Capítulo 1

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Lexa

O dia estava clareando e a comandante se preparava para ir até Polis, descansara a noite no acampamento de guerra mas precisava partir; agora que havia recuperado seu povo que estavam aprisionados na montanha ela precisava ir até a capital, haveria uma grande comemoração. Lexa estava prendendo a couraça da armadura quando Indra entra em sua tenda:
- Heda. - Indra faz uma reverência para a comandante.
- Tudo pronto para partimos?- a comandante pergunta.

- Sim, Heda, trago informações do nosso olheiro na montanha - as palavras de Indra são como um choque em Lexa, finalmente alguma notícia, ela faz sinal para Indra falar livremente. 

- A líder dos SkyPeople invadiu a montanha através das minas, ela matou a todos na montanha, agora estão todos em seu acampamento.

A voz da grounder estava cheia de surpresa e admiração velada, ela não admitiria em voz alta que estava orgulhosa da líder do povo do céu.
A comandante ficara surpresa com a notícia, Clarke havia matado a todos na montanha? Lexa sabia que matar inocentes não estava nos planos da sky girl. Qual seria o preço disso? A comandante se sentiu feliz por Clarke ter conseguido salvar seu povo e orgulhosa das escolhas da loira, um líder precisa fazer escolhas difíceis por seu povo, ela sabia muito bem disso. Um peso enorme caiu sobre seus ombros e ela mandou Indra se retirar, precisava ficar sozinha com seus pensamentos por algum tempo.
O que a deixava mais preocupada era não saber como Clarke estaria se sentindo. A garota do céu provavelmente culpava Lexa pelo ocorrido, se a comandante tivesse ficado para lutar elas teriam ganho a batalha do mesmo jeito, mesmo com algumas perdas em ambos os lados e ainda haveria vida na montanha. O que Clarke com certeza não entendia é que Lexa colocava seu povo acima de tudo, e o acordo foi uma maneira de salvar todo o seu povo sem nenhuma baixa e isso era tudo que importava. Pelo menos era isso que sua mente lhe dizia. Se foi o certo a fazer, por quê a comandante se sentia péssima? Ela sabia o porquê. Abandonar a loira de olhos azuis foi a sua escolha mais difícil. Foi a escolha certa para seu povo, mas não para o coração seu coração.

 Clarke

Clarke andou por horas a fio para encontrar um lugar onde pudesse descansar. Passou pelo bunker de Finn, mas decidiu que ali tinha muitas lembranças do cowboy do espaço, portanto seria estranho ficar lá. Ainda tinha um cadáver de um grounder lá dentro, definitivamente não era um bom lugar.
No fim, suas pernas queimavam e ela sentia seus músculos doloridos, o que era bom, a dor lhe dava outra coisa para pensar ao invés de ficar se martirizando. Clarke chegara a uma encosta, o lugar onde estava os destroços da nave Êxodos, e então Clarke se lembrou que havia outro bunker ali perto onde ela poderia encontrar algum abrigo ou lanterna. O bunker onde ela e Bellamy encontraram armas para lutar contra os grounders, parecia que muito tempo tinha passado desde então. O azul do céu já dava lugar a leves tons de amarelo e laranja e Clarke imaginava que tinha cerca de uma hora e meia de luz. Vinte minutos de caminhada depois, Clarke chegou ao bunker, pouca luz passava pela entrada e então a menina do céu teve dificuldades para ajustar a visão ao ambiente escuro. Quando achou que já tinha se acostumado com a escuridão, arriscou dar alguns passos para olhar em volta, tinha um lençol pendurado logo a frente onde ela e Bellamy praticaram tiro, e mais a frente tinham barris, meia duzia deles, todos vazios.
Era onde estavam as armas. Clarke suspirou. Armas eram o início e o auge de seus problemas. Armas e a natureza egoísta dos seres humanos. 
Deu mais alguns passos e virou num pequeno corredor totalmente escuro, já que a pouca luz da entrada não vai até lá. A menina voltou alguns passos e tentou se lembrar do que tinha naquele corredor. Prateleiras? Clarke pensou que haviam cobertores naquelas prateleiras. Bellamy não havia dito que Kane voltaria para pegar essas coisas depois? Decidindo que deveria tatear ao redor, Clarke voltou para o corredor e esticou os braços e ainda assim não conseguiu encostar nas duas paredes. Deu alguns passos até tocar em uma prateleira, apalpou toda a extensão da prateleira até o chão e não encontrou nada, deu mais alguns passos e encontrou outras duas prateleiras, uma vazia e a outra, Clarke sorriu ao tatear uma espécie de bolsa no último suporte da prateleira e voltou para a luz para analisar o conteúdo, a bolsa era leve e de um material que lembrava borracha. Clarke abriu a bolsa e encontrou pequenos bastões com um líquido dentro deles que brilhava quando era agitado, Clarke sorriu com a descoberta, já não estava mais no escuro, devia ter uns 15 dele lá dentro. Clarke sabia que eles não deveriam durar por muito tempo mas seriam de grande ajuda para ela, a menina não sabia como aquilo tinha durado por 100 anos, mas estava feliz que tivessem durado no final. Encontrou um canivete em um dos bolsos externos da bolsa e um esqueiro. Aquilo era uma mina de ouro. 

Esses bunkers foram projetados para proteger as pessoas durante o Cataclismo, mas a maioria das pessoas não chegaram a tempo. Devia ter mais alguma coisa que Kane não pegou nos armários. Clarke pegou dois bastões que começaram a brilhar quando ela torceu os dois, a luz suave que emanava do líquido fosforescente era suficiente para iluminar o corredor diante dela. As prateleiras estavam realmente vazias, no fim do corredor tinham armários e mais barris vazios, os armários estavam limpos e só os dois últimos deles estavam trancados, sem opções, Clarke pegou sua pistola e mirou no cadeado, torcendo para a bala não ricochetear e acertar nela, a loira se afastou alguns passos antes de atirar e estourar a fechadura, a porta do armário se abriu com um rangido, Clarke ofegou quando viu o que havia lá dentro: pistolas e facas de diversos tamanhos, pontas e munições. Isso poderia ser útil para a menina, então ela mirou no outro armário e o que tinha lá é que era realmente útil, cobertas e caixas com velas.

A menina pegou algumas cobertas e jogou na bolsa junto com algumas caixas de munição e velas e uma faca. Jogou algumas cobertas no chão e acendeu umas velas, fechou a portinhola do bunker e se sentou em sua cama improvisada, tirou as botas e sua jaqueta. Sentia-se tão cansada que seu corpo ignorou as necessidades como comer e beber. A fome e a sede também eram uma punição.
A menina olhou para a pequena chama bruxuleante da vela e pensou em como se sentia. Quando fechava os olhos via os corpos cheios de bolhas no salão de Mount Weather e a culpa vinha com uma força avassaladora. Clarke não podia deixar de pensar que se a comandante tivesse honrado a aliança que tinham feito, Clarke estaria com seu povo agora, comemorando a segurança deles, e as famílias inocentes de Mount Weather ainda estariam lá. Mas Lexa escolheu seu povo e abandonou os sky people para morrer, ela apenas se virou e foi embora. Simples assim. Era culpa dela, Clarke pensou, a culpa era da comandante que a levou a matar todos na montanha, afinal, que escolha ela tinha? Deixar a mãe ser morta? Deixar que a medula óssea de todos os amigos fosse seca para que o povo da montanha pudesse viver? Não. Ela não deixaria ninguém morrer, ela morreria por todos eles, era como Dante Wallace dissera:
Ela não merece a liberdade depois do que fez. 

Ela carregaria o fardo pelo seu povo.

E assim Clarke deixou que as lágrimas lhe escapassem dos olhos, que sua dor escorresse por seu rosto, ela abraçou os joelhos e chorou.

Commander and Princess (Clexa)Onde histórias criam vida. Descubra agora