe encarou de volta, receosa e confiante ao mesmo tempo

– Trabalho lá há alguns meses senhor, eu faço o melhor que posso no que minha função pede

– Aparentemente ganhou a confiança da Sofia, isso não acontece com frequência

– Ela não confia em mim senhor — ela disse sem hesitar e eu engoli a seco — mas confia no meu trabalho, acredito eu, o suficiente para me manter na função. Eu tenho um bom currículo afinal

– É?

– Bem, pelo menos foi o que a senhorita Melissa falou ao me entrevistar

– Ah a Melissa, saudades dela! Como têm passado?  —  ele me olhou mas como não respondi, Dove o fez

– Ela está bem, todas estão! Acredito que apesar desse "probleminha" a empresa está num momento excelente!

– De fato está.  — concordo

– Eu não tinha dúvidas que ficaria em boas mãos quando lhe deixei lá, você sempre foi brilhante. Ela não é brilhante, Dove?

– Sim senhor, ela é.  — novamente a loira não hesitou e eu precisei lutar com o reflexo de suspirar, a verdade era só uma: eu precisava me ocupar e tirar da cabeça os malditos flashes da noite passada, ou eu surtaria.

Dirigi ainda mais rápido o resto do caminho, e logo estava estacionando na frente da imensa residência de meus pais. Engoli a seco sentindo meu peito diminuir ao lembrar que a última vez em que eu havia estado ali, havia sido com ela.

The Woman That No One Knows | DofiaOnde histórias criam vida. Descubra agora