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Um amanhecer nunca foi tão belo quanto aquele.

Naquela manhã, Naruto abriu suas pálpebras com a preguiça costumeira. Foi ao se espreguiçar, que notou algo não muito comum, e ao se recordar do que se tratava, abriu um largo sorriso.

Virou-se de forma calma e contida, fazendo o máximo para evitar acordar Hinata. Era uma tarefa árdua, porque, ao vê-la tão tranquila e aconchegante ao seu lado, quis abraçar o corpo feminino. No seu peito, uma alegria descomunal se alastrava por todos os seus músculos, então, não conteve a vontade de acariciar a bochecha rosada, analisando aquele rosto angelical, com alguns fios do cabelo dela caindo sob a pele, num contraste fofo.

Bom, fofura não é bem um adjetivo adequado a se usar para caracterizar a noite passada. Ainda podia sentir os toques dela por todo o seu corpo, os beijos quentes que trocaram desde que chegaram ao apartamento, a ânsia por possuí-la da cabeça aos pés.

Em todos os seus anos de vida, jamais uma mulher despertou tanto interesse em si. Na verdade, tal palavra não é a melhor para usar, o certo seria dizer que Hinata estava despertando o melhor lado de Naruto aos poucos. Porque, desde que chegou em sua vida sem mais nem menos, exatamente tudo ao seu redor pareceu ganhar cor.

Por muitos anos o Uzumaki se viu num mundo onde todas as pessoas que conhecia pareciam odiá-lo. Onde ia, sentia os olhares atravessados e julgadores, uma aura extremamente pesada sobrepunha sua cabeça, os ombros parecia pesar toneladas e não sentia mais aquela vontade ardente de cantar em seus shows.

Nada fazia mais sentido.

Porém, aquele par de olhos perolados surgiu, e…como descrever a sensação de finalmente estar vivendo de novo?

Seria impossível descrever em palavras a forma que seu mundo girou completamente quando a Hyuuga entrou em sua vida. Esses últimos meses foram os melhores que poderia sonhar em ter.

Então, uma questão séria passou por sua mente. Ela já se abriu com ele várias vezes e, pelo que parecia, fazia isso com pouca frequência se tratando de quem não conhecia. Apenas a família e amigos mais próximos tinham conhecimento dos acontecimentos tenebrosos que a assolam por dentro. Ter ciência de tudo o que lhe acometeu, causa um grande rebuliço no Naruto. Seu instinto gritava para protegê-la, ao passo que um lado de sua mente também sabia que Hinata poderia fazer isso sozinha, por ter suportado tanto e ainda assim, não desistir.

Mas, havia também ele mesmo. Ainda não conseguiu expressar uma palavra sequer do seu passado a sua parceira de trabalho. Mesmo que ela o transmitisse segurança, ainda era difícil falar, parecia doer, tanto a mente quanto a garganta.

Lembrou-se das tatuagens dela.

Parou sua carícia em seu rosto, que inacreditavelmente, não a acordou, tirando um pouco o lençol que cobria o corpo, apenas a parte de cima. As pessoas fazem desenhos onde bem entendem, já ouviu relatos de lugares inusitados de outras pessoas sobre onde fizeram suas tatuagens. Saber que Hinata os tinha, pareceu uma ideia bem diferenciada da imagem que criou em sua mente.

Agora, sem toda aquela excitação da noite anterior, avaliou melhor. Os traços eram finos e delicados, a rosa possuía um cabo, os espinhos com certeza faziam parte. Haviam pétalas soltas, que pareciam estar voando para algum outro lugar. E, embaixo de toda aquela área, estava a cicatriz. Sutilmente, depositou seus dígitos ali, rente aos seios, no vão deles para ser mais preciso.

A pele reconstruída naturalmente devido ao processo de cicatrização era lisa, desalinhada, parecia fazer um zig zag. Ia até o começo da clavícula, mas não chegava ao pescoço. Se perguntou como não notou antes. Teria Hinata medo de mostrar aos outros? Direito ela tinha de esconder, mas o questionamento era inevitável.

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